António Moniz de Palme (ed. 716)

Timor, crimes cujos autores nunca foram julgados nem punidos, para exemplo futuro

Quem não se sente não é boa gente (2ª parte)

Timor, crimes cujos autores nunca foram julgados nem punidos, para exemplo futuro

Perante os desgraçados factos passados em Timor, pergunto a mim próprio, para quê incomodar os leitores com os meus pesadelos. Bem basta os efeitos da crise e os problemas íntimos de cada um. Mas, verdade verdadinha, na nossa Boa Fé, não podemos calar aquilo que não se deve calar.

Ainda era eu ferroviário e, numa viagem de comboio para Sernada, encontrei um lafonense, talvez de nome Amaro, que nas curvas e contra curvas daquele Ramal se abriu comigo, relatando-me com um ar emocionado que estava em Timor após o 25 de Abril e que em consequência dos acontecimentos tinha sido metido num calabouço sem saber o porquê.. Após algumas perguntas, foi-me dizendo o que eu já sabia. Que após o 25 de Abril, a paz e o sossego acabaram num ápice naquele território. As antigas dúvidas que existiam no espírito do Povo Mauber, tinham despertado. No fundo, o problema resumia-se à resposta à simples questão: – Atendendo ao panorama político que se lhes deparava, qual seria a melhor situação para o seu futuro? Continuar Português? A Independência seria possível, obtida democraticamente, pela vontade da maioria? E a hipótese da junção à Indonésia? E essas três soluções começaram a ser corporizadas por diferentes grupos políticos. Os que proclamavam a solução Integração na Indonésia, reuniram-se num grupo intitulado APODETI. Por outro lado, a maioria esmagadora achava mais seguro continuar ligado a Portugal, esses constituíram a UDT, que no desenrolar dos posteriores acontecimentos ao 25 A se esvaziou, e um terceiro agrupamento, mínimo, de fundamentação marxista, a Fretilin, que queria a Independência imediata, sem auscultar a vontade da população.

Porém, na memória dos timorenses ainda estava muito fresco o embate havido na vizinha Indonésia com os comunistas e as razias que uma autêntica guerra civil lá desencadeou, provocando chacinas autênticas em populações indefesas. Enfim, o preço foi alto, cerca de um milhão de mortos. Por esse motivo, a esmagadora maioria pensava ingenuamente que apenas democraticamente se poderia decidir o seu futuro. Somente em eleições livres o Povo, nas mesas de voto, diria o que pretendia.

Claro que a Indonésia, ainda a pagar as consequências da guerra civil provocada no seu território pelos marxistas fortemente apoiados pela China, perante a desordem instalada em Timor, pretendeu ficar longe de todos estes problemas. Contudo, chegou à conclusão que aquele território, pela experiência adquirida, seria tomado à força pelos comunistas que aí instalariam, à custa de banhos de sangue, uma férrea ditadura. Deste modo, verdade seja dita, a Indonésia solicitou encarecidamente que fosse restabelecida a ordem em Timor. Mas os responsáveis portugueses fizeram tábua rasa desse aviso, pois eles próprios pretendiam instalar um regime comunista em Timor, contra a vontade do Povo Português e de Timor. E tanto assim é que, em vez de socorrerem o governador e a autoridades locais, segundo me contou esse antigo militar que lá esteve preso, facto que verifiquei posteriormente corresponder à verdade, arranjaram uma “task force” em Lisboa, organizando à nossa custa um voo para Díli, num Boing 707 da Força Aérea, com um grupo de civis comunistas escolhidos a dedo e com os comunistas do MFA, para apoiarem os elementos da Fretilin, armando-os e acabando por provocar uma guerra civil com dezenas de milhares de mortos. Claro que a Indonésia não engoliu esta situação. Ainda não tinha esquecida a guerra civil provocada pelos comunistas caseiros e não esteve para que Timor se tornasse numa incómoda ilha nas mãos de uma ditadura comunista.

É bom não esquecer que a Indonésia se situa na esfera de influência dos Estados Unidos e da Austrália. Convém recordar que a invasão indonésia ocorreu em 7 de Dezembro de 1975, um dia depois da visita do Presidente Ford à Indonésia. Claro que as forças armadas que lá se encontravam não se opuseram minimamente à invasão indonésia, pois a Fretilin e a UDT tinham proclamado unilateralmente a independência sem ouvir a vontade do Povo de Timor através do sufrágio. E claro está, que tudo o que tentasse contrariar esta solução à revelia da vontade democrática, seria passado pelas armas criminosamente distribuídas pelos elementos do MFA que para lá voaram e pelos extremistas da Fretilin. Se o governo português, perante a declaração da independência unilateral, se isolou na Ilha de Ataúro com os elementos do exército, a polícia continuou a cumprir as suas obrigações e a tentar manter a ordem e prender quem andava a distribuir armas. Como resultado desse comportamento, os elementos da polícia foram presos e o seu chefe, o valoroso Tenente-coronel do exército portugûes Maggiolo Gouveia, bem como outros responsáveis que com Ele se encontravam, foram assassinados selvaticamente. Os responsáveis portugueses que dominavam o MFA nada fizeram para impedir tal barbaridade e nunca foram julgados por esse crime cometido contra a sua Pátria. Passados todos estes anos, seria bom que a comunidade portuguesa reagisse e louvasse publicamente os que morreram no cumprimento dos seus deveres, mandando construir um monumento em sua honra. E, publicamente e para memória futura, culpasse os que, criminosamente, servindo-se abusivamente do erário público, favoreceram ilegitimamente, em Timor, um estado de guerra que provocou a invasão daquele território pela Indonésia.

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