A. Moniz de Palme (Ed. 655)

A defesa dos interesses portugueses, através da comunicação social – 3ª parte

Ed655_Portugueses-mundoNa passagem do ano, fui convidado por um casal português, dos Açores, residentes em S. José e gestor de topo de duas multinacionais. Esta família contribui activamente para a comunidade, mantendo um semanário bilingue, chamado “Tribuna Portuguesa”, escrito em português e inglês, e com uma tiragem, incluindo a electrónica, maior do que qualquer um dos periódicos diários que cá se publicam. O patriotismo que os seus artigos revelam, é comovente. As saudades que exibem do seu Torrão Natal são permanentes. É esse periódico, que muito tem ajudado a comunidade portuguesa e a defesa dos seus interesses nos Estados Unidos, que promove as actividades tradicionais portuguesas como as touradas, as procissões, o folclore, as celebrações do Dia de Portugal, a intervenção política e a discussão das leis americanas, na perspectiva da defesa dos direitos portugueses. Tomou, além do mais, a iniciativa de movimentar a homenagem ao Cônsul Aristides Sousa Mendes e de impedir que o seu nome fosse miseravelmente apagado da memória da nossa história pelos iluminados que nos têm governado. Tive a oportunidade e a honra de conhecer essa ilustre família portuguesa, Os Srª Drª Maria Lúcia e Eng. Miguel Ávila, dois gestores de topo de duas multinacionais, que convidaram o meu filho e a família para a passagem do ano na sua agradável casa, rodeados por gente simpatiquíssima. Mas a circunstância marcante foi a hora da passagem do ano em Portugal, pelas quatro horas da tarde. Pois. bebeu-se champanhe português, acompanhado por um óptimo lanche, onde as iguarias lusitanas eram as principais actrizes. Através da T.V. Internacional, lá vimos o fogo de artifício no Funchal e a grande movimentação de turistas na Ilha da Madeira. Passado uma hora, tornámos a celebrar a passagem do ano, mas agora nos Açores.

Qual a razão que me levam a descrever os sentimentos de patriotismo desta gente? Pois bem, uma das facetas de portuguesismo da nossa comunidade é o acrisolado orgulho que têm por tudo o que diz respeito à sua Pátria, onde se inclui a sua história e as suas tradições locais e regionais. E reparem que estou a falar de uma comunidade bem instalada na vida, profissionalmente competente, com poder interventivo, no seio de uma das zonas mais evoluídas dos Estados Unidos, tanto no aspecto tecnológico como no competitivo.

E sendo um caso de sucesso, falam com orgulho nos heróis portugueses e nos cometimentos dos nossos antepassados, pondo calor nas suas palavras e nas suas evocações, contrariando o que, por vezes por cá se passa. Em certos meios nacionais, na verdade, campeia, de modo confrangedor, o sentimento masoquista fomentado por determinado tipo de politicagem e de intelectualoides que apenas se preocupa em dizer mal do nosso País, em lavar a história com lucubrações e mistificações de fresca data, denegrindo de ânimo leve o que constitui o passado do nosso Povo. E tudo isto para nosso bem e para um Portugal melhor, dizem com arrogância e hipocrisia. Uma vergonha tantas vezes criticada pelos próprios estrangeiros que conhecem minimamente o nosso País. Na verdade, estes arautos da desgraça não sabem o que é importante para Portugal e ignoram as receitas de sucesso da nossa comunidade fora de portas.

Mas lá, junto à nossa gente, como de costume, bebi patriotismo a rodos, e voltei com a alma cheia de portuguesismo, transmitido por gente simples e séria  tão diferente da exibida pela comunicação social que temos. Desgraçadamente, pela prepotência de seitas, têm possibilidade de manipular os cordelinhos da cultura e, por snobismo e estupidez intelectual de vão de escada, por cá vão dando cartas, denegrindo permanentemente o que é nosso em todos os aspectos. Os nossos emigrantes, apesar de terem sido obrigados a ir ganhar a vida para longe das suas famílias e dos seu chão sagrado, atendendo à sociedade injusta em que viviam, e apesar do sucesso noutro país, mostram sempre com orgulho que são Portugueses de corpo inteiro, assumindo a sua História com o que a mesma tem de bom e tem de mal, bem como os valores que consideram essenciais, por serem aceites pela maioria da comunidade. Regressei feliz.

 • António Moniz Palme

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Redação Gazeta da Beira