A. Moniz de Palme (Ed. 662)

Orlando Carvalhas, um dos Gémeos de Ouro da minha juventude

Ed662_Scanner_20141013No fim do mês de Setembro, desapareceu da nossa companhia Orlando de Almeida Carvalhas, uma figura importante da nossa Região que animou, com seu irmão gémeo Gastão, a vida social e comercial de Lafões, nomeadamente de Vouzela e de S. Pedro do Sul.

O Orlando, casado com Maria Helena Liz Dias, era um dos ídolos da pequenada mais nova. Ele e o seu irmão, na terra onde nasceram, praticavam quanta modalidade desportiva havia, animando uma terra pequena, sem recursos e sem qualquer motivação desportiva e cultural, exceptuando o futebol, nunca se limitando pelos trabalhos à “sobre posse” que tinham que levar a cabo para atingir metas idênticas à dos meios urbanos. Se nas obras públicas qualquer iniciativa, por mais pequena que fosse, era um desconcerto, devido à terrível falta de meios, no desporto o panorama era muito mais sombrio. Mas tal não metia medo ao par lafonense que de lança em riste atacava de frente os diferentes dragões de dificuldades e que a pouco e pouco conseguia feitos desportivos inimagináveis. Tornaram-se os manos Carvalhas umas autênticas estrelas nacionais no hóquei em patins, ganhando campeonatos regionais, participando nos nacionais, sem o mínimo de recursos económicos, técnicos e materiais, chamando à prática do hóquei muita gente que acabou por dar cartas na modalidade, elevando desse modo o nome de S. Pedro do Sul e das suas idílicas Termas. Estou a recordar-me de Adolfo Barbosa, de Gui e de Zé Correia de Paiva, de José Joaquim Couceiro (Murilo), de Nuno Jonet, de Orlando Silva, de Marciano e do Baiona, dos Irmãos Abranches Martins, Manel, Jorge, Zeca e António, de Barros (Carcereiro) e dos Irmãos Liz

Hoje em dia, que as actividades desportivas fazem parte dos planos de ensino e dos programas das edilidades municipais, não passa pela cabeça de ninguém a montanha de entraves de toda a ordem, que a juventude, principalmente os mais velhos de cada geração, tinham que enfrentar para dar um pequeno passo no cumprimento de qualquer objectivo que, à partida, era simplesmente um sonho irrealizável. E o Orlando e o seu irmão gémeo Gastão, um verdadeiro e brilhante Par de Cavaleiros Andantes do Reino de Lafões, ultrapassavam toda a espécie de obstáculos, por mais difíceis que nos parecessem. Essa é que é a verdade. Por esse motivo, recordo o Orlando, com saudade, bom amigo, trabalhador e sério, que andou por África para ganhar a sua vida e se estabeleceu em Vouzela, para onde o seu coração zarpou quando casou com a simpatiquíssima Helena. Desse modo, enriqueceu com a sua verticalidade e trabalho a lafonense Vouzela, através da actividade comercial e política, tendo feito parte do elenco camarário local em três mandatos consecutivos, bem como da oposição, marcando o seu espírito de iniciativa, indelevelmente, o melhoramento efectuado no novo Parque de Campismo Vouzelense.

A Maria Helena, os seus Irmãos, Marília e António e sua filha Ângela Cristina, e os seus Cunhados Gastão, Arlindo e Terezinha que me perdoem esta ousadia, mas não posso deixar de lembrar um facto da minha meninice que me entusiasmou, bem como a toda a Pequenada da Minha Geração. A ida às Termas de S. Pedro do Sul das célebres Irmãs Meirelles, que cantavam uma música em voga na altura e transmitida a alta voz, em S. Pedro, nos fins da tarde e noites, pelos altifalantes do Cinema, sempre que havia sessão. Não me lembro bem de toda a letra, mas era mais ou menos assim, os melómanos que me perdoem a falta de memória “ Tenho uma Vaca leiteira, …, não dá leite não dá nada, mas que vaca tão chalada, talon, talon”. Lembram-se? Pois bem, para receber essa Manas tão conhecidas da Rádio, perfilou-se o par de Gémeos Carvalhas e um primo destes de Santa Crus da Trapa. Foi um sucesso e os Gémeos Carvalhas e o seu Primo foram os valetes de copas das populares cantoras durante a sua estadia por Lafões. Parece que se saíram muito bem da sua radiofónica missão e foram invejados pelos seus admiradores mais novos, onde eu me incluía, por todos os lafonenses, bem como pela generalidade dos rádio ouvintes deste País à beira mar plantado.

Pedindo desculpa por esta recordação, que teve muita importância na minha geração, resta pedir a Deus a Paz para a Sua Alma e solidarizar-me com a Maria Helena e com todos Seus Entes Queridos.

• António Moniz Palme 2014

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Redação Gazeta da Beira