Orlando Carvalhas, um dos Gémeos de Ouro da minha juventude
No fim do mês de Setembro, desapareceu da nossa companhia Orlando de Almeida Carvalhas, uma figura importante da nossa Região que animou, com seu irmão gémeo Gastão, a vida social e comercial de Lafões, nomeadamente de Vouzela e de S. Pedro do Sul.
O Orlando, casado com Maria Helena Liz Dias, era um dos ídolos da pequenada mais nova. Ele e o seu irmão, na terra onde nasceram, praticavam quanta modalidade desportiva havia, animando uma terra pequena, sem recursos e sem qualquer motivação desportiva e cultural, exceptuando o futebol, nunca se limitando pelos trabalhos à “sobre posse” que tinham que levar a cabo para atingir metas idênticas à dos meios urbanos. Se nas obras públicas qualquer iniciativa, por mais pequena que fosse, era um desconcerto, devido à terrível falta de meios, no desporto o panorama era muito mais sombrio. Mas tal não metia medo ao par lafonense que de lança em riste atacava de frente os diferentes dragões de dificuldades e que a pouco e pouco conseguia feitos desportivos inimagináveis. Tornaram-se os manos Carvalhas umas autênticas estrelas nacionais no hóquei em patins, ganhando campeonatos regionais, participando nos nacionais, sem o mínimo de recursos económicos, técnicos e materiais, chamando à prática do hóquei muita gente que acabou por dar cartas na modalidade, elevando desse modo o nome de S. Pedro do Sul e das suas idílicas Termas. Estou a recordar-me de Adolfo Barbosa, de Gui e de Zé Correia de Paiva, de José Joaquim Couceiro (Murilo), de Nuno Jonet, de Orlando Silva, de Marciano e do Baiona, dos Irmãos Abranches Martins, Manel, Jorge, Zeca e António, de Barros (Carcereiro) e dos Irmãos Liz
Hoje em dia, que as actividades desportivas fazem parte dos planos de ensino e dos programas das edilidades municipais, não passa pela cabeça de ninguém a montanha de entraves de toda a ordem, que a juventude, principalmente os mais velhos de cada geração, tinham que enfrentar para dar um pequeno passo no cumprimento de qualquer objectivo que, à partida, era simplesmente um sonho irrealizável. E o Orlando e o seu irmão gémeo Gastão, um verdadeiro e brilhante Par de Cavaleiros Andantes do Reino de Lafões, ultrapassavam toda a espécie de obstáculos, por mais difíceis que nos parecessem. Essa é que é a verdade. Por esse motivo, recordo o Orlando, com saudade, bom amigo, trabalhador e sério, que andou por África para ganhar a sua vida e se estabeleceu em Vouzela, para onde o seu coração zarpou quando casou com a simpatiquíssima Helena. Desse modo, enriqueceu com a sua verticalidade e trabalho a lafonense Vouzela, através da actividade comercial e política, tendo feito parte do elenco camarário local em três mandatos consecutivos, bem como da oposição, marcando o seu espírito de iniciativa, indelevelmente, o melhoramento efectuado no novo Parque de Campismo Vouzelense.
A Maria Helena, os seus Irmãos, Marília e António e sua filha Ângela Cristina, e os seus Cunhados Gastão, Arlindo e Terezinha que me perdoem esta ousadia, mas não posso deixar de lembrar um facto da minha meninice que me entusiasmou, bem como a toda a Pequenada da Minha Geração. A ida às Termas de S. Pedro do Sul das célebres Irmãs Meirelles, que cantavam uma música em voga na altura e transmitida a alta voz, em S. Pedro, nos fins da tarde e noites, pelos altifalantes do Cinema, sempre que havia sessão. Não me lembro bem de toda a letra, mas era mais ou menos assim, os melómanos que me perdoem a falta de memória “ Tenho uma Vaca leiteira, …, não dá leite não dá nada, mas que vaca tão chalada, talon, talon”. Lembram-se? Pois bem, para receber essa Manas tão conhecidas da Rádio, perfilou-se o par de Gémeos Carvalhas e um primo destes de Santa Crus da Trapa. Foi um sucesso e os Gémeos Carvalhas e o seu Primo foram os valetes de copas das populares cantoras durante a sua estadia por Lafões. Parece que se saíram muito bem da sua radiofónica missão e foram invejados pelos seus admiradores mais novos, onde eu me incluía, por todos os lafonenses, bem como pela generalidade dos rádio ouvintes deste País à beira mar plantado.
Pedindo desculpa por esta recordação, que teve muita importância na minha geração, resta pedir a Deus a Paz para a Sua Alma e solidarizar-me com a Maria Helena e com todos Seus Entes Queridos.
• António Moniz Palme 2014
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Redação Gazeta da Beira
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