Vamos retomar esta página de REPORTAGEM para uma nova rubrica com artigos de fundo, nesta época (COVID-19) de grandes dificuldades para todos
• Reportagens elaboradas por Paula Jorge •
Edição 786 (25/06/2020)
COVID-19
O TURISMO NA REGIÃO DE LAFÕES
Estamos a viver um momento histórico, devido ao coronavírus/covid-19. Em diversos setores, de muitos países, a situação é frágil e delicada. Um desses setores é o turismo que, certamente, foi um dos mais afetados. Sendo assim, abordaremos a relação entre o coronavírus e o turismo, porém, não deixaremos de fora outras fragilidades do desenvolvimento do turismo do interior, que já se debatia com sérias dificuldades antes da pandemia mundial.
A instabilidade do mercado e o pânico das pessoas diminuíram as viagens e as deslocações, vivendo-se uma situação muito difícil. A esperança é que o setor recomece lentamente após toda a crise. Há questões que, juntamente com a situação do coronavírus/covid-19, merecem uma reflexão:
1 – O turismo sustentável e as redes de oferta como pilar de desenvolvimento do interior;
2 – A infraestruturação dos destinos como suporte à atividade turística no interior;
3 – A diversificação do produto turístico como alavanca territorial;
4 – O impacto do coronavírus/covid-19 no setor do turismo na nossa região.
Dr. Pedro Mouro, Vereador da Câmara Municipal de São Pedro do Sul
1 – O turismo sustentável, alavancado na oferta natural que o nosso concelho possui, é, de há uns anos a esta parte, uma aposta do Município. Podemos dar vários exemplos: os percursos pedestres existentes, os eventos desportivos associados à natureza, a Bioregião, entre outros. Com o fenómeno do Covid-19, toda essa fileira ganhou importância acrescida e, sobretudo, uma procura exponencial. Temos assistido nas últimas semanas a uma procura muito maior pelas nossas serras, pelos nossos trilhos, pelos nossos rios. Enfim, uma nova oportunidade de expansão.
2 – Há um conjunto de investimentos que vem sendo feito quer ao nível particular, quer ao nível do investimento da Câmara Municipal, que traz novas valências para os nossos turistas: reabilitação das unidades hoteleiras, muitos novos alojamentos locais e novas infraestruturas públicas: ecopista, parque urbano, balneário romano, nova sinalética nos percursos pedonais e outros que irão começar a curto prazo: parque de Auto caravanismo, requalificação da zona do São Macário e novas infraestruturas nas aldeias de Covas do Monte e da Pena.
3 – Somos dos concelhos do país com uma das maiores diversidades em termos de oferta turística, que vão desde a atividade termal, ao turismo de natureza, patrimonial, cultural, enfim, temos tudo aquilo que qualquer turista, mais do que nunca procura: diversidade e experiências!
4 – O impacto do covid-19 foi tremendo no nosso concelho, sobretudo, porque a nossa economia está muito alavancada no setor do Turismo. Temos todos, em conjunto, feito esforços para minorar esses impactos. Ainda assim, tendo eu sempre uma expectativa otimista e tendo o nosso concelho, até ao momento, poucos casos de covid-19, acredito numa rápida recuperação e, sobretudo, encaro o futuro como uma oportunidade de recebermos uma nova procura que irá olhar para os destinos de baixa densidade, para o interior, para a natureza, com outro interesse.
Joaquim Agostinho Alves Rodrigues, Empresário, Turismo Rural, Casa D´Avó
A região de Lafões é uma vasta riqueza cultural, paisagística e gastronómica, onde se tem procurado manter vivas as tradições e os costumes.
O turismo da nossa região tem vindo a desenvolver-se e a criar infraestruturas para receber os nossos turistas que são os amantes da natureza, dos passeios pela serra, dos banhos nos nossos rios, da visita ao nosso património arquitetónico, onde encontram a beleza natural, o sossego e a paz do interior deste pequeno grande Portugal.
O interior do país viu no Covid-19 uma janela de oportunidades sustentáveis com a riqueza natural, uma vez que a criatividade foi sempre a forma encontrada de se superarem dificuldades em tempos e difíceis.
Agora falando um pouco do nosso caso, o Covid-19 não nos surpreendeu no turismo de aldeia que se situa na aldeia do Pisão em Carvalhais.
A espera pelo crescimento deste modo de turismo já era esperada por nós. O projeto Casa D’ Avó é um projeto para crescer ao longo de mais alguns anos, uma vez que estão previstas mais infraestruturas para o turismo de aldeia com diferentes ofertas de alojamento e lazer que já estavam projetadas e encaminhadas para começarem a laborar no final deste ano. O covid-19 veio causar muitos prejuízos financeiros que não permitiram iniciar esta obra.
O covid-19 pode ter causado muitos prejuízos, mas não consegui tirar a vontade e a determinação de levar mais à frente o projeto Casa D’ avó.
Sou empresário há 20 anos e nunca nas minhas atividades de cafetaria, pastelaria e bares sazonais de piscina tive tanto prejuízos como tive com o covid-19. Não deito a toalha ao chão e vou fazer como sempre fiz, continuar a trabalhar para ser melhor todos os dias.
Não será este nem outro vírus que matará o sonho de um homem do Pisão!
Carlos Alberto Duarte Laranjeira, Presidente da Junta de Freguesia de Manhouce
Sendo a nossa aldeia um local muito visitado, temos um turismo de Natureza, as circunstâncias atuais trouxeram ainda mais visitantes a Manhouce.
Relativamente aos outros tópicos solicitados, como estamos a desenvolver esforços para implementar mais infraestruturas turísticas na nossa Freguesia, sugiro a Candidatura do Canto a Três Vozes de Manhouce às 7 Maravilhas:
MANHOUCE É FINALISTA DAS “7 MARAVILHAS CULTURA POPULAR”. O “Canto a 3 Vozes” de Manhouce é um dos 140 finalistas regionais do concurso “7 Maravilhas Cultura Popular” e um dos sete patrimónios finalistas da região de Viseu. Na próxima fase, das eliminatórias regionais, serão apurados 20 finalistas, representando as 20 regiões. A gala final de eleição das “7 Maravilhas da Cultura Popular” decorre no dia 5 de setembro.
Parabéns Manhouce!
Dra. Carla Maia, Vereadora da Câmara Municipal de Vouzela
1 – O turismo sustentável e as redes de oferta como pilar de desenvolvimento do interior:
O desenvolvimento sustentável dos municípios do interior do país, também designados de territórios de baixa densidade, atendendo às dinâmicas demográficas que se têm verificado nas últimas décadas, requer uma estratégia adequada para responder aos problemas que estão associados ao despovoamento destes territórios, nomeadamente o combate: à desertificação física, à fragilidade do tecido económico, à perda de massa crítica necessária para viabilizar projetos e investimentos, à debilidade institucional e ao encerramento dos equipamentos e serviços básicos fundamentais e à correspondente degradação da igualdade de oportunidades e de condições de vida. Neste sentido, muitos municípios têm vindo a desenvolver estratégias de desenvolvimento territorial assentes na atividade turística, potenciando, desta forma, a valorização dos seus recursos endógenos. Nesta matéria, o grande desafio que é colocado aos cidadãos, turistas, empresários e governantes, é promoverem um turismo que contribua de forma integrada para o bem-estar e a qualidade de vida das populações e que não coloquem em causa o meio ambiente e os recursos naturais. O turismo só poderá ser uma atividade geradora de valor social, económico e ambiental sustentável se houver respeito pela autenticidade das comunidades locais, preservando a sua identidade, as suas heranças e os seus valores culturais e tradicionais, bem como o uso adequado dos recursos ambientais, respeitando e conservando a herança natural dos territórios e a sua biodiversidade. Por outro lado, o desenvolvimento do turismo num território encerra virtualidades várias em termos de criação de riqueza, de emprego e de inovação.
Vouzela, enquanto território de elevada importância ambiental e natural, definiu como estratégia um novo modelo de desenvolvimento sustentável – O Município de Vouzela enquanto agente público mobilizador de recursos!
Os incêndios de outubro de 2017 causaram uma perda inquestionável de uma parte muito significativa dos seus ativos naturais. O Município considera, contudo, que este território não se pode reduzir à sua dimensão florestal, pelo que o seu quadro de desenvolvimento sustentável não pode deixar de ter em conta as múltiplas dimensões de utilização e fruição destas áreas, numa abordagem integrada de valorização económica, social e cultural.
O desenvolvimento sustentável do concelho de Vouzela passa assim pela aposta no turismo sustentável, a defesa dos espaços naturais e da floresta e de novos recursos patrimoniais, que é também a defesa das comunidades que as integram, fundamentais para o seu desenvolvimento e sustentabilidade. Este modelo de gestão promove o envolvimento de todos os agentes locais e a sua capacitação. Estamos certos de que este modelo de sustentabilidade vai preparar o território para uma melhor perceção da atividade turística, que irá seguramente aumentar nos próximos anos face ao aumento da atratividade dos seus produtos, e ao mesmo tempo tornar o concelho ainda mais acolhedor, hospitaleiro e com uma oferta global verdadeiramente diferenciadora pelo seu valor humano.
2 – A infraestruturação dos destinos como suporte à atividade turística no interior:
O planeamento estratégico dos destinos turísticos surge como um processo fulcral para o desenvolvimento equilibrado do turismo, tendo por objetivo o estabelecimento de uma estratégia a longo prazo, a promoção da melhoria do desempenho e o aumento da competitividade da atividade turística, numa lógica sustentável. O desejado equilíbrio entre a atividade humana, a comunidade, o desenvolvimento e a proteção do ambiente e património, exige uma repartição de responsabilidades equitativas e claramente definidas relativamente à integração na comunidade e ao consumo e ao comportamento face aos recursos naturais e culturais. Para além da crescente preocupação com o compromisso de qualidade do serviço prestado ao cliente, conservação e gestão dos recursos, a necessidade de uma maior e melhor integração entre os residentes e os turistas, a requalificação e inovação do comércio de proximidade e a própria promoção do consumo de produtos locais por parte dos visitantes, aliado à existência de um “novo turista”, que seleciona o seu destino de férias com base em critérios ambientais, sociais e culturais, coloca a todos nós novos desafios.
Estes requisitos ganham ainda mais relevância nos territórios de interior, tidos como mais débeis em recursos fundamentais para o seu desenvolvimento, os aspetos organizativos, a capacitação das organizações e a definição de estratégias integradas de valorização dos recursos assentes na sustentabilidade podem criar diferenciação e ser a base da estruturação dos produtos turísticos e o principal argumento na sua colocação no mercado.
No concelho de Vouzela, numa lógica de uma utilização mais sustentável quer do património natural, quer do património histórico e das manifestações culturais que dão identidade ao território, pretende-se desenvolver um quadro de capacitação do município no seu todo, valorizando desta forma o saber ser e o saber fazer local.
Vouzela é um território marcado pela intensidade da natureza, património ancestral, gastronomia rica e por um tecido humano perseverante, determinado, dinâmico, empreendedor e acolhedor.
Os incêndios de outubro de 2017 testaram a resistência do território, dos seus espaços florestais e das suas gentes. Deste flagelo resultou um Município em recuperação, ainda dorido pela violência das chamas, mas também novas oportunidades. Foram deixados ao descoberto dezenas de vestígios de património megalítico.
Há hoje novos produtos turísticos estratégicos já implementados ou em fase de implementação, como a Ecopista do Vouga, as Aldeias da Serra do Caramulo, ao nível do património, as rotas culturais que integram os circuitos do megalitismo, no sentido de valorizar o património arqueológico, histórico e cultural.
Criou-se o Parque Natural Local Vouga- Caramulo (Vouzela) de forma a poder assegurar mais qualidade de vida às comunidades residentes, mas também atrair um tipo de visitante de turismo de natureza, oferecendo-lhes a oportunidade de contacto com a natureza através da observação da fauna e flora selvagens, das caminhadas, dos percursos de natureza, btt, etc.
3 – A diversificação do produto turístico como alavanca territorial:
O crescimento da procura turística e a alteração dos perfis e das motivações dos visitantes e turistas tem gerado a estruturação de novos produtos em torno de recursos relevantes, distintivos e inovadores.
De facto, as tendências de procura têm evidenciado a necessidade de se apostar, cada vez mais, na qualificação da experiência turística baseando-a nos recursos mais relevantes dos territórios e gerando a descoberta de novos lugares e novas histórias, mobilizando novas ferramentas e interfaces. É também uma procura mais sensível às questões da sustentabilidade ambiental, social, económica e cultural.
O concelho de Vouzela tem um conjunto de recursos naturais e patrimoniais relevantes para este novo perfil de procura turística, destacando-se a Reserva Botânica de Cambarinho, a Penoita, Nª Srª do Castelo, Rios, a Lapa da Meruge, as Torres Medievais de Alcofra, de Vilharigues e de Cambra, estradas romanas, igreja entre outras.
Consciente do valor do património físico e humano deste território, e das novas dinâmicas do setor turístico, o Município, alicerçado numa forte articulação com os agentes e operadores privados, locais e regionais, tem implementando um conjunto de estratégias de forma a contribuir para a notoriedade deste destino, criando novas formas de relação da procura com o território, suportadas numa articulação e complementaridade com os seus atores económicos, com vista não só à revitalização económica, mas também à criação de um contexto propício ao investimento privado.
Nos últimos anos, é evidente no concelho de Vouzela uma forte mobilização de iniciativas privadas, de extrema relevância na dinamização do território nomeadamente na criação de novas unidades de alojamento, acolhimento e agentes de animação turística.
4 – O impacto do coronavírus/covid-19 no setor do turismo na nossa região:
Vive-se, a nível mundial, um problema de saúde pública sem precedentes. O impacto da COVID 19 no setor do turismo, a par de outros, tem sido assolador. Por força das medidas decretadas com vista à contenção e mitigação da COVID 19, que levou ao confinamento em casa e o fecho das fronteiras provocou a suspensão de toda a atividade turística, com milhares de empresas ligadas ao setor a perderem todas as receitas nestes últimos meses e onde paira, ainda, a incerteza no futuro, apesar do desconfinamento. A atividade turística na região, na sua maioria, é realizada por micro e pequenas empresas, muitas delas familiares, sem condições financeiras estáveis para suportar esta interrupção. Os próximos meses serão uma prova de fogo à sobrevivência de muitas empresas ligadas ao setor, exigindo um esforço por parte dos empresários na readaptação profunda dos serviços que prestam, que proporcionem aos turistas confiança e segurança no destino escolhido. Pelas circunstâncias que todos nós sabemos e vivemos atualmente, as motivações e os interesses das pessoas para viajarem serão diferentes. Nas escolhas dos destinos vão ser ponderados outros fatores, como: locais menos massificados e mais virados para as experiências do turismo ao ar livre, na natureza, em que as pessoas sintam que é um destino de qualidade para visitar ou descansar, seguro e saudável. Neste campo, o território oferece destinos de excelência. O Turismo tem vindo a ganhar ao longo dos últimos anos uma importância crescente na estrutura económica e social de Vouzela. No entanto, o concelho foi também gravemente afetado pelas vicissitudes do atual contexto em que vivemos, com atividades turísticas suspensas no período obrigatório de confinamento. No entanto, Vouzela também é conhecida pela resiliência e proatividade dos seus habitantes e dos seus empresários. Exemplo disso foi o impacto social e económico do incêndio de outubro de 2017, ainda muito presente na memória de todos, que destruiu 73% do território, em que os nossos empresários muito contribuíram para a recuperação das dinâmicas sociais e económicas do concelho pós incêndio.
Neste período atual, a maior parte dos operadores do setor turístico já estão em atividade no concelho.
O Município de Vouzela tem preconizado um conjunto de medidas que visam a mitigação das consequências da pandemia nos diversos setores da economia.
Paulo Ferreira, Presidente da Câmara de Oliveira de Frades
Fontes de diferentes raízes, Oliveira de Frades tem uma ligação profunda à história sempre de braços dados com o futuro. Somos convictos que as novas estruturas municipais a serem emancipadas são um promotor do turismo no concelho: local, nacional e internacional, despoletando o restante património circundante.
O concelho é uma rede ampla de setores atrativos para diferentes interesses, as nossas estradas romanas, brasões, dólmens, mamoas e elementos históricos, os nossos percursos pedestres, a nossa fauna e flora que são um atrativo às novas experiências pessoais e sociais; as áreas de lazer e desportivas que permitem ligar pessoas e instituições; a gastronomia exacerbada pela promoção do frango do campo e derivados.
Envolvidos nos braços de Lafões, que nos caracteriza e expande, permite ampliar e potenciar as nossas magníficas valências, quer ao nível de empreendimentos turísticos, quer ao nível de visitas ao nosso concelho, quer na promoção da qualidade de vida dos nossos habitantes.
Edição 785 (11/06/2020)
COVID-19
AS FAMÍLIAS NA REGIÃO DE LAFÕES
Os últimos tempos têm sido difíceis para todos, especialmente para as famílias. Os diplomas prorrogam a situação de calamidade no país até 31 de maio e a partir daqui o levantamento das medidas de confinamento.
Com a publicação da Resolução do Conselho de Ministros, o Governo formalizou a continuidade do “processo de desconfinamento iniciado em 30 abril de 2020”, com “um elenco menos intenso de restrições, suspensões e encerramentos”, sem prejuízo “da necessidade de se manter o escrupuloso cumprimento das medidas de distanciamento físico indispensáveis à contenção da infeção”. O teletrabalho é obrigatório sempre que possível.
Sente-se um aliviar da situação vivida até então e uma tentativa de voltar à “normalidade”. Perante o cenário atual, perguntámos a algumas famílias:
1 – Como foi gerir as vossas rotinas diárias em família, neste tempo de confinamento/isolamento social, devido ao novo corona vírus?
2 – O que sentem que irá mudar nas vossas vidas daqui para a frente?
Márcia Lourenço, Assistente Técnica na Câmara Municipal de Vouzela
Gerir toda esta situação não foi fácil e continua a não ser fácil, tem de haver uma estrutura familiar minimamente sólida para aguentar este período. Um de nós (casal) teve de abdicar temporariamente do trabalho para ficar a dar apoio aos nossos 2 filhos, um de 7 anos a frequentar o 1.º ano de escolaridade e outro de 13 a frequentar o 7.º ano. O ensino à distância, aqui por casa, não foi, e continua a não ser um assunto pacífico, pois ninguém estava/está preparado para ensinar os filhos e fazer com que estes nos oiçam na qualidade de “professores”. Tudo isto acaba por fazer com que a relação de pais-filhos, acabe desgastada e no final ambos terminem exaustos, impotentes e sem energia.
A pandemia fez-nos também desconfiar dos nossos amigos e familiares e começámos a agir como se as pessoas mais importantes das nossas vidas fossem o inimigo nº 1. No meu caso concreto o covid-19 “roubou-me”, ainda que temporariamente, espero, o “toque” e os abraços, causando um impacto negativo na minha vida e na maneira de me relacionar com os outros.
Desengane-se aquele que pensa que daqui em diante seremos iguais. Acredito, que não seremos nem melhores nem piores pessoas, viveremos condicionados, num clima de desconfiança e possivelmente olharemos de lado para todos que estiverem à nossa volta. Atrevo-me a dizer que desconfiaremos até da “nossa própria sombra”.
Pergunto-me muitas vezes como é que este “bicho”, invisível aos olhos, conseguiu fazer-nos parar a todos sem exceção. Sem dúvida que não existe diferença entre raças, religiões e estatutos sociais, somos “todos diferentes e todos iguais”. Faremos certamente parte da história e o ano de 2020, num futuro próximo, será um tema abordado nos livros de história de todo o mundo.
Susana Sousa, Assistente Técnica na União de Freguesias de S. Pedro do Sul, Várzea e Baiões
Sobre o Coronavírus – Covid-19!? Afinal o que era? Foi sempre o meu pensamento desde a altura em começaram os primeiros casos na China. Chamo-me Susana, sou casada e tenho dois filhos de 9 anos, a estudar no 3,º Ano. O que modou nas nossas vidas? Tudo…! Uma incerteza futura.
Comecei a levar as notícias mais a sério em fins de fevereiro e ia acompanhando com mais atenção as notícias. Lembro-me de ser Carnaval e já se falar muito do Covid-19 na China e que estava a vir para a Europa. Sabia, pelas notícias que era um vírus que era altamente contagioso e era uma “variante” perigosa do vírus da gripe que atacava muito os pulmões. Pedi aos meus filhos que não comessem nada que lhes dessem na escola, claro que crianças com 9 anos não devem ter ligado nenhuma! Os dias foram passando e as notícias eram cada vez piores, em que, de repente vem a notícia que as escolas iam fechar no dia 16 de março… escolas, jardins de infância, Atl, enfim, de repente tudo fechou. Numa grande incerteza no que aí vinha tinhamos que arranjar soluções rápidas, porque faltavam duas semanas para as férias da Páscoa e os meninos iam ficar em casa. Eu, ainda vim trabalhar 16/03 e 17/03. Apartir do dia 18/03 fiquei também em casa. Nós não podiamos sair de casa, era perigoso… Inicialmente foi muito díficil conseguir conciliar e explicar aos meus filhos o que estava a acontecer, para que eles podessem colaborar nos trabalhos de casa que vinham da professora. Para eles não perderem o ritmo de trabalho. Estivemos sempre em casa. Só saía para ir às compras e era uma sensação que nunca mais vou esquecer. Era de medo. Rapidamente os meus filhos perceberam que havia um vírus e que as pessoas morriam… eles viam as notícias… mas, eles foram uns heróis, porque no fundo foi-lhes roubado tudo… escola, futebol, ginástica, brincar com os amigos, ir até a casa dos avós, mas eles sabiam que era só até o tal virus passar, sim, porque eles pensam que ele vai passar!
Passavamos o tempo entre trabalhos de casa, jogos, ver televisão, jogar no tablet… Antes não tinhamos tempo e de repente tinhamos tempo para tudo, para estar com eles e principalmente para pensar. Depois veio a escola em casa! As notícias pioravam em casos mesmo aqui ao lado. Era assustador, nós não saíamos de casa. No início do estudo em casa foi dificil, tive que me adaptar. Era vida de mãe, professora, dona de casa e mais tarde o emprego. Eles assistiam às aulas, mas não era a mesma coisa. Não tomavam atenção, queriam a professora deles. Assistiam de manhã e à tarde começavam a fazer os trabalhos, não colaboravam muito, e nós pais desesperados, porque também para nós era difícil… fazer com que eles estivessem atentos . O Estudo em casa foi um mal menor para eles e foi tudo feito em tempo record. Hoje em dia já estão mais habituados . Começamos também a fazer umas caminhadas a medo. Nós os quatro tinhamos que fazer algum exercício, é benéfico para a saúde física e mental. A nossa vida como a de tantas outras famílias mudou em tudo e aos poucos as coisas vão indo, mas a incerteza no futuro que aí vem continua. Entretanto, já estou a trabalhar a tempo inteiro desde início de maio e os meus filhos estão em casa com o pai, porque tem mais disponibilidade e um de nós tem que ficar com eles. Entre muitas notícias contraditórias, temos que começar a conviver com este vírus. Como vai ser daqui para a frente? Na minha opinião é uma incerteza, esperemos pela vacina, nunca mais vai ser como dantes. Temos que ir muito devagarinho, fazer a nossa parte para não voltarmos a ficar em casa. Dia a dia, passo a passo e confiar … Confiar nos anjos das nossas vidas. Protegermo-nos ao máximo, assim também protegemos o próximo. Só assim poderemos voltar a abraçar, tocar, beijar quem mais amamos. Protejam-se, cuidem-se, e fiquem bem!
Rita Cardão, Enfermeira
Na nossa rotina familiar, a grande mudança foi ter os nossos dois filhos sempre em casa, visto que eu e o meu marido (Jorge) trabalhamos em serviços essenciais – eu no hospital e o Jorge numa IPSS – pelo que a rotina de sair de casa para trabalhar se mantinha. O maior desafio foi a gestão de horários e estratégias para assegurar a responsabilidade do trabalho e a necessidade de assegurar sempre a presença de um de nós em casa para ficar com as crianças. Claro que o medo e ansiedade de entrar e sair de casa nos foi acompanhando… O risco que poderíamos trazer para a nossa família foi o que mais me assustou. Senti nalguns momentos que estávamos numa situação sem solução ideal… porque, se por um lado nos era exigida responsabilidade e prontidão no trabalho, era igualmente (e muito importante!) exigida a defesa e cuidados aos nossos filhos, evitando recorrer aos avós. Optamos por cumprir as regras e cuidados preventivos fora e dentro de casa de forma rigorosa, elaboramos um plano de contingência familiar e ensinamos os nossos filhos sobre a lavagem correta das mãos e etiqueta respiratória. Fomos percebendo que não podíamos deixar que o medo nos paralisasse…. Tentamos focar-nos no que precisávamos de cumprir para não trazer os vírus para casa. Organizamos os dias de forma a que as crianças tivessem em casa atividades interessantes para elas – e isto foi, sem dúvida, um grande desafio. Olhando agora para trás percebo também que este tempo foi rico em jogos em família, refeições com tempo e cuidado, conversas e brincadeiras especiais… enfim… momentos em família. Este tempo permitiu-nos passar mais horas uns com os outros – e desta forma apurar o que melhor temos uns para os outros e o que temos de afinar para sermos melhor família. E talvez seja esta a grande aprendizagem que quero levar como mãe de família daqui para a frente – haja o que houver… juntos temos tudo para sermos felizes!
Joana Sousa, Relações Internacionais na Senvion PT
O isolamento pode fazer-nos sentir aborrecidos, mas também é uma oportunidade de passarmos mais tempo em família, para fazermos atividades para as quais não costumamos ter tempo e para estarmos mais próximos das crianças e adolescentes. Brincar com as crianças nem sempre é fácil e simples. No entanto, é uma das interações mais positivas que podemos ter com elas, ajudando a reduzir ansiedade, agitação ou “birras”.
Nesta fase, o mais importante é reforçar os comportamentos de tolerância, cooperação e afeto. Ao fim de mais de dois meses de confinamento, há famílias que olham para este período com cansaço. Porém, há também quem descreva estes tempos como uma oportunidade — e não esteja ansioso pelo desconfinamento.
As famílias estão mais próximas, convivendo mais. As empresas têm visto que o teletrabalho pode, sim, funcionar muito bem. Os estudantes estão a aprender a concentrar-se melhor sozinhos ao assistir a aulas online. Profissionais de Educação Física têm ensinado que não é preciso equipamentos de última geração e ambiente todo adaptado para que as pessoas se exercitem com regularidade. Tudo isto, passada a pandemia, tem condições para permanecer como grande aprendizagem para todos a ser mantida por anos e anos.
Talvez a principal das descobertas, até agora, tenha sido algo que não parece, assim, tão revelador, mas ganhou outra dimensão a partir do isolamento social: o quanto as pessoas de quem gostamos são importantes, e como apreciamos tê-las por perto. Mesmo as possibilidades abertas pela tecnologia – com troca de mensagens, fotografias, videochamadas, e até jogos online em grupo para descontrair – não bastam para substituir o calor humano.
Em momentos como este, quem mora sozinho percebe que a companhia dos seus entes queridos é importante e quem habita em família ou entre amigos tem um tempo extra para melhorar as relações. Afinal, estamos em família! Em nenhum momento da nossa vida tivemos uma oportunidade como esta de nos conhecermos melhor, explorarmos novos hábitos saudáveis que podemos sempre passar a incluir nas nossas rotinas, porque afinal o passeio domingueiro pelo centro comercial é perfeitamente e preferencialmente substituído por uma caminhada em família pela natureza. Vale a pena pensar nisto…
Ana Margarida Pinto, Empresária
Durante o tempo de isolamento, eu e a minha família tivemos a consciência de que se tratava de uma pandemia. Sempre tivemos a atenção de fazer tudo o que deveríamos fazer para nos proteger a nós e aos outros. Tempos difíceis, mas com muita força conseguimos segurar os nossos postos de trabalho. Os meus filhos foram sempre muito responsáveis e souberam superar tal situação. Neste momento estamos bem e a tentar levar a vida novamente com todos os cuidados.
Diana Rocha, Técnica Superior
Na nossa casa somos três. Eu e os meus dois filhos, de 15 e 2 anos. Nos últimos meses estivemos juntos 24 sobre 24 horas, não saímos para ir às compras, nem para passeios higiénicos. Na nossa casa é a mais nova que, com 2 anos e trissomia 21, pertence a um grupo de risco e os cuidados foram redobrados para a proteger. Mudámos todas as nossas rotinas. Não estivemos com família e amigos, as aulas foram online e com muitos trabalhos para fazer e o contacto com as terapeutas foi feito pelo telefone. Trabalhámos muito. Cumprimos horários. Procurámos minimizar o impacto do vírus no nosso dia a dia. Tivemos dias muito cansativos. De barulho e falta de paciência. De saudades. De birras. De noites sem dormir. De medos. Mas gostamos muito de estar em casa e gostamos, sobretudo, de estarmos juntos. Conversámos muito. Brincámos muito. Rimos muito. Crescemos juntos. Vencemos batalhas. Contámos histórias. E, não fosse a ansiedade e o medo do vírus que continuava lá fora, não fossem as notícias terríveis que nos chegavam todos os dias pela televisão, poderia ter sido uma pausa saudável na rotina dos dias.
E tudo vai passar, vamos poder viver novamente sem medo, livres para abraçar, livres para respirar sem barreiras, fazendo das pausas com os nossos o nosso modo de vida. Sem correrias. Sem pressas.
Edição 784 (28/05/2020)
O SETOR DA CULTURA NA REGIÃO DE LAFÕES
Numa fase em que o país vive no estado de calamidade pública, devido ao coronavírus (covid-19), como todos os setores, também o setor da Cultura enfrenta importantes desafios.
Em relação à temática da Cultura, já BOURDIEU afirmava que “a cultura é o conteúdo substancial da educação, sua fonte e sua justificação última […] uma não pode ser pensada sem a outra”. Deste modo, a cultura é um elemento que nutre todo o processo educacional e que tem um papel de suma importância na formação de um indivíduo crítico e de uma sociedade mais criativa.
A Cultura assume uma importância fulcral para a qualidade de vida nas regiões de maior interioridade. O seu potencial de inovação desencadeia um desenvolvimento dos territórios, ainda que passe pelo reviver das tradições, da história, dos usos e dos costumes das nossas gentes. Aprender a nossa história e as nossas raízes ajuda-nos a perceber melhor quem hoje somos e permite o despertar de consciências.
No entanto, hoje os “palcos” estão fechados. Os “holofotes” desligados. A vida mais colorida pelo lado cultural encontra-se sombria. Perante este cenário, pedimos a alguns dos principais interveniente para nos falarem do atual estado da Cultura, na Região de Lafões, especificando a situação de cada caso.
1- Qual o impacto desta situação do covid-19 no setor cultural?
2- Quais as medidas que pretendem tomar para que o setor cultural retome à “normalidade”, tendo em vista a promoção da cultura e o seu restabelecimento gradual?
Vereadora da Educação e da Cultura da Câmara Municipal de São Pedro do Sul, Dra. Teresa Sobrinho
– O setor cultural foi dos mais atingidos pela atual pandemia que vivemos, uma vez que a inibição da existência de ajuntamentos com mais de 10 pessoas inviabiliza qualquer atividade cultural presencial. Desta forma, todos os agentes culturais estão a passar um momento difícil, de paragem, no entanto, vejo que têm surgido manifestações culturais online, revelando a enorme capacidade que todos têm para se reinventarem e produzirem soluções criativas adaptadas à situação atual.
– Dependendo das restrições, assim que seja permitida a ocorrência de eventos culturais com pelo menos 100 pessoas, iremos desenvolver ações culturais enquadradas nas diretivas da DGS, de forma diversificada e programada.
Entretanto, a Câmara tem promovido online, através das redes sociais, a criatividade cultural, através de várias atividades, como o S. Pedro do Sul tem talento, hora do conto da Biblioteca Municipal e promoção da leitura, curiosidades sobre o concelho de S. Pedro do Sul e outras atividades diversificadas para levar a cabo no seio familiar.
Dra. Patrícia Lopes e Dra. Clara Vieira (Vereadora do Pelouro da Cultura, Educação e Desporto) Museu Municipal de Oliveira de Frades
A peculiaridade que se tem vivido nos últimos meses, devido à pandemia afetou e vai afetar a médio e longo prazo todos os setores da sociedade. Perante um cenário tão pessimista, o setor cultural revelou-se determinante para ultrapassar o confinamento a que todos nos vimos obrigados. Foi na cultura (música, cinema, literatura, arte, etc.) que encontramos algum alento para ultrapassar e vencer o tédio, o medo e, tantas vezes, a solidão. Neste sentido, a cultura mostrou aos mais céticos a sua importância na sociedade atual.
O estado de emergência decretado em março determinou o encerramento dos espaços culturais: Museu, Cineteatro, Biblioteca e ao cancelamento e/ou adiamento de muitos eventos e atividades por todo o concelho. Mas, o encerrar de portas não significou, de todo, um conformismo perante um período indeterminado de silêncio cultural. Reinventamo-nos! Apostamos, como tantas outras instituições, nos meios tecnológicos que temos ao dispor, o futuro das sociedades modernas.
Regularmente foram publicadas/divulgadas nas redes sociais e na página do Município sugestões de leitura, a rúbrica “A Hora do Conto”, sugestões de atividade física a praticar durante o período de confinamento, criou-se uma página de Facebook para o Museu Municipal onde se tem dado a conhecer o nosso património e a nossa história, com atividades, também, dirigidas aos mais novos.
O município foi, também, lançando desafios para em tempo de confinamento os atores culturais se manterem ativos. Exemplos disso foi o CriativArte e o Cantar Zeca Afonso em Casa, com prestações individuais e coletivas (bandas e coros); o desafio fotográfico “Oliveira da minha janela” convidou todos os cidadãos a mostrarem a paisagem vista de sua casa.
Na ausência de visitantes e/ou utilizadores, os espaços culturais e as infraestruturas turísticas, como é o caso dos percursos pedestre, têm sido alvo de manutenções necessárias de forma a melhorar a qualidade dos espaços. Procedeu-se à limpeza dos percursos pedestres, a equipa do Museu tem estado a trabalhar no tratamento das peças de madeira em exposição, um trabalho determinante para a manutenção do nosso passado.
Estamos a preparar os espaços para a reabertura a 1 de junho, seguindo as normas determinadas pela DGS. O que nos espera, não será, com toda a certeza, um período fácil, mas estamos convictos, que lentamente a “dita normalidade” se vai fazer chegar, os turistas, os visitantes e o público voltará a querer usufruir, sem medos, do que melhor o concelho de Oliveira de Frades tem para oferecer.
Relativamente à promoção da cultura e ao seu restabelecimento gradual parece-nos, ainda, muito prematuro pelo sentimento de receio que impera ainda na comunidade, enquanto as orientações das autoridades de saúde não forem aligeiradas, quaisquer medidas ou ações que o Município tome podem não sortir o efeito pretendido, que é o alavancar da cultura. Contudo, estamos atentos à prestação dos nossos atores culturais e na hora da retoma artística e recreativa poderão contar, como sempre, com o apoio deste Município.
Direção da Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões
A Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões, associação que conta já com mais de vinte anos de vida, tem como objetivo, primeiro a divulgação e promoção da cultura, tradições e gastronomia da região de Lafões. A atual situação de pandemia obrigou o cancelamento ou adiamento de todos os eventos públicos. A representação da nossa Confraria em cerimónias e atividades foram cessadas, respeitando as diretrizes da DGS. A cerimónia capitular, momento solene da nossa Confraria, agendado para o passado dia 9 de maio em São Pedro do Sul, foi cancelado, assim como todos os eventos de âmbito público.
Contudo, este isolamento não significou, de todo, uma interrupção na atividade corrente desta Associação. A Direção da Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões tinha definido para o ano de 2020 um plano de atividades bastante ambicioso e, apesar da realidade que estamos a viver neste momento, temos conseguido cumprir alguns dos objetivos traçados. Temos trabalhado em alguns projetos que ambicionamos concluir a médio prazo, como: o desenvolvimento, promoção e publicação da Rota do Vinho de Lafões; promover uma homenagem ao Chefe Silva, fundador da nossa Confraria e figura ímpar no cenário da gastronomia nacional; divulgação dos produtos mais característicos da nossa região na plataforma Tradicional.pt.
O confinamento social, durante os últimos dois meses, não representou, de todo, uma interrupção no cumprimento dos objetivos da nossa Confraria: divulgar e promover a Região de Lafões.
Aos poucos, e cumprindo as normas ditadas pela DGS, pretendemos retomar as atividades e representações públicas e levar o nome de Lafões e a nossa cultura, tradições e cultura por todo o país.
Mário Almeida, Presidente da Associação Recreativa e Cultural de Santa Cruz da Trapa
1 – Em primeiro lugar, naturalmente, implicou o fim de toda a atividade cultural, decorrente da situação sanitária que o país vive e do Estado de Emergência decretado pelo governo. Depois um tremendo impacto financeiro.
A Associação Recreativa e Cultural de Santa Cruz da Trapa tem tido nos últimos anos uma atividade cultural intensa e que ultrapassa as nossas fronteiras concelhias. Vai desde o teatro, de uma Escola de Música que conta já com 90 alunos, de aulas de Robótica, da organização do Carnaval de Santa Cruz da Trapa, do “Maio Florido” (com várias atividades que decorrem no mês de maio) e da organização da Feira do Livro em associação com o Agrupamento de Escolas de Santa Cruz da Trapa. Promove, no Centro Cultural, várias atividades ao longo do ano, como sejam Noites de Poesia, Noites de Cinema, Noites de Fado, espetáculos musicais, promove também várias exposições ao longo do ano na Galeria da Casa do Povo e disponibiliza um funcionário para abertura diária da Biblioteca César Rodrigues.
Todas estas atividades têm custos financeiros que são suportados, uma parte pela Junta de Freguesia para ajuda no pagamento do funcionário da Biblioteca, outra parte tem vindo da Câmara Municipal que nunca nos negou apoio sempre que tal foi solicitado para as nossas diversas atividades. Outra parte significativa do nosso sustento financeiro decorre das atividades que temos durante o ano e para as quais cobramos bilheteira. Neste último caso, não podendo realizar espetáculos nem ter receitas de bilheteira, vejo com grande dificuldade este final de ano e até o próximo.
2 – Para já estamos a contar com a ajuda, quer da Junta de Freguesia, quer da Câmara Municipal para ultrapassarmos todos juntos este período de enorme incerteza e evitarmos o fim da dinâmica cultural que Santa Cruz da Trapa tem tido nos últimos anos.
Por outro lado, queremos já no mês de junho promover alguma atividade de modo a retomarmos a nossa “normalidade” a pouco-e-pouco. Claro que qualquer atividade promovida pela nossa associação terá de ser sempre feita em acordo com as entidades responsáveis, quer Câmara Municipal, quer Autoridade de Saúde.
Temos neste momento, quase pronta, uma peça de teatro que, se tudo correr bem e não houver constrangimentos de Saúde Pública, contamos estrear ainda antes do fim do ano.
Pensamos também retomar as aulas de música no mês de setembro.
Mas, tudo isto dependerá, em muito, da situação pandémica que o mundo está a passar e de como ela irá evoluir.
Mas, uma coisa eu tenho a certeza, no fim “Vamos Ficar Todos Bem!”
Dra. Carla Maia, Vereadora do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Vouzela
– O setor da cultura, a par de outros, ou com mais incidência ainda, está a sofrer um forte abalo, devido às medidas decretadas com vista à contenção e mitigação da Covid-19. Foram adiadas e canceladas atividades que, na sua maioria, são o sustentáculo financeiro de muitas associações. A par disso foram também anuladas e adiadas várias atividades culturais promovidas pelo município que são fundamentais para a promoção e o desenvolvimento cultural e social das nossas comunidades (concertos, teatros, residências artísticas, workshops, rotas culturais, etc).
O Município de Vouzela está ciente do seu papel e da sua responsabilidade no setor cultural. Desde a primeira hora mostrou-se solidário e sensível para com o associativismo cultural do concelho, assumindo o compromisso de apoiar estas entidades neste momento tão delicado.
– Tendo em vista proteger a atividade cultural do município de Vouzela, nomeadamente das associações e coletividades locais, através da mitigação dos prejuízos causados pela pandemia da COVID-19, e que viram suspensas todas as iniciativas e contratações, a Câmara Municipal de Vouzela irá manter o compromisso com todas as entidades, mantendo a totalidade dos apoios previstos para 2020, bem como a antecipação na atribuição dos apoios financeiros anuais, tendo em vista a manutenção das respetivas estruturas de funcionamento.
Assim que for possível, iremos reprogramar todas as atividades culturais previstas para 2020.
Estaremos sempre atentos e disponíveis para divulgar e apoiar na realização de candidaturas financiadas pelas diversas entidades públicas e privadas para o setor cultural (DGartes; Gulbenkian…).
Adaptação, Paula Jorge
Num tempo em que até o tempo não sabe ser tempo
Onde as horas passam devagar com receio do vazio
Pedem que fiquemos em casa para salvar vidas
Sentimo-nos heróis quando algumas já estão perdidas
Num tempo de mudança para todos nós
Erguemos a esperança e falamos de amor
Palavras sentidas que agora fazem sentido
Aplaudimos os que lutam num combate sofrido
Damos as mãos em pensamento
Sentimos dor pelos que partem
Mantemo-nos em silêncio a sós
Para que a morte não se lembre de nós
Cada dia que passa é um degrau ultrapassado
Percebemos a dureza de ficar quieto, de ficar calado
Num tempo de mudança é preciso mudar
Os gestos que ajudam podem não ser os que saem à rua
Os gestos que ajudam podem ser tudo e nada
Os gestos que ajudam podem ser somente o silêncio da madrugada
Pedem que fiquemos em casa para salvar vidas
Reinventemo-nos e adaptemo-nos
Conheçamos um outro eu de mim mesmo
Este eu é estranho, nem sei se o conheço
Nem sei se com ele me pareço
Dou por mim num pensar diferente
Quando afinal só tento ser gente
Adaptação a um novo mundo
Adaptação a novas formas de vida
Porque o futuro depende de nós hoje
Porque o futuro pode não ser o amanhã
Porque o futuro depende da nossa mente sã
Para de ser vítima
A tempestade está sobre todos nós
O desanimo espreita em cada esquina
A tristeza de tudo perdido é global
O desassossego gera frustração
A incerteza conduz à desilusão
O poeta dizia “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”
Nada faz mais sentido agora
Sonhos suspensos, guardados, bem guardados
Filhos que choram à espera do aconchego da Mãe
Esse dia vai chegar
Vai chegar para todos nós
Se vamos todos ficar bem?
O nosso acreditar é como o sal
Dá tempero ao sonho e à confiança
Dá tempero à longa espera
Dá tempero ao anseio de uma criança
O nosso acreditar é como mel
Cura com suavidade a tristeza
Desperta para caminhos reais
Faz-nos acordar para a vida
Vida! Vida que há uns tempos relativizaram, dentro de contextos, teorias, teses e mestrados…
Vida que é dádiva!
Vida que é entrega!
Vida que é amor!
Vida que és tu!
Sou eu, somos nós!
Vida que também é dor!
Vida que é o bem de maior valor!
(Perante o estado de emergência por causa do coronavírus, covid19 – 06/04/20).
Edição 783 (14/05/2020)
O SETOR FLORESTAL NA REGIÃO DE LAFÕES
Numa fase em que o estado de emergência dá lugar ao estado de calamidade, devido ao coronavírus (covid-19), como todos os setores, também o setor florestal enfrenta, na atualidade, importantes desafios.
Desde logo, os riscos à sustentabilidade dos recursos florestais, o aumento da incidência de incêndios, o uso de matérias-primas nacionais de base florestal, a exploração ilegal de madeira e de produtos florestais, a fiscalização da limpeza de terrenos florestais, por parte da Guarda Nacional Republicana, e consequentes multas pelo incumprimento, entre outros.
A crise sanitária mostrou as graves carências e desigualdades da sociedade e as debilidades da economia com uma grande dependência externa. Neste contexto, e não esquecendo o período crítico dos fogos florestais – com os tão bem conhecidos impactos ambientais, económicos, territoriais, sociais – questionamo-nos sobre o que foi feito para garantir a proteção civil, para alterar a floresta, para defender o ambiente e a economia local, e o que é necessário ainda fazer.
Perante este cenário, pedimos a alguns dos principais intervenientes para nos falarem da situação atual relativamente a:
1- Questões estruturais de organização de produção e de florestação (ordenamento e planeamento).
2- Preparação da época de incêndios.
Paulo Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Frades
1 – O problema da floresta na Região de Lafões é comum à maioria dos territórios, sobretudo a norte do Tejo. É uma floresta caracterizada por pequenas parcelas de natureza privada e, na maioria dos casos sem qualquer tipo de gestão, uma vez que, por um lado, devido à sua pequena estrutura, não é rentável e, por outro, os riscos que lhe estão associados, não garantem o retorno do investimento. Associado a estes dois problemas, o despovoamento, o envelhecimento da população residente e os fracos recursos económicos dos proprietários, acentuam esse abandono.
Ao longo dos anos, as várias medidas que têm sido legisladas pelo Governo Central, têm-se revelado insuficientes e não têm conseguido alterar o estado em que se encontram estes espaços. Note-se, por exemplo, o caso das Zonas de Intervenção Florestal, medida que não tem agregado vontades no sentido de garantir uma melhor gestão florestal e diminuição do risco.
No concelho de Oliveira de Frades a espécie florestal dominante continua a ser o eucalipto e o Município não dispõe de ferramentas para garantir o desejado equilíbrio de espécies e assim, tornar a floresta mais resiliente aos agentes bióticos e abióticos. Sobre este assunto, refira-se que o Plano Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral veio tornar ainda mais difícil o equilíbrio entre as diferentes espécies, uma vez que, até na sub-região homogénea do Caramulo, região de montanha e que devia ter outros objetivos que não a produção, permite a plantação de eucaliptos.
Os Municípios, no domínio florestal, possuem poucas atribuições e competências, por isso o Estado deve ser mais interventivo e desenhar nova legislação que aproxime os objetivos a atingir, à realidade existente e assim, ultrapassar os problemas crónicos deste setor.
2 – Uma das grandes preocupações do município são os incêndios florestais, pelos vastos prejuízos que causam a nível social, económico e ambiental. Anualmente, o município tem mantido operacional a sua vasta rede regional de defesa da floresta contra incêndios, nomeadamente a rede viária florestal e rede de pontos de água. Este ano, está-se a fazer um grande esforço financeiro para executar a faixa de gestão de Combustível da ZIOF, de forma a dar mais segurança a uma área que foi dizimada pelo grande incêndio de outubro de 2017. O Plano Operacional Municipal para este ano também já se encontra aprovado e nele são garantidas, entre outras coisas, o planeamento das ações de vigilância entre todas as entidades que participam para este fim. Espera-se que haja uma maior consciência das pessoas no uso do fogo e assim, evitar ignições que podem originar grandes e novas calamidades.
Comandante José Pereira – Corpo Voluntário de Salvação Pública de S. Pedro do Sul
A época da defesa contra incêndios florestais começa no próximo dia 15 de maio e dilata-se até dia 15 de outubro. A prorrogação deste prazo dependerá de um conjunto de circunstâncias onde pesará as condições climatéricas.
Neste momento, e apesar de todos os constrangimentos associados ao COVID-19, a época que se aproxima, a época mais propícia aos incêndios florestais, é uma época que levanta grandes desafios a toda a estrutura da proteção civil.
Temos, em primeiro lugar, de cuidar da segurança e saúde dos operacionais para que o dispositivo de combate a incêndios não colapse. Por outro lado, não podemos descuidar a defesa da vida dos outros e dos seus bens.
Contudo, apesar de todas as vicissitudes deste tempo histórico e imemorável para todos nós, os Bombeiros continuam a ser exemplo de solidariedade e de coragem, a dar de si em prol dos outros e do bem comum que é a floresta. Este ano podemos contar com a disponibilidade para formar dois ECIN e um ELAC contando com o apoio da EIP. Sendo que no nosso concelho podemos contar com três destas Equipas que se encontram presentes nos três Quartéis.
Coordenador Técnico Engenheiro Rui Machado, Cooperativa Três Serras de Lafões
1 – No contexto atual em que vivemos, não pela situação da pandemia, mas pela desertificação progressiva dos meios rurais, cada vez mais os territórios vão ficando abandonados. Se não temos pessoas no território não temos gestão desses mesmos territórios.
A organização estrutural do nosso território no que respeita aos meios rurais, tem que ter um ordenamento e planeamento a longo prazo. Não podemos implementar medidas que vão servir apenas alguns interesses por um curto espaço de tempo. Temos que criar uma estrutura local que permita atrair pessoas para os territórios mais desertificados e desfavorecidos, temos que criar estruturas de produção local que valorize os produtos locais e potencie essas economias. Temos que fomentar cada vez mais as ZIF (zonas de Intervenção Florestal), de forma a fazer uma gestão do território em substituição dos proprietários. Essa gestão tem muitas vantagens, pois permite obter mais facilmente apoios à gestão, sem que os proprietários percam a titularidade e a gestão das suas propriedades. Sendo a floresta, um setor de fraca rentabilidade ou de rentabilidade a longo prazo, é importante fazer uma gestão concertada de todos os recursos florestais ou os que da floresta provenham, tais como a produção de cogumelos, a associação da apicultura em meio florestal, a associação de silvo pastorícia, etc. A silvo pastorícia pode ser o melhor exemplo de gestão em florestas de minifúndio, pois irá permitir uma gestão dos matos e ao mesmo tempo obter alguma rentabilidade com a produção pecuária. Estes modelos de silvo pastorícia através da utilização de cabras e eventualmente bovinos (Vitela de Lafões), pode perfeitamente ser implementado em áreas de ZIF, onde as áreas não têm qualquer tipo de gestão por parte dos proprietários.
2 – Relativamente à preparação da época de incêndios, tenho apenas a dizer que a melhor preparação que se pode fazer é a prevenção.
O valor orçamental alocado ao combate é pesadíssimo, ainda assim vamos assistindo todos os anos os mesmos intervenientes a lamentarem-se que não têm meios suficientes. Em incêndios como os de 15 de outubro de 2017, não há meios possíveis para combater incêndios dessa dimensão.
Se o estado transferir 50% do apoio alocado ao combate na prevenção, os resultados iriam surgir a curto e médio prazo. Essa gestão preventiva iria trazer muitas mais-valias para as economias locais.
Ainda relativamente aos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios, para que servirão tantas imposições e previsões de faixas de gestão de combustíveis, se depois o estado não disponibiliza apoios para essa gestão.
Não há nenhuma autarquia que tenha capacidade financeira para poder fazer essa gestão todos os anos.
Comandante Francisco Lima – Bombeiros Voluntários de Santa Cruz da Trapa
1 – No que diz respeito às questões colocadas, as mesmas mereceram a minha melhor atenção, mas na primeira questão não sou o melhor suporte/apoio à resposta mais adequada e profissional.
Posso dar uma opinião pessoal no que diz respeito a quando falha a limpeza, organização, fiscalização e deteção, o problema vai cair sobre os Bombeiros, ou seja:
Incêndios grandes, a arder com intensidade, junto a aglomerados populacionais em que os Bombeiros abandonam a estratégia de combater as frentes para proteger as populações e consequentemente essas frentes aumentam e tornam-se maiores.
Incêndios grandes com muitos meios (veículos e operacionais), meios aéreos, ou seja, fatura enorme para nós contribuintes.
Depois, o risco para os civis e quem combate os incêndios sem esquecer toda a vida que está na floresta.
Continuo a pensar, que depois de grandes áreas ardidas, se perde a oportunidade de reflorestar ordenadamente havendo harmonia entre a floresta e o meio urbano.
2 – No que diz respeito à preparação do Dispositivo Especial de Combate a incêndios Rurais 2020 (DECIR), está um pouco colado ao dispositivo do ano anterior, com um reforço de meios a partir de 15 de maio e reforço ainda mais musculado a partir de 1 de julho.
O nosso Corpo de Bombeiros é provido de meios operacionais muito bons, fruto de um esforço por parte da Direção em que o entendimento com o Comando é eficaz.
Estaremos preparados com os nossos meios para o mais rapidamente conseguir extinguir os incêndios, pois nos primeiros instantes é que se consegue combater os maiores dos maiores.
António Giestas, Produtor Florestal
A Serra que eu conheço:
Em poucas gerações a serra sofreu profundas transformações, sempre se adaptando às novas necessidades das populações; passou de zona de pastoreio intensivo com encabeçamento elevado, pontuando aquém e além alguns núcleos de carvalho e castanheiro, a uma floresta quase contínua de pinhal, que quer pela produção de madeira, como também pela exploração da resina, rapidamente se constituiu como importante fonte de rendimento para os proprietários.
Em virtude dos fogos florestais, que, de forma sistemática, foram devastado a região, os velhos carvalhos e castanheiros estão em extinção rápida e pelo mesmo motivo e ainda pelo aparecimento do nemátodo, o pinhal já não existe.
Entretanto, dos poucos exemplares de eucaliptos existentes há 50 anos, evoluiu-se para extensas áreas de eucaliptal, que têm garantido uma boa rentabilidade aos seus proprietários.
Depois do último grande incêndio, em outubro de 2017 e, por virtude dele, despertaram as sementes de giesta e sargaço que se encontravam há décadas dormentes. Os giestais atingem agora alturas de 4 metros, densidade de centenas de exemplares por metro quadrado e, nesta altura, transformam a serra num imenso mar de amarelo vivo.
O mesmo aconteceu com os eucaliptos nas áreas próximas de exemplares adultos.
Foram, entretanto, plantados alguns milhares de castanheiros de variedades comercias, que poderiam vir a tornar interessante a sua exploração; o aparecimento da galha do castanheiro e a falta de ações para o seu controlo, conduzirá, a breve prazo, à morte dessas árvores e à perda do investimento.
A floresta tradicional de folhosas não é rentável e a sua resistência aos grandes fogos, independentemente de se encontrar ou não limpa, não existe como ficou evidente com a morte de muitos exemplares jovens e também adultos.
A possibilidade de utilização de rebanhos de gado miúdo para controlo do coberto arbustivo seria uma boa solução, embora de difícil execução.
Os escassos programas de apoio a reflorestação são completamente inadequados às características da região, elegendo espécies sanitariamente ameaçadas, outras sem garantia de adaptação e, ainda, outras não rentáveis.
Espécies rentáveis, resistentes ao fogo e adaptadas à região, como o sobreiro ou a sequoia sempervirens não são elegíveis.
Vamos legar às próximas gerações uma serra pobre e a ideia, quase romântica, de ir dar um passeio à serra, deixará de fazer sentido.
Comandante Ribeiro de Almeida, Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de São Pedro do Sul
1 – O ordenamento do território é, fundamentalmente, para interação entre o homem e o espaço natural. Consiste no planeamento das ocupações, no potenciar do aproveitamento das infra-estruturas existentes e no assegurar da preservação de recursos limitados. Os diferentes planos, para serem eficazes, têm que ser enquadráveis a diversas escalas de análise. Um plano nacional de ordenamento do território tem que se basear na lógica dos planos das diferentes regiões.
O planeamento tem que ser pensado, compreendendo a estrutura das ocupações humanas: a sua diversidade, as suas inter-relações e interações e a complexidade das razões que justificam cada uma delas. São diversos os tipos de ocupação do homem no território.
2 – Este ano, com a atual situação que atravessa o nosso país, tivemos que preparar uma época diferente articulando sempre com a ANEPC.
Acreditamos que a partir de 15 de maio tudo esteja apostos para o início do dispositivo.
A época de incêndios vai ser diferente, derivado à situação do COVID19, desta forma, tivemos que repensar formas de os nossos operacionais estarem protegidos.
No sentido de mantermos proximidade com a nossa zona de atuação vamos manter durante o dispositivo a nossa secção, sediada em Sul (junto ao posto médico), aberta, sendo esta uma freguesia prioritária.
Rui Ladeira, Presidente da Câmara de Vouzela
1 – A floresta é uma parte muito importante do nosso ecossistema, constituindo um elemento fundamental para o seu equilíbrio.
É inegável a sua enorme importância na vida das pessoas.
Contudo, nos últimos tempos tem vindo a aumentar a destruição das florestas, por exemplo através dos incêndios florestais ou da sobre exploração, trazendo 3 grandes implicações:
Económicas – A floresta e as suas atividades conexas representam um peso importante na economia nacional. Se continuar o seu declínio as implicações serão óbvias na economia nacional.
Sociais – Muitas pessoas trabalham em áreas relacionadas com a floresta. Os problemas que têm vindo a surgir, relacionados com a floresta, podem conduzir ao desemprego, prejudicando milhares de famílias. Trata-se de um problema social, mas também económico, já que estimula o aumento da taxa de desemprego.
Ambientais – A diminuição da biodiversidade, pondo algumas espécies em perigo e levando a que outras desapareçam por completo.
As áreas que sofreram desflorestação rapidamente se tornam secas, dando lugar a vegetação de baixo porte ou à propagação de espécies de crescimento rápido (é demais evidente a proliferação de mimosas e eucaliptos nas áreas dos incêndios de outubro de 2017).
A emissão de dióxido de carbono será maior e também menor será o dióxido de carbono fixado pelas plantas e no solo, já que não existirão plantas para fazer a remoção do dióxido de carbono da atmosfera para a floresta.
A destruição da floresta leva ao desaparecimento da fauna e da flora, a uma elevada erosão do solo desprotegido, a uma modificação das bacias hidrográficas, muitas vezes com grandes prejuízos materiais e mesmo de vidas humanas.
O Município de Vouzela foi pioneiro na região e no país com a criação do Parque Natural Local Vouga-Caramulo (Vouzela), que veio introduzir algumas regras de ordenamento e planeamento dos espaços florestais, entre os quais a limitação de plantação de espécies de rápido crescimento a 80 % da área da parcela, sendo os restantes 20 % plantados com folhosas autóctones.
No seguimento dos fogos de 2017 que assolou o nosso concelho, vimos várias zonas serem invadidas por eucaliptos e espécies invasoras que se propagaram através de semente. O Município, em diversas áreas públicas, principalmente no Monte da Nossa Senhora do Castelo, já procedeu ao arranque dos eucaliptos bem como a constantes ações de limpeza bem como com a plantação de milhares de plantas de folhosas autóctones.
No que diz respeito à fiscalização das limpezas dos terrenos florestais, o Município de Vouzela tem 2 freguesias (Alcofra e Fornelo do Monte) classificadas como prioritárias.
A Guarda Nacional Republicana, dentro da sua missão, efetuou várias ações de fiscalização, identificando os locais que não se encontravam de acordo com a legislação em vigor.
Estes locais foram georeferenciados e identificados em mapas por povoações, trabalho esse levado a cabo pelo Gabinete Técnico Florestal da autarquia, tendo sido enviado para as juntas de Freguesia de Alcofra e Fornelo do Monte de forma a serem afixados nos locais de estilo das freguesias para avisar os donos dos terrenos da necessidade de limpeza e evitar as coimas.
O Município de Vouzela encontra-se a realizar os designados trabalhos de limpeza das Faixas de Gestão de Combustível às estradas municipais nas freguesias de Alcofra e Fornelo do Monte.
No âmbito da prevenção florestal destaca-se também o protocolo existente entre a Câmara Municipal e a Associação de Desenvolvimento Rural de Lafões, nomeadamente tendo em vista a concretização de trabalhos de limpeza e manutenção de percursos pedestres, Centro de BTT, ações de silvicultura preventiva, entre outros.
As questões das limpezas florestais estão interligadas com a produção de animais quer os pequenos ruminantes quer os bovinos, que são um complemento económico em muitos agregados populacionais.
Para tal, além dos concursos pecuários que anualmente são promovidos pela autarquia e pelos seus parceiros, está-se a delinear um apoio a este sector de atividade de forma a minimizar os efeitos das baixas rentabilidades deste território caracterizado pelo minifúndio e envelhecimento da população, agudizados pelas diversas calamidades dos últimos anos, como é o atual caso da COVID-19. A utilização de animais nas zonas serranas é fundamental para a diminuição da carga combustível.
2 – Saliento que é muito importante continuar a sensibilizar a comunidade (escolas e população em geral) a cuidar e preservar a floresta, com medidas tão simples como:
– Compartimentação da mancha florestal, alternando a floresta com áreas agrícolas;
– Criação de faixas ou manchas de descontinuidade;
– Manutenção da rede viária florestal em bom estado de circulação;
– Gestão adequada da floresta.
Por fim, há vários projetos e medidas que são fundamentais colocar no terreno, cruciais para o planeamento e ordenamento do território (agrícola e florestal):
– O cadastro simplificado
– A disponibilização de terras para empreendedores de forma ágil (banco de terras / bolsa de terras);
– As entidades de gestão florestal / fundos de investimento (agricultura, floresta e produção animal);
– Uma linha de apoio para os municípios procederem à beneficiação dos caminhos florestais;
– A necessidade de compensar os territórios e os proprietários que optem por manter espécies e produções de baixo crescimento e pouco inflamáveis (designado pagamento do Serviço dos Ecossistemas).
– Relativamente à segunda questão, já não se pode falar de uma época específica de incêndios, uma vez que dependendo das condições meteorológicas podemos ter incêndios todo o ano, podendo haver grandes incêndios em março / abril ou outubro / novembro.
Contudo, no que se refere ao designado período mais critico que se avizinha, o Município de Vouzela, à semelhança dos anos anteriores está, em conjunto com os demais parceiros no terreno (Bombeiros, Sapadores Florestais, GNR, Juntas de Freguesia, etc.) tem preparado o seu Plano Operacional Municipal, onde se encontram devidamente estabelecidos procedimentos e meios de atuação nos diversos pilares nos domínios da prevenção, primeira intervenção, combate, vigilância, etc.
Reforça-se também os diversos trabalhos executados e planeados:
Faixas de Gestão de Combustíveis nas estradas municipais nas freguesias prioritárias; Lançamento de procedimento concursal pelo município, sem qualquer poio do estado – 120 000€ de investimento na beneficiação de 53 km de caminhos florestais que foram bastante danificados pelos incêndios de 2017, bem como pelas tempestades Elsa e Fabien (proporcionando aos produtores florestais e diversos agentes de proteção civil de melhores condições de circulação e eventuais ações no terreno); identificação de locais estratégicos para postos de comando; ações de vistoria, limpeza e identificação de pontos de água, etc.
Vamos iniciar nos próximos meses a implementação de um projeto de requalificação de áreas afetadas pelos incêndios, com o objetivo de estabilização e benefícios das margens de linhas de água, contenção e estabilização de taludes, correspondendo a um investimento superior a meio milhão de euros.
Por outro lado, o Município de Vouzela teve ao longo dos últimos anos, e vai continuar no presente ano, uma equipa de vigilância e 1.º intervenção constituída por 2 elementos com uma viatura 4×4 com kit de 1ª intervenção, equipada com rádios de comunicações interligada com todas as equipas do sistema (Sapadores Florestais, Postos de Vigia, GNR, Bombeiros) sendo responsável pela vigilância na área poente do concelho. A área nascente será objeto de vigilância e 1ª intervenção pelas equipas de sapadores florestais.
Uma nota final muito importante de agradecimento e reconhecimento a todas as instituições públicas, associativas e empresariais pelo seu trabalho e pela forte cooperação que desenvolvem com o município. As associações representativas dos produtores e agricultores do setor têm desenvolvido também connosco uma relação muito estreita e profícua, com o desenvolvimento e implementação de projetos que vão ao encontro de algumas das necessidades de proteção e valorização da floresta e dos espaços rurais do concelho de Vouzela e da região.
António Bica, Advogado e Produtor Florestal
Desde a década de 1950 as aldeias das regiões do minifúndio passaram a despovoar-se, o que foi causado pela ocupação dos baldios pelos Serviços Florestais iniciada na década de 1940 e se intensificou, desde os primeiros anos da década de 1960 com a forte corrente migratória.
Com o acesso ao ensino da generalidade da população jovem e o consequente abandono da economia agrícola de subsistência, intensificou-se o despovoamento do país rural. O pastoreio do gado ruminante foi por isso diminuindo até quase desaparecer. E o mato deixou de ser roçado para as camas do gado, os fornos passaram a não ser acesos, a cozinha doméstica passou a usar gás como combustível, acabou o arrancamento das urzes arbustivas para das suas torgas se fazer carvão. Assim a vegetação arbustiva no sobcoberto do arvorado florestal e nos terrenos a mato passou a desenvolver-se sem o controlo que anteriormente era feito.
Dado que no norte do país a pluviosidade é elevada no Inverno, os matos desenvolvem-se bem e densamente na Primavera e no Verão. Assim, eclodindo fogo no Verão com tempo seco e vento forte, é quase impossível combatê-lo sem risco das vidas dos que lutam contra ele.
Por estas razões os terrenos a arvoredo florestal e a mato a norte do Tejo são, em regra, percorridos pelo fogo em prazo de cerca de 10 anos, destruindo progressivamente o arvoredo com passagem de áreas cada vez mais largas a mato, porque a frequência dos fogos dificulta e tende a impedir a regeneração natural do arvoredo.
Para que no Verão não ocorram fogos florestais significativos é necessário criar condições para que não eclodirem facilmente, e, se acontecerem, poderem ser dominados sem queimar grandes áreas e sobretudo sem pôr em risco vidas humanas, casas e outras edificações.
O aumento da temperatura ambiente devido às alterações climáticas será ainda mais grave nas regiões mediterrânicas e é indiciador de que podemos vir a sofrer em anos próximos novos picos de temperaturae possivelmente em prazos de tempo cada vez mais curtos.
Para além daquelas razões estruturais, as causas directas dos fogos florestais são o desleixo nas queimadas, cigarros lançados sem ser apagados, o ateamento para renovar pastos pelos poucos pastores das áreas de serra do interior norte e centro em terrenos não usados pelos seus donos e nos baldios, por negociantes de madeiras que procuram lucrar na compra de árvores queimadas, e outros criminosos por outras razões múltiplas, tendo as mais frequentes origem em desequilíbrios psicológicos potenciados por abuso de álcool e drogas.
O desenvolvimento da floresta no norte e centro do país é difícil se se continuar a queimar anualmente centenas de milhares de hectares de arvoredo florestal e de mato arborizável, como quase todos os anos tem acontecido, frequentemente com perda de vidas humanas. É necessário tomar medidas preventivas eficazes que dificultem a progressão dos fogos e facilitem a sua eficaz e pronta extinção, se se quiser ter floresta em Portugal.
O regime jurídico da cultura da floresta em Portugal tem de ter em conta que nas regiões de pequena e média propriedade florestal é necessário agrupar a gestão das propriedades a mato e a arvoredo florestal em unidades de exploração com área suficientemente grande. Estas unidades de gestão florestal (UGF) têm que ser organizadas com suficiente apoio público em todas as regiões de minifúndio, porque os donos dos terrenos florestais e a mato, não têm condições económicas para manter os matos roçados, ou por outros meios o seu crescimento controlado.
Para que os fogos florestais possam ser contidos e melhor combatidos, o modo mais económico de o fazer é por suficiente adensamento do arvoredo florestal de modo que a sombra impeça o mato de se desenvolver ou por conjugação da floresta com pastoreio extensivo no sobcoberto do arvoredo florestal de espécies folhosas. É preciso complementar estas medidas com a reserva de cerca de 10% da área de cada exploração florestal para corredores ecológicos com outras medidas a tomar pela administração pública local mediante investimento em faixas corta-fogos e pontos de água. Para isto é essencial a gestão agrupada e em escala.
Além destas medidas é indispensável que as entidades administradoras de vias públicas cortem anualmente rente ao solo pelo fim da primavera a vegetação arbustiva e a herbácea das bermas e do restante terreno público lateral às vias até aos prédios confinantes.
Se tudo o referido for conjugado com a manutenção de equipas de sapadores florestais e com o seu reforço onde necessário, poderão criar-se condições para que os fogos florestais que eclodirem sejam dominados antes de causar grandes prejuízos.
Devia o Estado ter previsto as consequências do inevitável desaparecimento das explorações agrícolas de subsistência e desenvolvido, na década de 1960 e nas seguintes, com políticas de instalação de indústrias e de produção de serviços nas zonas rurais do interior norte e centro. Em vez disso optou por desenvolver só o litoral. Por isso não pode agora o Estado deixar de desenvolver acções firmes e insistentes junto da União Europeia (UE) para financiar programas destinados a organizar a cultura da floresta, destinando-lhe também dinheiros públicos nacionais.
A prevenção dos fogos florestais, que interessa a todos os países europeus mediterrânicos, impõe concitar o empenho da EU na atribuição aos cultivadores de floresta ajudas anuais ao rendimento por hectare de floresta efectiva e adequadamente cultivada, desde que sejam seguidas práticas culturais adeqiuadas. Alterar em conformidade o regime da PAC (política agrícola comum), para o que se deve ter em conta e saber argumentar que o problema dos fogos florestais de Verão não é exclusivo de Portugal.
A atribuição de ajudas ao rendimento pela PAC deverá ter em conta, além da necessidade de manter o interior do país povoado, a redução dos gases com efeito de estufa, a preservação da fauna e da flora autóctones, a produção de valores paisagísticos, a criação e manutenção de aceiros sobretudo nas cumeadas e em volta dos povoados e de pontos de água para abastecimento dos meios de combate aos fogos e de estradões florestais.
A medida de atribuição de ajudas ao rendimento aos cultivadores de floresta nas regiões de minifúndio poderá não ser tomada senão a longo prazo mediante formação da correspondente decisão política ao nível dos órgãos políticos centrais do país e a seguir dos restantes países mediterrânicos.
Edição 782 (30/04/2020)
Estado de emergência
Fecho total ou parcial do comércio e de outros espaços na Região de Lafões
• Reportagem elaborada por Paula Jorge
Numa fase de estado de emergência, decretado pelo Presidente da República, devido ao coronavírus (covid19), muitos estabelecimentos comerciais e outros espaços tiveram que fechar total ou parcialmente.
O novo quadro legal diz que “são suspensas as atividades de comércio a retalho, com exceção daquelas que disponibilizam bens de primeira necessidade ou outros bens considerados essenciais na presente conjuntura”, sendo que não inclui “pequenos estabelecimentos de comércio a retalho e aqueles que prestem serviços de proximidade”.
Houve espaços que tiveram mesmo que fechar durante o estado de emergência, nomeadamente atividades recreativas, de lazer e diversão; atividades culturais e artísticas; atividades desportivas; atividades em espaços abertos; espaços de jogos e apostas; atividades de restauração; Termas e spas ou estabelecimentos afins.
– Perante este cenário, como estão os nossos comerciantes/empresários/dirigentes a lidar com a presente situação?
– Quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as atuais dificuldades, tendo em vista a promoção da economia local e o restabelecimento gradual da Região de Lafões?
Cabeleireira Teresa Bispo, Salão Nova Gente, São Pedro do Sul
Perante este cenário de pandemia que estamos a viver, como gerente do Salão Nova Gente, situado no Largo Solar da Lapa de São Pedro do Sul, posso dizer que têm sido tempos assustadores e nada fáceis de lidar.
No meu caso, fechei totalmente no dia 14 de março e assim se mantém a situação, semanas estas que contaram com noites mal dormidas a pensar como seria o próximo dia (mas sempre com muita fé).
Relativamente às dificuldades que me esperam, tenho noção que serão inúmeras. Foi-me informado que poderei abrir no dia 4 de maio com algumas exigências a seguir, entre muitas, passo a citar: “uso de máscaras (nós e clientes)” “toalhas descartáveis ou esterilizadas”, “desinfetante de mãos”, etc. Isto vai obviamente aumentar as despesas, mas estou positiva.
Alternativas para já não há muito a dizer, vou ver durante o mês de maio como vão correr as coisas e então aí se possível tomar alguma medida.
É uma situação que, a meu ver, estamos todos a aprender a gerir. De uma coisa tenho a certeza, farei todo o possível para que corra bem e cumprirei todas as medidas exigidas.
Anseio por dias melhores e apelo a todos os nossos queridos sampedrenses que não abandonem o nosso comércio local.
Esteticista Ana Carolina, Vaidosa por natureza, São Pedro do Sul
É uma situação muito complicada, tínhamos aberto portas há menos de 2 semanas quando foi decretado o estado de emergência. Tivemos de desinfetar todo o espaço e manter a esperança! No entanto, não ficamos paradas, investimos no nosso percurso profissional online, de modo a oferecer mais e melhor a todas as clientes! Acompanhamos todas a clientes da forma que nos foi possível, redes sociais, telemóvel, etc. Preparamos o nosso regresso, de forma a conseguir contornar os danos causados relativos a pandemia.
Abriremos, em princípio a 4 de maio, as nossas portas, de coração cheio. Vamos prolongar os 10% de desconto de abertura, recorremos a sorteios para cativar e mimar todas as nossas clientes! Queremos dinamizar o conceito de estética! Recorremos a kits exclusivos para cada cliente, de forma a que o material utilizado seja apenas seu, que terá um valor simbólico. Estenderemos os horários, para conseguirmos cobrir todas as desmarcações, devido ao covid-19. É no dar que se encontra o receber e por isso daremos o melhor de nós!
Há exigências que vamos cumprir rigorosamente: todas as clientes terão de utilizar máscara, no caso de não terem em sua posse nós fornecemos. Desinfetar as mãos à entrada. Não são permitidos acompanhantes no estabelecimento. Funcionaremos apenas por regime de marcação. As marcações terão um intervalo de 15 minutos para evitar contacto entre clientes. Todo o espaço será devidamente desinfetado entre as clientes. Como profissionais estaremos devidamente equipadas! No caso de tratamentos corporais, pedimos, se possível, que a cliente traga o seu toalhão de casa, para que se torne mais seguro. Vamos ter a disposição kits de manicure/pedicure para uso exclusivo de casa cliente, (num valor simbólico).
Empresário e gerente Paulo Almeida, loja de vestuário BE FUNKY e restaurante Boteco, São Pedro do Sul
– A situação que vivemos está a deixar os comerciantes e a economia local com sérias dificuldades de liquidez e mais que isso, de sobrevivência, a somar-se às dificuldades que já sentíamos motivadas pela concorrência dos grandes centros comerciais. Se já era difícil, numa situação destas de porta fechada torna-se insustentável.
No caso da Be Funky, tal como nos nossos colegas comerciantes de vestuário, estão em causa dificuldades de escoamento de stock de duas coleções de moda e que já estarão certamente condicionadas por este flagelo, porque dificilmente venderemos num espaço curto de tempo a coleção da época e dificilmente venderemos em próximas estações.
O caso do Boteco é diferente, pois este serviço permite que as compras sejam ajustadas ao volume de vendas e muito do stock, com validade prolongada, pode ser vendido mais para a frente no tempo.
Em termos de colaboradores, a Be Funky sentiu-se na necessidade de aderir ao Layoff, assegurando dessa forma o posto de trabalhado da colaboradora. Já no caso do Boteco, enquanto sócio gerente abdiquei do vencimento mensal para cumprir com compromissos com fornecedores e colaboradores.
Esperamos, dentro do que forem as diretrizes do governo e DGS, que se possa abrir tão breve quanto possível, em condições de segurança, para minimizar as perdas económicas de mais de um ou dois meses encerrados. Certamente, será fundamental, nessa altura, que a população aceda em massa ao comércio tradicional da nossa terra, para todos em conjunto minimizarmos os prejuízos provocados pela COVID-19. Faço por isso um apelo forte aos sampedrenses, que deem preferência ao comércio local, procurem primeiro os nossos estabelecimentos comerciais e só em caso de não encontrarem o produto pretendido o façam noutras soluções comerciais. Este gesto será decisivo!
– Ao Boteco, por força das normativas emanadas pelo governo, foi permitida a continuidade de laboração, ainda que noutros moldes. Fomos obrigados a reinventar o produto e passámos a servir em modo de take way e entregas ao domicílio num raio de 10 km para minimizar os prejuízos inerentes de termos a porta fechada.
Na Be Funky, tentamos chegar aos nossos clientes através das redes sociais, com a possibilidade de envio ou entrega do produto aos clientes, mas naturalmente o volume de vendas é residual, porque nem todas as pessoas gostam de comprar online, gostam de ver o produto, comparar com os demais, experimentar, perdendo-se uma das características que diferencia o comércio tradicional dos demais: a relação de proximidade cliente/vendedor e a personalização na venda.
Dr. Victor Leal, Presidente do Conselho de Administração da Termalistur, Termas de São Pedro do Sul
Esta é sem dúvida uma situação que nunca pensamos poder vir a viver e que nem nos nossos sonhos imaginamos vir a ser possível. As Termas de São Pedro do Sul fecharam as suas portas no passado dia 15 de março, isto após cerca de 2 semanas de trabalho já aplicando diversas medidas do nosso plano de contingência.
Como sabem, a maioria dos nossos clientes são público de risco acrescido e muito dele sofre de doenças crónicas, o que influencia enormemente o nosso desempenho. Estamos neste momento já a adotar medidas e proceder a intervenções nos edifícios, procurando alterar/adaptar circuitos e formas de prestar serviços, tendo em vista uma gradual abertura dos balneários termais. Embora as notícias sejam ainda incipientes e algo contraditórias, nalguns casos, esperamos poder vir a ter condições para abrir alguns serviços ao público na primeira quinzena de junho.
O que temos procurado é uma aposta mais forte na nossa loja online. Embora a aposta seja mais nos produtos dermocosméticos Aqva e na venda de alguns vouchers. E de igual modo uma presença e aposta forte nas redes sociais, tendo em vista manter a ligação ao nosso público e procurando despertar o interesse dos turistas e aquistas sobre as Termas de S. Pedro do Sul.
O mesmo temos feito através de contacto direto por via telefone.
Em parceria com o Município estamos a planear uma campanha publicitária e de promoção do destino para quando houver condições de mobilidade poder ser lançada.
Estamos crentes que com todas estas medidas e com a forte ligação que nos une aos nossos clientes iremos ultrapassar esta fase complexa e voltar gradualmente aos dados e valores anteriores.
Esteticista Cíntia Campos, Centro de Estética e Bem-Estar – Santa Cruz da Trapa
O enquadramento pandémico COVID-19, tem sido um forte golpe para o cenário económico local e, especificamente, para o meu centro de estética.
A título de enquadramento com a pandemia, devo dizer-lhe que foi uma situação particularmente preocupante para mim como profissional do ramo da Estética, até porque o contacto profissional-cliente é inevitavelmente próximo. O primeiro caso em Portugal registado, no dia 02 de março deixou-me a pensar “Mas a situação está controlada?” Senti que a situação não estava controlada e que estariam a surgir muitos mais casos do que o desejado com o anúncio do fecho das escolas , sendo que por iniciativa própria me antecipei a algumas recomendações e assim decidi encerrar logo a partir do dia 13 de março, sem que tivesse tido qualquer obrigação legal. Fi-lo de consciência e segundo diretrizes que me iam chegando pelo serviço que possuo contratado com empresa de Higiene e Segurança no Trabalho que, entretanto, já me tinham feito chegar o Plano de Contingência. Este foi o meu plano de atuação face à pandemia. Estou encerrada desde o dia 13 de março, suportando todas as despesas, sem qualquer tipo de apoio estatal até ao momento.
No geral, não sei se todos os comerciantes/empresários e dirigentes estarão ou não a proceder em conformidade, mas aparentemente sim. A ideia é que a população na generalidade está a cumprir com o imposto, com verdadeiro sentimento cívico, existindo no entanto alguma relutância, ainda, por parte de alguns poucos indivíduos.
A Região de Lafões, é uma região com características económicas e sociais bem marcadas que difere por exemplo e radicalmente com a zona onde cresci: Penafiel. É uma região com um enquadramento muito específico que se centra muito em duas ou três áreas de negócio francamente fortes, como a avicultura, o turismo e a função pública fundamentalmente, assim como um conjunto de pequenas empresas que como um todo representam também um forte cunho económico e de empregabilidade local.
Na minha opinião pessoal e que gostaria de ver posta em prática, seria que existisse apoio governamental e também autárquico local, de forma a que o impacto económico das pequenas empresas fosse salvaguardado, sem que com isso entrássemos em insolvência económica. Recordo que esta é uma crise gigante para os pequenos empresários que, face ao enquadramento económico da região em que estamos inseridos (interior do país), estamos todos a passar algumas dificuldades em dar resposta a despesas fixas mensais.
Não sei ainda bem em que moldes será restabelecida a economia, nem até que ponto o público sentirá à vontade de se expor a serviços que requerem algum contacto social. No entanto, propunha uma dinâmica geral de promoção do comércio local como um todo, incutindo as pessoas a valorizarem o comércio local que não só as grandes superfícies comerciais, fazendo escolhas locais para a aquisição de produtos e serviços, de modo a dar um cunho local mais efetivo.
Anseio, tal como todos, por melhores dias. Aguardo a comunicação das regras e recomendações para a reabertura dos estabelecimentos pelas autoridades, mas já me dediquei à pesquisa de boas prática de biosegurança, sendo que tudo passará por impor um conjunto de regras ainda mais efetivas às que sempre utilizei, como utilização de equipamento certificado de proteção individual para mim como para a cliente, como todas as medidas de higiene, desinfeção e esterilização de espaço, materiais e utensílios, serviços apenas por marcação e o que mais sirva para minimizar o risco.
Um agradecimento especial às minhas clientes, que desde o primeiro momento foram compreensivas e solidárias com este imprevisto, esperamos que momentâneo, porque entenderam que esta atitude se prende fundamentalmente por proteger a saúde, o nosso bem mais precioso. Força a todos: Compre local!
Coordenador Técnico Professor Carlos Pires, Academia de Andebol de São Pedro do Sul
A Academia de Andebol de São Pedro do Sul, à semelhança de muitas outras instituições, está com a sua atividade presencial suspensa. Este tem sido um período aproveitado para a formação de diversos agentes, treinadores e dirigentes, em ações promovidas pela Federação de Andebol de Portugal.
É uma altura de incertezas, numa época em que depositávamos muitas expectativas e investimento, pelo que, se não for possível encontrar soluções que minimizem as dificuldades que iremos encontrar se tornará muito difícil continuar a dar resposta a muitas das atividades que estávamos a desenvolver.
Do ponto de vista desportivo, no momento da suspensão, estávamos a disputar o acesso à 1ª divisão feminina, no escalão de seniores, e com a equipa colocada no 1º lugar, já na fase final da competição. Todas as atletas encaram com grande preocupação e angústia a possibilidade de que todo o esforço possa ter sido em vão, mas queremos acreditar que as autoridades competentes e reguladoras da competição saberão encontrar as melhores soluções. A equipa sénior masculina também estava apurada para disputar a Fase Final, neste caso para o acesso à 2ª divisão nacional, e preparava-se para iniciar essa etapa final com a ambição de conquistar um lugar que permitisse dar um salto importante, neste que é uma época de estreia do escalão no clube. Todos os restantes escalões encontravam-se em atividade e preocupa-nos esta interrupção nas rotinas e hábitos de trabalho que se encontravam alicerçados.
Do ponto de vista financeiro, a manutenção de muitos dos custos, num momento em que não estamos em atividade, é um fator de desestabilização, para o qual teremos que realizar alguns reajustamentos e que pode vir a ter implicações naquilo que será a nossa atividade na próxima época, de modo a não colocarmos em causa a sobrevivência da instituição.
O TERMAS ANDEBOL CUP constitui, para a Academia e para as gentes de São Pedro do Sul, um momento marcante da época. Na realidade, é um evento que traz a São Pedro do Sul muitos milhares de visitantes, entre atletas, treinadores, dirigentes e familiares, numa organização que representa a entrada de muitas dezenas de milhares de euros na nossa região, por conta dos gastos que todos estes visitantes realizam durante o tempo em que ficam instalados nas nossas unidades. O cancelamento deste evento implica graves dificuldades para o nosso clube, uma vez que o mesmo também constitui uma importante fonte de receita, por todas as atividades paralelas que organizamos à sua volta. Fazemos votos para que se encontrem, em colaboração com as entidades locais e parceiros privados, as soluções que nos permitam minimizar as implicações desta situação.
Sabemos que o final de toda esta situação ainda se apresenta incerto, mas não temos dúvidas de que irá acontecer e, nesse momento, será altura de as pessoas se unirem e encontrarem soluções comuns para as suas dificuldades, estabelecendo pontes comuns que lhes permitam rentabilizar ativos e minimizar custos.
Estamos também convictos de que será uma época de oportunidades e que inspirará todos a serem criativos e inovadores nas suas ações, procurando encarar de uma forma positiva toda esta problemática. Da nossa parte faremos chegar, a quem tem competências na área da educação, desenvolvimento desportivo e económico da nossa região, algumas propostas que nos ajudem, a todos, a ultrapassar este desafio.
No contacto com os atletas e depois de uma fase inicial em que, utilizando diversas plataformas digitais, fizemos chegar algumas propostas de trabalho e, depois de um período em que foi necessário esperar por algumas decisões do Ministério da Educação sobre a forma como o terceiro período estaria organizado, entramos num novo momento em que tentaremos manter os grupos unidos e ativos.
São tempos de mudança os que vivemos, mas também de adaptação, criação e oportunidade, em que o principal é cuidarmos da saúde pública e respeitarmos as indicações que nos são dadas, mas sem nunca perdermos a fé e a crença na nossa capacidade, nem o foco no que pretendemos alcançar. A Academia de Andebol de São Pedro do Sul tem procurado, desde a sua criação, contribuir para a formação integral dos jovens sampedrenses e, todos os seus membros, estão motivados para dar resposta aos desafios que nos esperam.
Fica o convite para que as gentes de São Pedro do Sul se façam sócios, por uma quota anual de 10,00 euros, podem solicitar o envio da ficha de sócio através do nosso mail (academia.andebol.sps@gmail.com), participando nas decisões que irão conduzir os destinos da nossa instituição. Fazemos Votos de que Todos Fiquem Bem!
Empresário de restauração/bar João Pedro, Bar Casa da Quinta, Termas de São Pedro do Sul
– Perante este cenário, no meu ramo em particular estamos com perdas de 100%, não faturamos 1€ vai fazer quase 2 meses e todas as nossas despesas se mantêm. Os apoios, além de tardios, não são suficientes para este ramo, no meu exemplo, o apoio que supostamente irei receber como trabalhador independente será de menos de ¼ do valor das minhas despesas mensais. Não sei como a maior parte dos empresários na restauração se irão aguentar e muitos deles vão ponderar se voltam a abrir, porque as perspetivas, depois disto, de conseguirmos recuperar são muito baixas. Penso que só mesmo com créditos muitos conseguirão aguentar.
Muitas famílias vivem da restauração e os lucros são o que se ganha no dia a dia, muitas pessoas não têm reservas de dinheiro para estar a pagar despesas para aguentar os negócios e sem nenhum retorno, a restauração e os seus fornecedores funcionam muito à semana, com o que se fatura aos fins de semana, por exemplo, não havendo faturação, não conseguimos pagar rendas, fornecedores, etc.
Sabemos que a região de Lafões vive uma altura muito complicada, devido à desertificação, mesmo os emigrantes, antes enchiam o verão inteiro, hoje em dia são os primeiros 15 dias de agosto e mesmo eles com menos poder de compra. O turismo nesta região é muito envelhecido (neste caso em particular, de risco) e este ano não deverão voltar a encher as nossas Termas, mas é um publico que pouco mexe a economia local, simplesmente hotéis e balneários, logo, com a falta de turismo já existente, com a falta de turismo que visite e deixe dinheiro na economia local e com este surto ainda pior vai ser para recuperar, vai ser um verão fraco, calculamos, e pelo que privamos uns com os outros estamos todos apreensivos no que nos pode acontecer.
– Na minha opinião, e como técnico de marketing e publicidade de formação, a única coisa que podemos fazer, será apostar forte na promoção e publicidade e agilizar entre todas as empresas que trabalham e estão diretamente ligadas ao turismo, métodos de atrair principalmente turistas portugueses, seja através das ofertas, seja através de promoções e baixa de preços.
Lafões tem uma beleza natural única, ótimos serviços hoteleiros e turismo rural, ótimos serviços de restauração, bons preços, só temos que fazer isto chegar aos portugueses que não fazem ideia do que esta região tem para oferecer.
No caso das Termas, baixar preços de tratamentos e preços de hotéis, que no caso dos particulares imagino que não seja fácil, porque todos vão querer recuperar o que perderam, mas não vejo outra solução.
A região de Lafões está a poucos km da grande cidade do distrito e com a centralização e a oferta que Viseu tem mais complicado é lutar contra isto.
Empresário Ricardo Figueiredo, Bar Roquivárius, São Pedro do Sul
O atual momento que vivemos é único, sem precedentes no país e no mundo, quer seja pela pandemia, quer pelo estado de emergência decretado, o que implica que gere em todos nós ansiedade. Enquanto gerente de um estabelecimento surgem receios acrescidos, quer pela própria doença em si, mas também por questões económicas. A suspensão completa da atividade do Roquivários aconteceu a 16 de março, mesmo antes de ser decretado o estado de emergência, por considerarmos a saúde pública uma prioridade. Neste momento estamos expectantes… aguardamos com a serenidade possível a reabertura, que sabemos que irá acontecer gradualmente e sob determinadas regras. Enquanto seres sociais esperamos que seja brevemente pelas saudades que sentimos dos nossos clientes e amigos, e porque a subsistência não só de um estabelecimento, mas sim de vários começa a estar em causa, numa cidade tão pequena como a nossa.
Dependendo das atividades fornecidas, é mais fácil para determinados grupos manter, embora diminuído algum do seu trabalho. No nosso caso é irrealista pensar que poderíamos manter alguma da atividade. A grande dificuldade que julgo ser geral, são as despesas certas mensalmente, numa altura em que a faturação é zero, já para não falar em perdas em produtos que as marcas não assumirão. Recebemos com bons olhos as medidas promovidas pelo Governo Português para ajudar a economia, mas francamente consideramos muito pouco e com algumas reticências, uma vez que nem todas são cumpridas. Das medidas propostas, existem aquelas de acesso muito restrito e outras que de alguma maneira “adiam” despesas certas, acrescidas ainda de juros, para a pós-pandemia, o que nos parece impensável, face à incerteza que se irá viver, relacionada com a manutenção de algum isolamento social e à imprevisibilidade de uma segunda vaga da doença Covid-19. Sabemos que há municípios que estão também a apoiar quer os cidadãos, quer as empresas locais, e vemos com bons olhos que isso aconteça futuramente no nosso concelho.
Esperamos que esta pandemia seja um marco no comportamento de todos enquanto cidadãos, e dos estabelecimentos/coletividades. É altura de valorizarmos o que é nosso e de individualmente contribuirmos positivamente para a nossa cidade, região e país. Do nosso ponto de vista a economia local deverá ser promovida agressivamente pelas próprias empresas, em estreita colaboração com as autarquias locais e o turismo do centro. Terá que ser reinventada e inovada, indo ao encontro de outros tipos de públicos, e esperamos que a população colabore, sob o risco da Região de Lafões definhar para o Mundo.
Dirigente Isaías Soares, União Desportiva Sampedrense, São Pedro do Sul
A união Desportiva Sampedrense, a partir do momento em que foi decretada pela Associação de Futebol de Viseu a suspensão dos campeonatos distritais de futebol, primeiro das camadas jovens e mais tarde dos campeonatos seniores, seguiu a mesma linha de conduta.
Foram suspensos todos os treinos dos vários escalões do clube, sem timing definido, na esperança de que a situação melhorasse rapidamente.
Como sabemos, infelizmente a evolução da pandemia vem-se arrastando no tempo e os campeonatos foram dados como concluídos, estando neste momento a Associação de Futebol de Viseu a ouvir a opinião dos clubes e agentes desportivos sobre a melhor forma de atribuição de títulos, subidas e descidas de divisão, etc.
Assim sendo, a UDS aguarda decisões, com toda a sua atividade suspensa, tentando cumprir os seus compromissos, pois não nos podemos esquecer, mais uma vez, dos objetivos traçados no início da época e que temos vindo paulatinamente a alcançar.
Como para a maioria dos clubes, esta crise foi um soco no estômago da UDS, pois deixou a meio um trabalho exemplar, que vinha a dar frutos e, pior do que isso, temos consciência de que os próximos anos serão de dificuldades acrescidas, pois a disponibilidade financeira daqueles que estavam do nosso lado, sobretudo os nossos patrocinadores não será a mesma do passado recente.
Estava prevista uma Assembleia Geral para os sócios da UDS em final de março, com o intuito de apresentação de contas e eleições, uma vez que não aconteceu, ansiamos que a situação atual do covid-19 melhore rapidamente, para que agendemos nova Assembleia e a futura direção assuma os destinos do clube, fazendo votos para que continue o trabalho realizado na última época.
Apesar das dificuldades que se avizinham, continuamos a apelar às gentes de São Pedro do Sul que a união faz a força e lembrar que no próximo ano o clube fará 75 anos de vida, mais um motivo para que estejamos unidos em volta deste clube, que julgamos, em breve voltará a recuperar o seu lugar no futebol do distrito.
Para concluir, dizer apenas que continuamos a contar com os nossos meninos para a próxima época, o clube é deles e é com eles que iremos reerguer a UDS.
Manuel Marques, Papelaria Vouga, São Pedro do Sul
Esta pandemia poderá ser a machadada final no comércio de rua, acho que se deveriam ter tomado outro tipo de medidas para atenuar a crise que se avizinha, com proteção adequada, desinfetante, máscaras, etc., tudo o que fosse necessário até ao ponto de se atender à porta. Como se pode entender que tenham obrigado a encerrar o pequeno comércio, quando autorizam a abertura das médias e grandes superfícies?! Onde se vende de tudo, desde vestuário, calçado, ferramentas, peças de automóvel, livros, etc. No meu caso, como não encerrei, adotei desde o início as devidas precauções, um cliente de cada vez, barreira de proteção em acrílico, álcool gel desinfetante para mim e para os clientes. Acho que outros negócios poderiam ter aberto sem grandes problemas, porque as pessoas na rua eram poucas devido ao dever de confinamento. Vamos ver quantos pequenos negócios de rua vão reabrir depois desta pandemia. Não digo que tenha saído o Euromilhões às grandes superfícies, porque também tiveram quebras, mas pelo menos receberam o prémio do “Milhão”.
Mais do que nunca o Município e as instituições particulares de solidariedade social vão ter um papel de extrema importância. A crise económica vai ser profunda e é preciso que ninguém fique para trás, temos que acabar com as querelas partidárias, primeiro somos São-Pedrenses, e só depois somos de um determinado partido, religião ou clube de futebol. Devemos unir-nos para o bem comum, temos que ser solidários, não basta de três em três meses darmos um kg de arroz ou uma lata de salchichas no peditório do banco alimentar e irmos para casa de consciência tranquila. Vamos ter uma solidariedade ativa, todos os dias vai haver alguém que precisa de nós. Não é tempo de festas nem festivais, todos os euros que o município possa disponibilizar para ajuda aos carenciados será bem-vindo. Para a restauração, termalismo e hotelaria prevejo situações aflitivas, as pessoas vão ter receio de frequentar sítios fechados e grandes aglomerados, a retoma vai ser lenta e duradoura. E para terminar deixo uma frase de Marquês de Alorna ao rei D. José, aquando do terramoto de 1755, “Sepultar os mortos, cuidar dos vivos, fechar os portos” eu acrescento “e os aeroportos”.
Boa sorte para todos.
Cabeleireira Laura Cardoso, Salão Nova Imagem, São Pedro do Sul
O Salão Nova Imagem é uma sociedade constituída por um cabeleireiro de Isabel Regueira e Laura Cardoso. Por nossa decisão, fechámos o salão a 14 de março, porque achámos que era a melhor atitude a tomar devido à situação atual. Logo depois, foi decretado Estado de Emergência e somos uma das atividades que não podem abrir. Não termos forma de conseguir contornar a não faturação. Quando for permitido voltar ao serviço, creio que a principal dificuldade vai ser aprender a como nos proteger e a todos os clientes. Esperamos por toda a ajuda que o governo/associação de cabeleireiros nos vai dar em termos de regras e precauções. Temos que nos adaptar a uma nova realidade e enfrentá-la com toda a responsabilidade. Vai ser difícil? Vai. Não sei se vamos conseguir recuperar tão cedo, principalmente porque somos sócias gerentes e pelos vistos não somos abrangidas pelos apoios.
Vamos ver.
Empresário de restauração Carlos Laranjeira, Restaurante Laranjeira, São Pedro do Sul
Encontro-me preocupado com a situação atual, porque não está fácil gerir as despesas com o comércio fechado, mas satisfeito com as medidas que foram tomadas, porque o mais importante é a saúde.
Uma solução para o futuro seria manter os preços dos combustíveis como estão atualmente, não aumentar os impostos, baixar o preço da energia elétrica e não se esquecerem que Portugal é mais que Lisboa e Porto.
Edição 781 (16/04/2020)
Economia local da Região de Lafões
• Reportagem elaborada por Paula Jorge
Numa fase de estado de emergência, devido ao coronavírus (covid19) e com o fecho dos mercados locais, os produtores/agricultores da região de Lafões têm dificuldades em escoar os seus produtos.
– Perante este cenário, quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as dificuldades dos agricultores/produtores locais?
– Será que os mercados locais, desde que adiram a um adequado plano de contingência, não poderiam ser essenciais para fornecer alimentos frescos e de qualidade aos consumidores?
Fechar os mercados não será uma medida que somente serve para privilegiar as grandes superfícies? Nelas os produtos vêm de longe, com uma gigantesca pegada ecológica e não têm a frescura nem a sazonalidade dos mercados de produtores nos quais os produtos vêm da proximidade.
– O que pensam os intervenientes de todo este processo com vista à promoção da economia local da Região de Lafões?
ADRL (Associação de Desenvolvimento Rural de Lafões)
Gazeta da Beira- Sr. Padre João Rodrigues, como Presidente da ADRL (Associação de Desenvolvimento Rural de Lafões), pedia-lhe que nos referisse como estão – neste atual estado de emergência, devido ao coronavírus (covid19) e com o fecho dos mercados locais – os produtores da Região de Lafões a escoar os seus produtos?
Perante este cenário, quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as dificuldades dos agricultores/produtores locais?
Sr. Padre João Rodrigues (ADRL) – “No sentido de se poder dar uma resposta à Gazeta, não tanto do presidente como sobretudo da ESTRUTURA /ADRL, sugere-se a criação de uma marca que, para além de mobilizadora, possa ser historicamente unificadora no âmbito da BIOREGIÃO. Essa MARCA poderia ser – Produtos CALDAS DE LAFÕES – o antigo concelho de todo este território. Se a ADRL colaborar na elaboração deste projecto, a Cooperativa Mais Além poderá assumir o encargo de GESTÃO dessa marca. No entanto, considero mais oportuno e útil à Região uma abordagem sobre as SOLUÇÕES JÁ EM CURSO e respectivos condicionamentos.
Atendendo a que os 3 Municípios já promovem os seus MERCADOS LOCAIS, seriam os Serviços que acompanham esses mesmos Mercados que deveriam promover um DEBATE ALARGADO com as respectivas freguesias no sentido de uma AVALIAÇÃO e eventuais correcções.
Se a Gazeta puder facilitar essa SENSIBILIZAÇÂO CÍVICA estará por certo a fazer um bom trabalho não deixando a ADRL de cumprir a sua parte.
Na medida em que a actual crise possa ajudar a descobrir a MAIS VALIA que eram para a Região as movimentadas FEIRAS DE LAFÕES talvez por essa via se encontrem também novas oportunidades em ordem à promoção da Economia Local e respectiva fixação das Camadas Jovens.”
Sabores do Sul
Gazeta da Beira – Sr.ª D.ª Lucia Maria Ferreira, uma vez que é produtora da marca Sabores de Sul (licores e compotas e pão de ló húmido de milho, com molho de limão), pedia-lhe que nos referisse como estão – neste atual estado de emergência, devido ao coronavírus (covid19) e com o fecho dos mercados locais – os produtores do concelho de S. Pedro do Sul a escoar os seus produtos, podendo falar no seu caso em especial.
Lucia Ferreira – No meu caso, produzo licores, compotas, pão de ló de milho húmido sem glúten, biscoitos e chás, confecionados com ingredientes locais. Estava a escoar estes produtos em feiras, mercados tradicionais de S. Pedro do Sul e Vouzela, nas Termas de S. Pedro do Sul para venda na pastelaria D. Afonso Henriques aos turistas, mas tudo isso acabou. Tudo está fechado! Vejo-me, neste momento, com muito poucas encomendas e reduziu drasticamente o volume de vendas. Uma vez que fiquei desempregada, era esta atividade que estava a valer-me para fazer algum dinheiro.
Gazeta da Beira – Perante este cenário, quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as dificuldades dos agricultores/produtores locais? Será que os mercados locais, desde que adiram a um adequado plano de contingência, não poderiam ser muito importantes para fornecer alimentos frescos e de qualidade aos consumidores?
Lucia Ferreira – Estou neste momento a experimentar fazer alguns cabazes com os meus produtos e a contactar as pessoas através da internet, caso queiram encomendar entregarei ao domicílio na zona de S. Pedro do Sul. Mas sim, acho que os mercados locais deveriam também abrir para nos ajudar nesta hora de dificuldades. No entanto, penso que como as pessoas não devem sair de casa se calhar uma boa solução será entregar ao domicílio e para isso todos precisamos de publicitar o que temos para entrega. Acho que se quisermos dar a volta a isto, temos de entregar em casa. Aqui toda a imprensa local seria muito importante para nos ajudar.
Mel da Serra de S. Macário
Gazeta da Beira – Sr. Paulo Vinagre, uma vez que é produtor da marca Mel da Serra do S. Macário, pedia-lhe que nos referisse como estão – neste atual estado de emergência, devido ao coronavírus (covid19) e com o fecho dos mercados locais – os produtores do concelho de S. Pedro do Sul a escoar os seus produtos, podendo falar no seu caso em especial.
Paulo Vinagre – No meu caso particular, dos outros produtores não tenho conhecimento, as vendas caíram muito, mas temos de criar alternativas, porque os clientes não podem sair de casa. Os pontos de venda do MEL DA SERRA DO SAO MACÁRIO estão fechados, com exceção de duas pastelarias/padarias. Como a maioria dos produtores da nossa Região, eu estou a ser afetado.
Gazeta da Beira – Perante este cenário, quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as dificuldades dos agricultores/produtores locais? Será que os mercados locais, desde que adiram a um adequado plano de contingência, não poderiam ser muito importantes para fornecer alimentos frescos e de qualidade aos consumidores?
Paulo Vinagre – Eu tenho adotado a venda direta ao cliente final, utilizando as redes sociais e telemóvel e está a ter alguma adesão. Envio ao cliente através dos CTT, ou vou eu fazer a entrega se for na Região. No entanto, como o cliente já conhece o Mel e não é para muitos considerado um bem essencial, não é fácil, porque são menos clientes.
Em relação aos mercados locais, nesta fase de Estado de Emergência Nacional, acho que deviam de ser criados cabazes diários de produtos frescos com a supervisão das entidades competentes e serem entregues por encomenda, para evitar ajuntamento de pessoas. Deste modo, eu com o mel da Serra do S. Macário, a Lúcia Ferreira com o pão de ló húmido de milho de Sul, o Costinha com o vinho de Lafões e a Nela com os enchidos, vamos lançar, nesta época da Páscoa, um cabaz que será entregue, mediante encomenda, ao consumidor final. Acho uma excelente iniciativa e outras de igual índole deveriam de ter lugar.
Não sei o tempo que esta crise provocada pelo Covid-19 irá durar, mas tem de ser feito alguma coisa, caso contrário alguns bens começarão a escassear na casa dos consumidores.
Quinta da Comenda
Gazeta da Beira – Sr. Ângelo Rocha, uma vez que é produtor biológico da marca Quinta da Comenda, pedia-lhe que nos referisse como estão – neste atual estado de emergência, devido ao coronavírus (covid19) e com o fecho dos mercados locais – os produtores do concelho de S. Pedro do Sul a escoar os seus produtos, podendo falar no seu caso em especial.
Gazeta da Beira – Perante este cenário, quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as dificuldades dos agricultores locais? Será que os mercados locais, desde que adiram a um adequado plano de contingência, não poderiam ser muito importantes para fornecer alimentos frescos e de qualidade aos consumidores?
Sr. Ângelo Rocha (Quinta da Comenda) – Os produtores biológicos de S. Pedro do Sul e dos concelhos limítrofes têm tido um aumento das encomendas pelo que têm conseguido escoar bem os seus produtos, tais como hortícolas, aromáticas frescas, citrinos, espargos, mel, vinho e carne. No estado atual está a haver um maior interesse pelos produtos biológicos de produção local, nomeadamente com as vendas diretas nas quintas. De salientar que os produtores biológicos têm estado a trabalhar incansavelmente todos os dias para amanhar os campos, semear, plantar, podar e tratar todas as suas culturas.
Rui Pinto – Produtor de Mel
Gazeta da Beira – Sr. Rui Pinto, uma vez que é produtor de Mel Multifloral e sei também que o seu sogro é produtor de hortícolas para transplantação, pedia-lhe que nos referisse como estão – neste atual estado de emergência, devido ao coronavírus (covid19) e com o fecho dos mercados locais/feiras – os produtores/agricultores do concelho de S. Pedro do Sul a escoar os seus produtos, podendo falar no vosso caso em especial.
Rui Pinto – Relativamente à pergunta em questão, devido ao covid-19 e com o fecho dos mercados locais/feiras, nós, produtores e agricultores, estamos com dificuldade em escoar os nossos produtos, sendo que os clientes habituais têm vindo à procura dos seus respetivos produtores, ou seja, têm vindo à nossa casa à procura de hortícolas. No entanto, noto, neste momento de epidemia, as pessoas querem plantar mais quantidade do que nos anos anteriores, principalmente cebolo e a procura de tomates; já pimentos, pepinos e outros produtos hortícolas não tem sido grande a procura.
Falando como produtor de mel não vejo necessidade de escoar o meu mel porque, por vezes, temos anos atípicos, onde não temos grande produção e salvaguardamos os nossos clientes habituais com o mel do ano anterior.
Gazeta da Beira – Perante este cenário, quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as dificuldades dos agricultores/produtores locais? Será que os mercados locais, desde que adiram a um adequado plano de contingência, não poderiam ser muito importantes para fornecer alimentos frescos e de qualidade aos consumidores?
Rui Pinto – Perante este cenário vejo que os consumidores têm interesse na compra dos produtos hortícolas, mas derivado à maior parte de os clientes serem pessoas idosas que, neste momento, são a classe de risco, não tem havido uma procura como nas feiras. Vejo que alguns clientes não estão consciencializados do risco à exposição de saírem de casa para comprar produtos, mas também tenho analisado que muitas pessoas estão cientes do risco, pedindo a pessoas mais novas ou vizinhos para levar as encomendas.
Concordo que os mercados locais são importantes, mas as pessoas estão longe de se adaptar à nova realidade, onde não devem continuar com os antigos hábitos, ou seja, tocar, apalpar, mexer nos legumes. Este ano todos nós, produtores, iremos ter um ano atípico de vendas que afeta todos os setores de atividade, no entanto, espero que passe rápido e que tudo e todos fiquem bem.
João Caseiro, Médico Veterinário Municipal de Vouzela
Gazeta da Beira – Dr. João Caseiro, Médico Veterinário Municipal de Vouzela, pedia-lhe que nos referisse como estão – neste atual estado de emergência, devido ao coronavírus (covid19) e com o fecho dos mercados locais – os produtores do concelho de Vouzela a escoar os seus produtos?
Perante este cenário, quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as dificuldades dos agricultores locais? Será que os mercados locais, desde que adiram a um adequado plano de contingência, não poderiam ser muito importantes para fornecer alimentos frescos e de qualidade aos consumidores?
João Caseiro – Estamos a atravessar um momento nunca antes vivido na nossa sociedade. O país inteiro está em estado de emergência.
Os produtores no nosso concelho são maioritariamente munícipes com idade mais avançada, população de risco muito elevado e que fazem uma agricultura de subsistência e em pequenas quantidades, pelo que o apelo é que fiquem em casa, evitem deslocações desnecessárias e contactos com outras pessoas. ESTA TEM DE SER A PRIORIDADE!
Os agricultores mais novos ou que produzam em maior quantidade têm, neste momento, de encontrar formas alternativas de escoar os seus produtos, nos estabelecimentos que estão abertos em Vouzela, vendas “on-line” ou entregas porta a porta.
O gabinete de desenvolvimento rural tem mantido, via telefone, um contacto próximo com os produtores locais, principalmente com os que produzem alimentos facilmente perecíveis, no sentido de perceber quais as dificuldades que enfrentam neste momento.
Na verdade, temos dado conta de duas realidades distintas. Alguns produtores diminuíram a sua produção para apenas fornecerem a clientes mais antigos, com base num negócio de confiança já estabelecido, evitando, assim, até a maioria dos contactos pessoais. Um produtor inclusive descrevia que a encomenda era feita telefonicamente, preparada na estufa, deixada em local combinado e o pagamento era deixado numa caixa para depois ser levantado e desinfetado, sem que fosse necessária a presença simultânea quer do vendedor, quer do comprador!
Outros produtores, nomeadamente os de frutos, só terão o seu pico de produção dentro de 1 a 1,5 meses, pelo que, neste momento, estão expectantes do que poderá ocorrer, principalmente os que dependem da exportação.
De um modo geral, pelos canais que já utilizavam e com os clientes habituais, os produtores ainda não apresentam uma dificuldade acrescida e insustentável no escoamento dos seus produtos.
Esta é uma avaliação que continuaremos a realizar no sentido de ir colmatando as dificuldades que vierem a ocorrer.
Face ao exposto, de forma consciente e responsável e em concordância com a autoridade de saúde local, no âmbito da prevenção do contágio e propagação do vírus SARS-COV-2 (COVID 19), de forma a evitar a proximidade entre vendedores e o aglomerado de compradores, o mercado municipal permanecerá, para já, suspenso.
No que diz respeito à pecuária, os talhos continuam abertos, pelo que cabritos, borregos e vitelos continuam a ser comercializados. Estou certo de que a época da Páscoa seria um bom momento de venda de cabritos e borregos, contudo, este ano os produtores venderão, obviamente, menos animais, facto que terá de ser tido em conta em futuras avaliações.
Cabe-me relembrar que continua a ser dado apoio nos subsídios agrícolas, assim como nas candidaturas de prejuízos provocados pelas tempestades ELSA e FABIAN. De igual modo é realizada sensibilização contínua para que os produtores evitem deslocações.
Fique em casa!
Quinta da Moitinha – Vinho de Lafões
Gazeta da Beira – Sr. António Costa, uma vez que é produtor da marca Quinta da Moitinha – Vinho de Lafões, pedia-lhe que nos referisse como estão – neste atual estado de emergência, devido ao coronavírus (covid19) e com o fecho dos mercados locais – os produtores do concelho de S. Pedro do Sul a escoar os seus produtos, podendo falar no seu caso em especial.
António Costa – Os produtores, devido a esta crise (covid 19), estão muito apreensivos, com dificuldades no escoamento dos produtos. O mercado tradicional, muito importante para o escoamento de muitos produtos locais, devido ao covid 19, não tem funcionado bem como a restauração.
O termalismo muito importante para a economia local, encontra-se encerrado e consequentemente toda a hotelaria.
Verifica-se, sim, o funcionamento das médias superfícies, que não consomem os produtos locais, as quais são abastecidas pelas suas centrais.
No meu caso, a situação está muito complicada, não há vendas, o evento que tinha previsto para o dia 28 de março, em Lisboa, foi cancelado, como também foram cancelados todos eventos previstos para abril, maio e junho, os custos de produção mantêm-se.
Gazeta da Beira – Perante este cenário, quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as dificuldades dos agricultores/produtores locais? Será que os mercados locais, desde que adiram a um adequado plano de contingência, não poderiam ser muito importantes para fornecer alimentos frescos e de qualidade aos consumidores?
António Costa – Para tentar minimizar toda esta situação é muito importante apoiar os produtores, não monetariamente, mas sim a ajuda na promoção dos produtos, nas várias plataformas existentes, promover o mercado tradicional, sensibilizar as pessoas, através de uma campanha bem estudada, para o consumo dos produtos.
Recuperar o termalismo é muito importante para a economia local e consequentemente para a hotelaria e para o escoamento dos produtos locais.
Deveria ser criado um grupo de trabalho, entre entidades públicas, hotelaria, restauração e os produtores locais para se estudar qual a melhor solução para seu escoamento.
Também é importante, nas ofertas que as entidades públicas fazem, nomeadamente a Câmara Municipal e a Termalistur, aquando da receção de convidados, oferecer cabazes com produtos da região acompanhados com produtos da Linha Aqva.
Vitor Figueiredo – Presidente da Câmara Municipal de S. Pedro do Sul
Gazeta da Beira – Sr. Presidente Vitor Figueiredo, pedia-lhe que nos referisse como estão – neste atual estado de emergência, devido ao coronavírus (covid19) e com o fecho dos mercados locais – os produtores do concelho de S. Pedro do Sul a escoar os seus produtos?
Vitor Figueiredo – Sabemos que os produtores estão com algumas dificuldades, pois fizeram as sementeiras e neste momento não conseguem escoar os seus produtos. O Município está a acompanhar esta situação e sabemos alguns produtores e as explorações Bio, por exemplo, que já usavam os meios digitais para vender os seus produtos, estão a fazer entregas ao domicílio e, em alguns casos, as vendas têm crescido, sobretudo para exportação.
Gazeta da Beira – Perante este cenário, quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as dificuldades dos agricultores locais? Será que os mercados locais, desde que adiram a um adequado plano de contingência, não poderiam ser muito importantes para fornecer alimentos frescos e de qualidade aos consumidores?
Vitor Figueiredo – A Câmara Municipal de S. Pedro do Sul está a tentar dar todo o apoio aos nossos produtores e por isso estamos a apelar, nas nossas redes sociais, à compra de cabazes com produtos locais, frescos e de qualidade, com a divulgação de uma base de dados com os contactos dos produtores. É essencial que a população apoie os nossos agricultores com a aquisição de frutas, legumes e outros, produzidos localmente. Estamos ainda a trabalhar numa plataforma de compras e vendas, conjuntamente com a Bioregião, para facilitar a comunicação entre produtores e consumidores, sobretudo no que toca ao produto disponível. Deixo novamente o apelo para que consumam o que é nosso e apoiem os produtores locais.
Paulo Ferreira – Presidente da Câmara de Oliveira de Frades
Gazeta da Beira – Sr. Presidente Paulo Ferreira, pedia-lhe que nos referisse como estão – neste atual estado de emergência, devido ao coronavírus (covid19) e com o fecho dos mercados locais – os produtores do concelho de Oliveira de Frades a escoar os seus produtos?
Paulo Ferreira – Quando analisamos o trabalho dos produtores locais, antes de analisarmos a fase final de escoamento do produto deve ser analisada as possíveis dificuldades que sentem nas suas produções. No âmbito agrícola toda a cadeia de plantação, tratamento e apanha pode estar condicionada em algumas situações no acesso a produtos de manutenção e possível redução na capacidade de apanha, pois poderá implicar um número mais alargado de trabalhadores em fases específicas para o efeito, com tempos curtos, o que devido às medidas de autoproteção poderão ter elevadas limitações. O escoamento implicará que a capacidade de produção se mantenha ou eleve em alguns produtos, sendo que a cadeia de resposta depende das parcerias que alguns produtores tenham com as superfícies comerciais. O nosso concelho tem poucos produtores agrícolas de larga escala, os pequenos produtores nesta fase poderão, em algumas situações, ter um aumento de procura pela população de proximidade para um acesso a produtos frescos e de qualidade, com redução de riscos associados à reduzida deslocação e encontros de aglomerados de pessoas.
Gazeta da Beira – Perante este cenário, quais são as alternativas possíveis para tentar minimizar as dificuldades dos agricultores locais? Será que os mercados locais, desde que adiram a um adequado plano de contingência, não poderiam ser muito importantes para fornecer alimentos frescos e de qualidade aos consumidores?
Paulo Ferreira – O cenário atual de combate à pandemia da COVID-19 é uma continua adaptação de medidas, quer municipais, quer dos produtores, de acordo também com as medidas governamentais de contingência, existindo uma progressiva atualização de apoios aos produtores e agricultores para fazerem face às dificuldades que encontram. O acesso à venda e aquisição aos produtos em mercados locais implica uma estruturação económica, organizacional e de proteção civil alargada, que irá surgindo no decurso das necessidades encontradas, numa resposta coerente, que implica uma integração plena das medidas a adotar por toda a população.
Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro
São Pedro do Sul, 26 de junho, domingo, 08h00
A sexta edição de “Juntos Venceremos o Cancro” voltou a ser um sucesso!
O sucesso da edição de “Juntos Venceremos o Cancro” de 2016 é bem visível
As previsões de uma grande adesão da comunidade à sexta edição da caminhada “Juntos Venceremos o Cancro” em São Pedro do Sul, no passado dia 26 de junho, domingo, numa iniciativa que começou às 08h00, foram largamente superadas.
Inscritos na ordem dos 1400 participantes.
Uma Caminhada que visa sensibilizar para adoção de estilos de vida saudáveis e informar sobre a Liga Portuguesa Contra
o Cancro e serviços que disponibiliza.
É a sexta edição consecutiva da Caminhada “Juntos Venceremos o Cancro”, organizada pelo Grupo de Voluntariado Comunitário de São Pedro do Sul do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, integrada nas Festas da Cidade e que
conta, como habitualmente, com grande adesão local.
No passado dia 26 de junho, domingo, o Grupo de Voluntariado de São Pedro do Sul, do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), promoveu a sexta edição da caminhada “Juntos Venceremos o Cancro”. O preço da inscrição foi como no ano passado, um valor simbólico de cinco euros, incluindo a oferta de uma t-shirt, folhetos informativos, água e fruta.
A concentração e distribuição de kits a todos os participante decorreu às 8h00, na Praça do Município, sendo depois pelas 08h30 o aquecimento que antecedeu a caminhada começando esta às 9h00, até às Termas de São Pedro de Sul.
No final da caminhada foi possível participar numa aula de Zumba dinamizada por Maria Monraia e a partir das 12h30 decorreu um almoço partilhado, nos Bombeiros Voluntários de São Pedro do Sul.
A caminhada “Juntos Venceremos o Cancro” está integrada nas Festas da Cidade de São Pedro do Sul e para além dos apoios da Câmara Municipal e dos Bombeiros Voluntários, conta com a colaboração da Farmácia Misericórdia, Hotel Rural Villa do Banho, Frutaria Avenida e Grupo Noite Biba.
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