Tourada: entre “Gregos e Troianos”

600 pessoas assistiram à tourada, cá fora havia protesto contra a iniciativa

ed655-p20_IMG_0636A Tourada que se realizou no passado dia 25 de maio, em Oliveira de Frades, esteve longe de ser consensual. Desde que o evento se tornou público foram muitos os protestos. No dia do evento, não foi diferente, um grupo composto por cerca de 15 jovens anónimos, da região de Lafões, protagonizou uma manifestação com alguns cartazes onde se podia ler “ Tourada é tortura não é arte nem cultura” e “Touradas só na Cama”. Já na arena as 600 pessoas, número muito aquém das expectativas, assistiam com entusiasmo à corrida. A Gazeta da Beira esteve no terreno e falou com aficionados e protestantes.

Sem mostrar a cara, com medo de represálias quinze jovens diziam não às Touradas. Como explicou o porta-voz aos jornalistas, “somos pessoas civilizadas e não estamos de acordo que maltratem os animais só por divertimento”. E acrescentam: “É errado torturar os animais, eles sentem a dor como nós humanos”. A corrida é solidária, mas, para os protestantes havia muitas outras alternativas para ajudar. Como acrescenta o líder do movimento, “não é argumento nenhum. Não se angaria dinheiro a matar ou a torturar bichos, há outros caminhos a seguir, há eventos desportivos, culturais… podiam fazer um teatro, uma corrida de motas…”

Depois de terem sabido da notícia pelas redes sociais os jovens não hesitaram em deixar claro a sua posição, contudo, como confessam, esperavam mais protestantes.

Do lado de dentro, a música típica era acompanhada de aplausos e muita emoção. Para o organizador, João Bolota a manifestação “não prejudica o espectáculo”. Como fez referência, “é normal, não gostam do espetáculo, tem todo o direito a manifestar-se”, mas recorda, “segundo um estudo da eurosondagem, em Portugal, a percentagem de antitourinos ronda os 8%”.

Como defende um dos aficionados Nélson Gomes, Há outros aspetos que as pessoas deviam ver, a tourada é uma tradição muito antiga e que se deve preservar”. A mesma opinião tem Dolorosa Martins que apesar de, para ela “ a violência com os touros ser um assunto bastante complicado” acredita que “no fundo isto é um desporto e um espectáculo muito bonito”.

 

Corrida solidária não deu para as despesas

ed655-p20_IMG_0620O dinheiro arrecadado com os bilhetes não chegou para as despesas. O Centro Social de São João da Serra não vai receber nada. Apesar dos números João Bolota faz um balanço positivo. Como defende o organizador, “Uma vez que é a primeira vez, não posso exigir mais. Acredito que futuramente, as pessoas, percebendo o que é o espetáculo, estamos a falar da mais antiga cultura portuguesa, penso que vai ser um passa a palavra e se voltarmos a fazer um novo espetáculo penso que vai ser correspondido”.

Já a Toureira Ana Baptista fala da importância das corridas solidárias. Como referiu, “participo sempre em muitas, nós os toureiros, no início da temporada participamos nestas iniciativas, para ajudarmos muitas instituições, o que também serve para desmistificar estas iniciativas, tenho sempre tentado estar presente e tenho todo o gosto em ajudar”.

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