A. Moniz de Palme (Ed. 719)

TO BE OR NOT TO BE – Acreditar ou não, eis a questão!!!..

A grande jornada de Fátima, com a presença do Papa Francisco, veio trazer à tona de água muitos problemas e dúvidas que afligem muitos de nós, em relação às convicções religiosas, e que naturalmente se encontravam a hibernar no fundo do coração de cada um. Vale a penar fazer uma pequena pausa para reflectir sobre esta matéria, e para tal começarei por fazer uma introspecção a mim próprio e às hesitações que fui tendo ao longo da minha vida.

Todos nós, nas verduras da juventude, ouvimos facilmente as sereias do extremismo, tanto da esquerda como da direita. E durante a nossa vida escolar e a evolução mental que a acompanha, sentimos a influência de estranhos princípios que não olham a meios para atingir os fins, ou melhor que advogam que os fins justificam os meios. Nem mais. Sedimentar e deglutir os conhecimentos que se vão acumulando na nossa cachimónia, é obra ciclópica e as tentações para os disparates são ainda maiores. Todas estas situações são normalmente acompanhadas pela desconfiança e descrença relativamente aos princípios dos nossos pais e dos nossos mestres, muitas vezes numa fácil atitude de seguidismo, pois as inovações de fresca data é que estão sempre a dar e, mais que não seja, embora por pouco tempo, estão na moda. Pois bem, nunca me deixei arrastar pelo pecado dos extremismos, mas fui tomado de assalto por outro tipo de pecado: – O Fundamentalismo Racionalista, fazendo tábua rasa de tudo o que me rodeava culturalmente, desde o empirismo até às convenções sociais que regulavam a minha vida. Para os meus olhos de novo rico da cultura, a experiência dos meus pais e dos meus professores era incapaz de me explicar cabal e satisfatoriamente as ideias normativas imanentes na sociedade em que vivia e os princípios por meio dos quais tudo estava regulado. Enfim, o meu racionalismo iria pregar-me muitas partidas, obrigando-me a errar à deriva nas curvas espirituais do dia a dia, nunca me facilitando a pista para o caminho certo. Andei então a vasculhar dentro de mim próprio a razão do problema, das minhas dúvidas e, o que era trágico, a permanente angústia de que fui sendo tomado!.. Na minha procura da verdade, por todos os cantos da história e da filosofia, fiquei apaixonado pelo Budismo, pois descobri que o príncipe Sidarta, para atingir o mar interior e eterno, a suprema natureza das coisas, renunciou ao ioga, ao ascetismo, às drogas, ao jejum exagerado, ao sacrifício da sede, de que os seus contemporâneos usavam e abusavam. E, pelos vistos, numa certa noite, após ter abdicado de todos esses processos, incluindo os êxtases provocados, atormentado pela luta permanente contra as ilusões que as forças do mal lhe iam criando, teve um rasgo desesperado contra a forma de pensamento que lhe era usual e, repentinamente, fez-se luz no seu espírito. Debaixo da aparência contraditória e múltipla do mundo sensível, deparou com um universo imutável e único, o Mundo Real, bem diferente do dia a dia ilusório. Enfim, chegou à verdade através do seu próprio esforço, como o faria pragmaticamente um qualquer filósofo. E tal descoberta em relação ao Budismo, ajudou a prosseguir o meu racionalismo ingénuo. Mas se mal foi, teve contudo alguma vantagem, pois as minhas deduções racionalistas levaram-me à descoberta, por A mais B, da conclusão científica e lógica da existência de Deus. Certamente obriguei-me posteriormente ao arrependimento pelo erro da tentativa idiota de me transformar num infeliz super-homem, à maneira de Nietsch.

Os meus Pais eram muito tolerantes e esperavam que por mim próprio descobrisse o que queria da vida, no aspecto espiritual. Ao mesmo tempo, eu percebia que a sua Felicidade, apesar da vida difícil que enfrentaram, limitados pelos tempos conturbados das sucessivas guerras e pelo seu espírito independente, provinha de uma qualidade que eu ainda não tinha descoberto, a Fé em Deus e a visão da criação da vida como um Dom Sobrenatural, que pode ter diversos nomes, mas onde se inclui forçosamente, a palavra Deus. E de um momento para o outro, tudo me pareceu mais fácil e racionalmente perceptível. Afinal, sem dar conta, tinha sido bafejado pelo Sopro Divino. Contudo, passei a ter um objectivo, como dizem os jogadores de futebol, teria que trilhar um caminho pessoal com destino à Verdade e aos Autênticos Valores deste Mundo. Acabadas as descobertas, acabado o ciclo das gestas guerreiras e românticas, que sempre caldeou e alimentou os sonhos da Juventude, fica o amor ao próximo e o dever de lutar pelo bem estar dos nossos semelhantes mais infelizes, que vivem paredes meias connosco, no deserto da indiferença da nossa sociedade materialista. E tal objectivo prosseguido, independentemente dos cabides impostos pelos esquemas ideológicos. Teremos então que canalizar a nossa vontade e sublimar o nosso espírito de aventura para mitigar as carências dos nossos Irmãos, incluindo os que habitam as terra de África com que sempre sonhámos na infância. Temos que acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho de que a Mãe de Deus nos deu exemplo, para iniciar uma nova evangelização, que leve a justiça aos nossos semelhantes mais fracos e desprotegidos, como referiu o Papa Francisco, na sua visita a Fátima, contribuindo assim para uma Igreja dinâmica, esplendorosa de Justiça e de Ternura, com uma mística avassaladora, que cubra a Terra de um Manto diáfano de Paz e de Luz Espiritual.

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