A. Moniz de Palme (Ed. 672)

Charlie ou Malhas que o diabo tece- 1ª Parte

Ainda não esquecemos o atentado terrorista perpetrado em França, por activistas fundamentalistas da religião islâmica, no passado dia 7 de Janeiro, contra a Revista Charlie Hebdo, publicada em Paris, com o objectivo de fazer terminar as ofensas continuadas contra a figura do profeta Maomé, contidas nas páginas dessa revista. Perante estes hediondos crimes, livre de qualquer paixão e de qualquer raciocínio emocional, não posso deixar de fazer este singelo comentário cujo sentido não pode morrer com o fim dos simples acontecimentos relatados pela Imprensa. Na verdade: – 1º A Europa e todos os países europeus respeitam ou dizem respeitar a liberdade de expressão. Assim se alguém se sente de qualquer modo ofendida por agressão aos seus valores espirituais, deveria ter sempre disponível a via judicial, para tentar desagravar a lesão dos seus interesses, processo complicado, caro e difícil, como todos sabemos. Contudo, note-se bem, é essa a única arma disponível. Mesmo que se entenda que em nome da liberdade de expressão alguém invadiu o campo dos seus valores fundamentais, de modo algum o ofendido pode utilizar métodos que o ordenamento europeu proíbe, isto é, castigar os infractores pelas próprias mãos e muito menos tirar a vida a quem quer que seja. Devo acrescentar que os responsáveis dos países europeus, no seu laicismo tolo, não consideram crime a ofensa aos valores religiosos de cada um!!! Essa é a triste verdade, que tem que ser alterada…! Assim sendo, o conceito de liberdade de expressão praticamente não tem juridicamente qualquer limite…, acabando por ofender gravemente o próximo 2º Claro que punir à mão os que ofendem os valores religiosos do seu semelhante, independentemente de qualquer outra circunstância, está interdito pelas normas jurídicas europeias e quem agir contra estes princípios, aceites pela comunidade, deve ser considerado a mais no território da União Europeia. Entretanto estes factos alertam-nos para um outro problema bem mais grave, pois verifica-se claramente que não tem havido o mínimo de cautela na integração dos que para cá imigram, explicando-lhes quais as limitações e os valores que obrigatoriamente têm que ser respeitados por quem pretende viver no Espaço Europeu, sob pena de serem banidos da Europa e serem obrigados a regressar à base…! Desde há muito tempo que pessoas sensatas de várias nacionalidades, minorias conscientes claro está, vêm levantando tal problema, protestando pela situação vigente, nesta matéria, perante a indiferença dos politicamente correctos. 3º No passado, todas as religiões tiveram fases de agressividade contra os chamados não crentes ou infiéis, sendo estes passados à espada, queimados e trucidados sem qualquer hesitação. Em conclusão:- Os que professavam e tinham diferentes comportamentos religiosos eram eliminados fisicamente da colectividade. Os Cristãos lamentavelmente assim se comportaram outrora, sendo modificada definitivamente tal situação com os ideais liberais europeus, inspirados no humanismo cristão, que veio colocar em primeiro plano os ensinamentos de Jesus Cristo, que declarou todos os homens iguais e filhos de Deus, fosse qual fosse a sua raça ou o seu credo. Os Judeus, posteriormente vítimas do fundamentalismo religioso, também tiveram comportamentos censuráveis, nesse campo, o mesmo se passando com os Muçulmanos, como é de todos sabido. Simplesmente a idade das cavernas acabou na Europa por força da vitória do Espírito Cristão, sendo estabelecida em plenitude a Liberdade de Pensamento e de Expressão, ninguém podendo ser molestado pelo que pensa, ou pelas suas práticas religiosas. Todavia, para que todos os homens sejam iguais, não pode haver um conceito de Liberdade de Expressão sem limites, pois, a liberdade de cada um acaba quando começa a esfera jurídica e de valores do próximo. Se assim não acontecer, a liberdade de expressão do mais forte acaba iniludivelmente por limitar e ofender a liberdades e as convicções do seu semelhante. Ora, com a globalização, tal é insustentável. 4º  A Europa anda muito esquecida desta problemática e tanto assim que determinada facção política que provocou a Guerra Civil Espanhola e foi derrotada, tem tentado lavar a história e passar um pano nas tristes situações criada pelos homens armados da sua facção política que chegavam a qualquer “pueblo”, reuniam a população e perguntavam quem ia à missa para, posteriormente, os colocarem de lado e os fuzilar sem apelo nem agravo. Estas barbaridades cometidas mesmo antes do conflito militar e ideológico que dividiu os espanhóis. Pelos vistos, o seu conceito de liberdade de expressão, igualmente ao que se passa com os fundamentalistas árabes, incluía eliminar quem não pensava da mesma maneira. Assim se passou e, estranhamente, assim se passa com determinado tipo de intelectuais do nosso tempo. Ora, os Extremistas Muçulmanos, por nós considerados terroristas, têm igualmente este conceito de liberdade de expressão e de actuação sem limites, matando o seu semelhante, em nome do próprio Maomé. Nestes termos, a reformulação do conceito de Liberdade de Expressão tem que ser vista globalmente pelos centros de decisão europeus. ————————————————————————————————

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Redação Gazeta da Beira