As razões por que o fundamentalismo islâmico tem atacado em muitos países
As razões por que o fundamentalismo islâmico tem atacado em muitos países
Portugal tem que prestar atenção a isso
• António Bica
Em 11 de Abril de 2017 a equipa de futebol do clube alemão Borussia Dortmund seguia de autocarro para jogar com o clube de futebol do Mónaco a disputar o torneio da Liga dos Campeões. No percurso 3 bombas explodiram e atingiram o veículo com ferimento grave num dos jogadores e outras consequências.
Os autores das bombas deixaram pistas. No local foram encontradas cartas, segundo noticiou o jornal alemão Suddeutsche Zeitung, com críticas à participação militar da Alemanha nos ataques americanos no Médio Oriente aos fundamentalistas islâmicos que os EUA empenhadamente ajudaram a organizar, com base na Arábia Saudita, para atacar a Índia em Caxemira a partir da década de 1940, o governo progressista do Afeganistão e a União Soviética que o apoiou na década de 1980, nesta década o governo de Kadafi na Líbia, promover na década de 1990 a desagregação da Jugoslávia e a separação do Kosovo da Sérvia, tentar na mesma década a separação da Chechénia da Rússia.
Este ataque de 11/4/2017 seguiu-se a outros recentes na Alemanha, na França, na Inglaterra, na Bélgica, na Rússia, na Turquia, no Egipto, na Tunísia, na Suécia e em outros países, além de muitos outros desde que os EUA invadiram o Iraque para se apoderarem do seu petróleo. Com esses ataques o fundamentalismo islâmico wabita nascido na Arábia no final do século 18, que foi adoptado pelo regime de valores medievais da Arábia Saudita e dos emirados seus satélites e depois de 1945 fomentado pelos EUA para atacar os regimes dos países árabes do Médio Oriente defensores do desenvolvimento económico e social dos seus países e da neutralidade no conflito entre os EUA e a URSS. O fundamentalismo islâmico procura, com os ataques, acobardar as populações não islâmicas por as considerarem desviadas da única religião que consideram verdadeira, ou que, sendo muçulmanas, não aceitam o fundamentalismo islâmico.
Apesar dos apelos dos governos dos países atacados pelo fundamentalismo islâmico para as suas populações não terem medo, as pessoas não podem deixar de pensar que podem ser mortas ou feridas num imprevisível ataque islamista. Por isso, quando planeiam férias, procuram países onde o fundamentalismo islâmico não tenha atacado. Em consequência nos países atacados o turismo diminuiu, procurando outros países onde não tenha havido ataques desse tipo. Paris, segundo as notícias, perdeu 1 milhão de turistas em relação aos anos anteriores aos ataques islamistas.
Por isso os turistas passaram progressivamente a preferir países onde não têm acontecido esses ataques, incluindo Portugal. Dessa preferência tem resultado significativa compra de serviços de hotelaria, de outros bens e de fixação de residência de reformados ingleses, franceses e de outras nacionalidades.
O fundamentalismo islâmico não tem atacado em Portugal fundamentalmente porque o país não se tem envolvido nas guerras do Médio Oriente nascidas da insensata política americana de em todo o lado intervir pela força para impor os seus interesses.
Segundo notícias recentemente publicadas, militares portugueses em combate na República Centro-Africana capturaram líderes rebeldes. Dessas notícias transcreve-se:
“Militares portugueses actuam como força de reacção rápida da ONU e intervieram numa operação contra rebeldes próximo de Bambari.
As acções de «importância vital» cumpridas pelos militares portugueses contra rebeldes na República Centro-Africana (RCA) foram alvo de louvor pelo ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e pelo comandante da força da ONU.
Patrulhas de detecção e identificação dos alvos a atacar pelos helicópteros da ONU, troca de tiros e detenção de líderes rebeldes foram algumas das acções desenvolvidas pelo contingente português ao serviço da força da ONU na RCA (MINUSCA).
O governante português cita precisamente o louvor do tenente-general Balla Keita a elogiar a prontidão operacional e excelente desempenho demonstrado pelos militares portugueses na defesa da cidade de Bambari e na protecção dos residentes.
O elogio de Balla Keita constitui, sem dúvida, motivo de grande satisfação e de orgulho, não só para os 160 capacetes azuis que compõem o contingente português, mas também para as Forças Armadas, o Governo e todos os portugueses, afirmou o ministro da Defesa, em comunicado enviado ao DN. O contingente português actua como força de reacção rápida da ONU. Foi destacado para Bambari a 23 de Fevereiro de 2017 face à aproximação de um grupo de elementos armados que 3 dias depois foi detectado a 5 kilómetros da localidade por uma patrulha dos comandos, refere o comandante militar da ONU na sua carta de louvor.
Tendo bloqueado a estrada por onde progrediam os rebeldes, os militares portugueses – comandos e controladores aéreos tácticos da Força Aérea – enfrentaram o grupo armado e desempenharam um papel vital ao dirigir helicópteros de ataque contra o seu esconderijo, conta o general Balla Keita.
O grupo armado foi obrigado a retirar, sofrendo baixas, e alguns dos seus principais líderes foram detidos pelos militares portugueses, adianta a carta de louvor do comandante operacional da MINUSCA, força militar organizada pela ONU.
A missão que os militares portugueses diariamente desempenham em defesa das populações, da sua protecção física e da estabilização das suas vidas, em prol da paz e do progresso da democracia na RCA tem uma importância vital para a estabilidade do continente africano, contribuindo decisivamente para a redução dos fluxos de populações deslocadas, tanto em África como na Europa, e para a contenção do terrorismo transnacional, conclui o comunicado do ministério da Defesa.”
“A força rebelde, associada à Frente Popular para o Renascimento da República Centro-Africana (FPRC), era composta por cerca de 40 elementos, armados com Kalashnikov AK-47 e lança-granadas-foguete RPG, segundo tinha destacado a Minusca em comunicado na semana passada. De acordo com o louvor assinado pelo comandante da Minusca, a força portuguesa confirmou a presença do grupo 5 kilómetros a Norte de Bambari e bloqueou a estrada por onde se deslocavam.
Os comandos envolveram-se em combate com o grupo rebelde e direccionaram os helicópteros de ataque contra os alvos rebeldes, uma missão a cargo dos elementos de controladores aéreos tácticos da Força Aérea Portuguesa, que integram o destacamento. O grupo armado foi obrigado a abandonar a área, sofrendo baixas e alguns dos seus líderes foram capturados pelos portugueses, salientou Balla Keita, que destacou à força portuguesa elevado profissionalismo e empenhamento, prontidão operacional e excelente performance.
O comando da força da ONU já tinha avisado por várias vezes a FPRC que não iria admitir grupos armados em Bambari, um dos pontos mais quentes da RCA, e que iria usar a força se necessário, para evitar consequências nefastas na população civil apanhada nos confrontos entre grupos armados.
A Minusca tinha inclusivamente feito saber em comunicado, no dia 17 de Fevereiro de 2017, em jeito de aviso geral, que tinha reforçado o seu dispositivo em Bambari, com a chegada de forças adicionais, das quais a força de reacção rápida portuguesa e forças especiais do Bangladesh.
Recorde-se que em entrevista ao Jornal de Notícias o ministro da Defesa alertava para a delicada situação na RCA e para o importante papel desempenhado pelos portugueses. O destacamento português é composto por 160 militares, maioritariamente do Exército, dos quais 90 comandos, que constituem a força de manobra, e 4 elementos da Força Aérea, controladores aéreos tácticos.”
Pelas notícias divulgadas, as chamadas “forças rebeldes” não serão compostas por fundamentalistas islâmicos, mas por opositores ao presidente que tomou o poder em 2003 por golpe de Estado, François Bozizé, destituindo Felix Patassé.
O governo português não pode deixar de estar atento à participação com forças militares em países instáveis em relação aos quais Portugal não tem responsabilidades históricas, nomeadamente porque foram colónias de outros países, ou invadidas por eles como o Iraque e o Afeganistão pelos EUA.
Se essas intervenções militares não forem bem ponderadas, nomeadamente por não termos aí responsabilidades históricas, devendo-se a interesses de outros países, sobretudo dos EUA, que usaram e usam insensatamente o fundamentalismo islâmico para os fins que mais lhes interessam em cada momento, poderemos criar condições para nas maiores cidades de Portugal os fundamentalistas islâmicos virem a atacar. Se o governo português não for prudente e em consequência os fundamentalistas islâmicos matarem gente em Portugal, os turistas que estão a afluir em grande número ao país tomarão outro rumo.
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