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Entrevista

Entrevista ao vencedor do evento de fotografia “Descobrir SÃO PEDRO DO SUL 2018”

Aníbal Seraphim 1º prémio nas duas categorias

 

Perfil:
Aníbal Seraphim
52 anos
Nascido no Porto
Vive em Vila Nova de Gaia
Gestor numa empresa metalúrgica

 

 

 

• Miguel Regada

Como descreve a experiência “Descobrir SÃO PEDRO DO SUL 2018”?

Foi um prazer participar em mais uma edição. Foram várias as sensações sentidas: A nível humano é sempre uma mais valia estar rodeado de pessoas divertidas e com um sentido de saber estar acima da média. Houve de tudo: troca de conhecimentos, diversão, cumplicidade, histórias de vida, excelente relacionamento e sem que tivesse sentido qualquer competição entre pares. Aliás, senti nesse aspeto uma enorme troca de conhecimentos. O que é raro e, diga-se, são pessoas com personalidades diferentes e oriundas dos mais variados pontos do país mas que interagiram muito bem, como se já nos conhecêssemos todos.

Diz-me a experiência que acumulei ao longo de alguns anos em que fiz parte de alguns grupos de fotografia que faziam as suas “arruadas” por diversos locais, que grupo igual ao vivenciado quer nesta edição quer na anterior nunca vi. Exceção feita ao único grupo do qual ainda estou inserido e do qual alguns membros das duas edições do Fotografar São Pedro do Sul “Descobrir SÃO PEDRO DO SUL” fazem parte. Daí que assim sendo, tudo se torna mais fácil.

Mas o “Descobrir SÃO PEDRO DO SUL” não se esgota na fotografia. Há a importante vertente turística que a organização colocou ao nosso dispor com as visitas a lugares emblemáticos da Região e do qual usufruí de bastantes conhecimentos. Ao ponto de ter iniciado desde a edição do ano passado vários passeios a esta rica região. Digamos que a participação no ano de 2017 abriu portas e o apetite para conhecer pormenorizadamente alguns locais. E por falar em apetite alargou os horizontes do conhecimento de toda uma rica gastronomia e enologia típica desta região.

A nível do conhecimento do funcionamento das Termas também foi enriquecedor obter um leque de conhecimentos.

Explorar as Serras e Aldeias foi igualmente enriquecedor e será o mote para mais umas visitas mais cuidadas nos próximos passeios pela região.

Tal como permitiu que possa continuar a fazer um pouco o papel de divulgador nas redes sociais e perante os meus amigos para que visitem esta magnífica região.

 

Que achou da organização do evento?

Mais uma vez gostei da forma como o plano foi delineado. No entanto, na prática e fruto das condicionantes atmosféricas teve que haver adaptações. Aliás, há semelhança da edição anterior. Na edição deste ano houve o cuidado de alargar o tempo de paragem em alguns locais, o que permite aos fotógrafos preparar melhor os seus trabalhos. Houve também algumas surpresas agradáveis de parar em alguns locais, fruto das tais adaptações, como por exemplo o Poço Azul e a Praia Fluvial de Pouves, em que fez as delícias de quem gosta de fotografar as paisagens com quedas de água. Aliás, seria agradável destacar mais a vertente da água. Mas sendo a Região rica em tantas variedades apelativas à fotografia, ideias não faltarão.

 

Tem então alguma sugestão para um futuro evento?

Não será uma sugestão, porque estou convicto que haverá mais edições e outras ideias. Pois o património paisagístico e patrimonial tem um enorme potencial. Este projeto tem todas as condições para continuar. Mas pelo que constatei com os outros participantes, gostariam que a parte ligada à água, nomeadamente nas quedas de água, houvesse mais tempo para contemplar essa área da fotografia. Essa vertente de facto necessita de mais tempo para aprimorar esse tipo de fotografia.

 

E como foi fotografar novamente o Concelho? E as fotos premiadas têm alguma história?

Tal como referi na apresentação pessoal no Auditório das Termas, há cerca de um ano que tenho dado pouco uso às máquinas fotográficas. Tenho-me tornado mais num turista que gosta de usufruir visualmente as sensações. Com a potencialidade dos telemóveis com internet e câmara, vou registando as fotos e envio para as pessoas que gostaria que estivessem a partilhar comigo aquela imagem ou momento. Também contribui para isso mesmo o facto de estar a revisitar locais que fui conhecendo ao longo dos anos e fui registando imagens que por vezes acabam num baú virtual de um ficheiro de computador. Daí que dei por mim a fazer menos fotos e a ser mais seletivo. Ou como acontece frequente faço um passeio e dou conta que apenas usufrui do registo sensorial e visual.

Neste caso e dado que o que se pretende neste projeto é a arte da fotografia e divulgação turística do Concelho, já o “olhar” tem que ser visto e sentido de uma outra forma. Nesse propósito, então fiz-me acompanhar com as inseparáveis Pentax e registar os momentos.

Sim, há fotos com história. Mesmo as que no resultado final ficaram aquém do que imaginei na altura do click, e são bastantes! Nesta edição tirei menos fotos por dois motivos: pela frutuosa experiência do ano passado, em que foi difícil escolher pela enorme quantidade e pelo motivo da avaria nas duas máquinas que enfrentaram a intempérie na caminhada a Drave, que não resistiram à chuva, granizo e humidade. No entanto houve momentos anteriores registados e a dada altura a máquina compacta começou a funcionar. Então, feita uma triagem das possíveis fotos para concurso e das possíveis fotos partilháveis algumas têm história. Vou apenas cingir-me às duas fotos vencedoras:

A foto da paisagem [natureza] tem uma carga emocional e pessoal enorme. Foi o que senti de imediato: uma simples árvore isolada no meio da paisagem envolta no vento e nevoeiro que se fazia sentir. Lembrei-me dos meus passeios e caminhadas solitárias pelo meio de serras… Algo intimo que não me vou alongar. Daí que ter sido escolhida pelo júri, foi algo surreal/agradável para mim… Quando a escolhi para concurso e visualizando no computador já o sentimento foi outro: avivou a memória dos terríveis incêndios… O local da foto fica no início do percurso onde a viatura nos deixou ficar para iniciar a caminhada até Drave.

A foto de património já tem uma história diferente. Foi tirada em Covas do Monte. Nessa ocasião estava a registar fotos com o telemóvel pois ainda não tinha a certeza se a máquina compacta estava a funcionar. Ao passar pelo local fiz uma foto com o telemóvel e gostei. Prossegui o caminho e ao passar por mim um rebanho de ovelhas constatei que seguiram o caminho que havia fotografado com o telemóvel, fui para o mesmo local, esperei que o rebanho e a pastora seguissem o caminho e… Click!

 

Que material fotográfico usou?

Desde Sempre gostei da qualidade da marca Pentax. Não tenho explicação para isso… Talvez por ser diferente do usual… Ou simplesmente porque me habituei ao seu funcionamento.

Uso uma reflex Pentax K-X com lente 18-55mm e uma máquina compacta Pentax Optio VS20 em que tiro partido do seu zoom 20+10.

 

E a máquina cor-de-rosa? Ouvi dizer que tem uma história.

(Risos) Sim, tem. Andava em viagem pela Europa e fui assistindo a alguns concertos, pois tenho conhecimentos com alguns músicos. Certa vez no Luxemburgo ao assistir aos ensaios de uma banda, ofereceram-me um Photo Pass. Como a máquina antiga estava obsoleta e perto da sala de espetáculos havia uma mega loja, fui ver o que havia de Pentax e só havia uma! Verifiquei que o preço era metade do que se comprasse por cá. Não hesitei e comprei! A cor? Bem, não é habitual e por vezes é motivo de risadas… No entanto, tornou-se motivo de algumas brincadeiras e como não passa indiferente acabo por ser facilmente identificável no meio da multidão.

 

Considera-se fotografo?

Honestamente… Não! Não tenho equipamento profissional, nem tripés, nem filtros, nem tenho curso de fotografia. Destaco o que aprendi com as pessoas do grupo que tanto me têm ensinado e com o autodidatismo. Aprendo com a máquina que tenho e as suas funcionalidades. Algo que gosto de recordar quando penso se me considero ou não: certa vez num café/bar de temática fotográfica de uma pessoa amiga em Lisboa, perguntaram-me se eu era fotógrafo e perante o meu silêncio a resposta foi dada pela dona do bar: “Bem, o Aníbal é uma pessoa que gosta de brincar à fotografia”. Portanto, o que sinto é que gosto de fotografar e como adoro humor gosto de “tirar partido” de algumas situações em a ilusão de ótica sugere várias imagens.

Mas como me disseram no dia da entrega dos prémios e também da nossa despedida de mais um evento de fotografia em Bordonhos (São Pedro do Sul) ao darem-me os parabéns pelos prémios: “Tem olho para a fotografia”. Daí considerar ter mais “olhar fotográfico”.

 

Que género de fotografia mais gosta de registar?

Não tenho um género definido. No entanto há géneros que aprecio bastante e no entanto não costumo fotografar: As Macros e Street Photography, apesar de fazer algumas esporádicas incursões. Como adoro música, adoro fotografar concertos e felizmente já tive oportunidade de tirar de vários ângulos, inclusive, do palco pelas experiências que já tive como roadie. De resto, paisagens, natureza, monumentos, igrejas, estátuas, pôr-do-sol, nascer do sol e da lua, mar, reflexos na água e quando vejo algo que sugira uma ilusão de ótica, não hesito. Até breve São Pedro do Sul…

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 Por estes dias, Pedro Giestas regressou a Lafões, o motivo é um novo projeto que abraçou na Jovouga. A Gazeta da Beira apanhou Pedro Giestas num desses ensaios e esteve à conversa com o ator. O novo espetáculo da Jovouga, o teatro amador, o regresso a Lafões e os projetos que tem em mãos são temas em destaque nesta entrevista.

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Gazeta da Beira (GB) – Este novo projeto com a Jovouga permitiu-lhe regressar a Vouzela e à região de Lafões. Como é regressar a casa?

Pedro Giestas (PG) – É sempre bom. As nossas casas, realmente, são os nossos ninhos. Voltar à origem, para mim, é sempre recentrar, por mais perdido que eu ande. Não me resolve os problemas, mas faz-me reencontrar comigo próprio. Isto parece um bocado poético, mas não é. Toda a gente tem essa sensação. Voltar ao sítio, voltar ao lugar do conforto e poder reentrar na vibração da nossa origem é sempre muito bom, faz-nos sentir bem, de uma forma que nós não sabemos explicar.

GB- Tem trabalhado, nos últimos fins-de-semana, intensamente, com o Grupo de Teatro da Jovouga. Para já, faz um balanço positivo?

PG-Sim, sempre! O que é importante é a disponibilidade de quem me quer receber. Eu já passei por alguns grupos que não queriam receber nada. Achavam que já sabiam tudo. Quando eu não quero aprender, não aprendo nada. Posso até ter o maior mestre à minha frente, se eu não estiver disponível para receber, não tem graça nenhuma e podemos dispensar os mestres. Agora, se queremos aprender, se estamos disponíveis, então a evolução é muito rápida. Foi o que aconteceu aqui na Jovouga. Nós de repente, em quinze dias, montamos um espetáculo. Mais quinze dias para ao atores decorarem o texto podia-se, praticamente, estrear o espetáculo.

GB- Em janeiro a Jovouga vai estrear o espetáculo no Centro de Artes e Espetáculos de Sever do Vouga. Para já, ainda só se conhece o nome: “Uma família dos diachos”. Pedro, o que é que o público pode esperar desta peça?

PG-Eu considero que se conseguiu criar uma nova dinâmica no grupo. As expectativas são muito grandes, vamos ter, agora, um período de amadurecimento, de apropriação do texto e das personagens em que o grupo tem que, realmente, decorar bem o texto, perceber bem todas as ideias que foram aqui encontradas e expostas. Penso que em janeiro as pessoas vão ter uma agradável surpresa e vão perceber que tipo de salto é que o grupo deu.

GB- O Teatro Amador sempre fez parte da sua carreira?

PG- Eu nasci no teatro amador, sempre fiz teatro amador. Houve um longo período que não tive esse contacto e depois, mais tarde, voltei a trabalhar com amadores. Com colegas de teatro, em espetáculos que havia amadores e profissionais, como ensaiador de grupos amadores… Ciclicamente foi tendo grupos em Vouzela, neste momento, tenho um grupo há dois anos em Palmela e agora este grupo aqui, na Jovouga. Durante muitos anos, Sempre tive contacto, num projeto em Póvoa de Lanhoso, nos últimos três anos em Fafe.

Este ambiente, ao contrário do que às vezes se pode imaginar apreende-se muito. Também se dá muito, mas também se apreende muito. Aquela pureza e ingenuidade do amador na sua abordagem ao teatro é rejuvenescedora para um profissional que tem tendência a cristalizar que acha sempre que os seus conceitos são invencíveis… Então, de repente, quando encontramos estas pessoas mais espontâneas, na sua abordagem, acabamos por aprender muito!

GB- Finalmente, neste momento, quais são os principais projetos que está a desenvolver? Sabemos que tem muito trabalho…

PG-Felizmente tenho tido muito trabalho. Eu tenho tido estes projetos fora de Lisboa. Continuo muito próximo do projeto Fafe- Cidade das Artes, montamos um espetáculo em maio que repusemos, agora, em outubro. Em janeiro, iremos para o Brasil com esse mesmo espetáculo. Estive, também, com um espetáculo na Companhia de Atores, no teatro Amélia Rey Colaço, com grande sucesso, chama-se: “As novas diretrizes em tempo de paz”. Recentemente, durante quinze dias, repus “A Visita” que é um espetáculo que eu faço já há alguns anos. Vamos estrear uma comédia em novembro que estará em cena até ao Natal. Para além disso, estou a desenvolver uma Oficina de Teatro, também no Rey Colaço e dou aulas de interpretação numa escola. É muito trabalho!

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