A Grécia, a fundadora da Democracia, e a distorção nesta feita pelos organismos europeus e partidos políticos caseiros
Os gregos deram o primeiro passo para o estabelecimento da Democracia na sua vida política. Porém, passados séculos, as estruturas europeias subverteram tal ideia com uma visão apenas economicista, asfixiando o apelo nacional de cada um dos seus membros e limitando não só as regras da democracia, mas igualmente os contornos da Verdadeira Liberdade, a mando dos países europeus com maior poder económico. Longe vai o espírito de igualdade pretendido pelo fundadores da Comunidade Europeia!!!.
Há tempos, impressionado com o que se passava a nível interno nacional, com uma visão completamente pervertida da Democracia, escrevi, nomeadamente na Gazeta da Beira, um artigo sobre este candente assunto, referindo o que pensava da actividade democrática, mesmo tendo em conta as limitações impostas pelas condicionantes económicas que vivemos, tuteladas por uma burocracia europeia que só vê cifrões à frente dos olhos. Bem razão tinham os esotéricos deste país que pretendiam uma auscultação à população sobre a entrada ou não na Comunidade Europeia, como foi o caso da minha modesta pessoa.
Mas vamos ao que interessa. Utilizando uma explicação bem simples, diremos que os Partidos Políticos são grupos organizados de cidadãos que procuram intervir na vida de cada país, exibindo no respectivo programa de acção a sua linha de pensamento. Repetindo o que venho referindo há muito, as soluções que oferecem à colectividade têm como objectivo conquistar a opinião pública, único modo de captarem o eleitorado e, consequentemente, terem acesso ao exercício do poder. Nestes termos, não posso deixar de me espantar com a grande confusão que continua a reinar, nesta matéria, na cabeça de cada um. Confusão perigosa e que coloca em risco a própria democracia já institucionalizada. Muitos tratam tais organizações políticas como um autêntico clube de futebol. E a defeituosa visão dessa realidade transforma os partidos, sem sombras de dúvida – volto a repetir, em organizações Potenkin, como refere Fareed Zacaria, no seu excelente livro “O Futuro da Liberdade”, isto é, em organizações blindadas, fechadas em si próprias, uma espécie de propriedade particular de meia dúzia de fulanos que gerem a organização a seu bel-prazer, protegendo interesses pessoais e não admitindo a concorrência perturbadora da inovação intelectual. Ora os partidos políticos, para servirem verdadeiramente a Democracia, têm que facilitar a constituição de correntes de opinião. É esse o seu papel histórico. È essa a sua função primordial. Por isso mesmo, não se podem fechar em si mesmo, hostilizando as ideias de qualquer pessoa recém chegada ou que não esteja filiada no partido. Além do mais, este comportamento e esta mentalidade, desencadeiam desnecessárias e terríveis lutas internas, não para zelar os verdadeiros interesses do partido, isto é, para criar a dinâmica da formação de uma corrente de opinião, mas muito simplesmente para assegurar prebendas partidárias de grupos e a reserva da melhor rampa de lançamento no caso de uma vitória nas eleições. Enfim, autênticas escolas de corrupção, com ligações e dependências dos seus membros entre si, para se servirem do erário público.
E não vale a pena estar a dar exemplos. Basta ver atrás dos chefes de fila partidários, assumirem nas suas costas gente sem qualquer qualificação, apenas conhecida por ter enriquecido do dia para a noite, através da política. E esses figurões tentam continuar na primeira linha da actuação partidária. Apesar do asco sentido pela maioria dos portugueses, vão certamente conseguir aparecer nas listas partidárias e nos lugares de topo das empresas públicas, por qualquer motivo que desconhecemos mas que legitimamente podemos deduzir:- têm os respectivos ”big boss” na mão. Não é preciso dizer nomes…!
De resto, tudo passa olimpicamente ao largo. A experiência que tenho tido, nos contactos com as organizações partidárias, na tentativa de discutir problemas que afligem a comunidade, tem sido paradigmática. Tais problemas só fazem parte dos objectivos dos responsáveis partidários nos transes eleitorais. De resto, não interessa ouvir nem intrusos, nem pessoas com ideias que lhes podem perturbar o equilíbrio ecológico, isto é os interesses pessoais económicos. Na verdade, esse género de gente independente e com ideias próprias constitui um perigo significativo para a sua estabilidade. Deste modo, os partidos estão a transformar-se em meros recipientes à espera de serem cheios com as preferências ocasionais do público, vogando ao acaso num atoleiro ideológico, incapazes de criar um espírito novo que galvanize a colectividade. Assim, o principal motor de mudanças sociais acaba por ser a pressão das massas, limitando-se os partidos a actuar por arrastamento, quando são encostados à parede, sem terem planeado o mínimo com a devida antecedência e traindo o principal objectivo da sua existência. E tal objectivo fundamental, continuo a dizer, é constituir um alfobre criativo de ideias que fomente a criação de correntes de opinião que catapultem o País na senda do desenvolvimento, do progresso e do bem-estar e criem uma dinâmica que acabe com a corrupção e o compadrio político que envergonha as pessoas de bem deste País.
António Moniz Palme – 2015
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Redação Gazeta da Beira
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