As atividades económicas de Vouzela que o tempo apagou

Cooperativa Agrícola de Lafões, o trampolim da avicultura na região

A Gazeta da Beira inaugura uma nova rúbrica. Chama-se “As atividade económicas de Vouzela que o tempo apagou” e tem como grande objetivo recuar no tempo e recordar as atividades económicas de outros tempos. Esta é uma tentativa de escrever um período da história do concelho, através de estórias e protagonistas. Enquanto é tempo, e o tempo, como sabemos é fugaz. Quais eram as principais atividades de Vouzela na geração dos nossos avós? Do que forma contribuíram para a construção do retrato do que é hoje o concelho? O início, o fim e o que aconteceu entretanto. As perguntas são muitas, vamos à descoberta das respostas.

Como concluímos nas últimas edições, a Cooperativa Agrícola de Lafões registava um crescimento sólido de ano para ano. Aumentava o número de quilos de frango e dúzias de ovos comercializados, o número de ração vendida e o número de pintos fornecidos, como ilustra, aliás, a tabela, retirada do relatório de contas de 1973. Proporcionalmente, aumentava o número de empregos diretos, mas também o número de pessoas que tirava algum rendimento da avicultura em Lafões. A direção teve, portanto, de se adaptar às exigências que iam surgidos e foram necessários novos investimentos. O grande objetivo da Cooperativa passou por fechar completamente o círculo da produção, desde o nacimento do pinto à sua comercialização. Uma ambição enorme, nada fácil de concretizar.

 

As velhas e pequenas instalações já não serviam os interesses da Cooperativa Agrícola de Lafões foi por isso construído um edifício de raiz, hoje, as instalações da Escola Profissional de Vouzela. “Ainda hoje está tudo como estava. Os antigos armazéns eram muito pequenos para os nossos serviços. Conseguimos fazer este investimento só com o nosso trabalho, fazíamos uma boa gestão”, resume António Bica.

Como se pode ler no relatório de atividades de 1973: “Ficaram concluídas as obras da nova sede, salvo alguns pormenores que podem aguardar por posterior acabamento, os escritórios foram entretanto mudados para as novas instalações onde agora se dispõe de espaço suficiente e de sala para as Assembleias Gerais (…) A oficina de mecânica foi instalada no edifício da nova sede e dispõe agora de espaço suficiente para o seu trabalho. Foi aí também instalada uma pequena serralharia e carpintaria para fazer caixas, reparar as caixas de outros veículos e fazer outros serviços”.

 

Fechar o ciclo

A Cooperativa Agrícola de Lafões teve a ambição de fechar o ciclo de produção de pitos. Para isso, primeiro associou-se à Uniagri, Industria Agroalimentar de Vale de Cambra. António Bica, desde logo impôs uma condição. Como explicou à Gazeta da Beira, “tinham que produzir uma boa ração. O frango é, sobretudo, água e ração, portanto, é a boa ração que faz a diferença. Para isso, contrataram o Engº. Gusmão que era, digamos assim, o cozinheiro da ração. Nunca a ração teve tanta qualidade e essa qualidade notava-se em termos práticos”, recorda.

Começou-se, também a construir um matadouro. Como nos dá conta o referido relatório: “Estão em curso as obras do matadouro, embora, apenas, em fase de terraplanagem. As obras de construção civil serão feitas, em princípio, por empreitada. Estão a ser elaborados todos os estudos, cálculos e desenhos necessários para entregar o processo para obtenção de créditos oficiais e para se poder proceder ao concurso de construção civil. As máquinas necessárias ao seu equipamento já foram escolhidas e contratadas a sua compra”, pode ler-se. Em cima da mesa, ainda o projeto para uma central de classificação de ovos e a Central de produção de pitos na Penoita.

Como explica o então Presidente da Cooperativa o objetivo era fechar o ciclo. “Nós fazemos os pintos, fazemos a ração, temos os produtores com um matadouro, no fundo o que queríamos era criar uma cadeia. Tudo isso procurando fazer tudo nas pequenas unidades, para que o pequeno agricultor possa trabalhar sem ter grandes gastos”, remata António Bica.

Terão todos estes projetos sido levados a bom porto? Saiba a resposta no último episódio desta reportagem já na próxima edição da Gazeta da Beira.

Ano Ovos Quilos de frango Sacos de ração Pintos fornecidos
1965 276 048 6 184 18 440 25 000
1966 444   674 83   744 37   000 132   000
1667 682 570 382 570 82 460 411 000
1968 991   202 642   164 90   087 530   000
1969 873 000 892 000 100 721 710 000
1970 979   133 1 696   455 168   519 1 310   137
1971 706 543 2 355 930 189 889 1 675 256
1972 876   107 3 871   389 298   490 2 342   892
1973 961 811 3 699 173 293 314 2 411 913

 

 

Leia aqui o texto na íntegra:

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