O UNIVERSO DE QUE SOMOS PARTE (39)
O petróleo, os novos estados árabes do médio oriente e a partilha da influência sobre eles
• António Bica
A permanência do Estado judaico de Israel na terra da Palestina tem sido assegurada pelos EUA como testa de ponte militar para defesa dos seus interesses no petróleo do Médio Oriente desde o reconhecimento do Estado de Israel pela ONU. Por isso os EUA têm vindo a apoiar desde então económica, militar e diplomaticamente o Estado de Israel. Esse apoio tem tido grande custo em prestígio político em todo o mundo para os EUA, sobretudo entre os povos de religião islâmica dominante, mas também entre os seres humanos que procuram conduzir-se por critérios de paz e equidade. A consequência tem sido a persistência de acções de resistência difusa dos palestinianos designados terroristas pelos meios de comunicação nortamericanos e os por ele influenciados.
Prevê-se que o uso dominante de energia de origem fóssil, em que se inclui a de origem atómica físsil, venha a ser ultrapassado, a prazo não muito longo, pelo de origem renovável. Actualmente (2012) a energia eléctrica de origem eólica tornou-se mais barata que a de origem fóssil. A recente (2013) significativa redução do preço de venda de painéis fotovoltaicos pela indústria chinesa indicia que a electricidade fotovoltaica poderá, a prazo não longo, tornar-se também competitiva com a de origem fóssil, mesmo que o seu preço venha a reduzir-se significativamente e de modo estável. As outras fontes renováveis de energia, como a geotermia, a conversão de celulose em combustível líquido, a produção de gordura transformável em combustível líquido, irão, com o desenvolvimento tecnológico, tornar a energia com origem em fontes renováveis competitiva com a de origem fóssil.
Além da previsível evolução tecnológica da produção de energia com base em fontes renováveis, há que referir a produção de energia a partir da fusão de dois isótopos de hidrogénio, o deutério e o trítio. Da fusão não resultarão materiais com radioactividade superior a 13 anos. As instalações para a produção de electricidade por fusão atómica estão em construção na Provença francesa (em Caradeche). Abrigarão o Reactor Experimental Termonuclear Internacional, que começou a ser construído em 2010, se prevê ficar concluído em 2020 e pelo final deste século entre em plena produção. A decisão da construção foi tomada na década de 1980, sendo financiada pela União Europeia, os EUA, a China, a Rússia, a Índia e a Coreia do Sul. Prevê-se que a eficiência seja de 1 para 10, isto é que se produza, por cada unidade de energia consumida, 10 unidades.
Porque os combustíveis de origem fóssil são de pesquisa e extracção cada vez mais caras, o seu custo de produção tenderá a subir, mesmo que por algum tempo desça, tendendo a agravar o seu custo em relação à energia com origem em fontes renováveis.
Quando a energia de origem fóssil tiver preço de produção maior que a energia com origem renovável, o que se prevê acontecerá em prazo não muito longo e se o ITER (Reactor Experimental Termonuclear Internacional), no sul de França, entrar em pleno funcionamento, os EUA deixarão de ter interesse económico e consequentemente político e militar em defender o estado judaico de Israel. Quando isso acontecer o Estado judaico de Israel criado artificialmente na primeira metade do século 20 (1948) certamente perderá as condições de subsistência que hoje tem, ser testa de ponte militar para os EUA garantirem abastecimento de petróleo da Arábia Saudita e dos Emiratos árabes próximos e dependentes dela.
A drástica baixa do preço do petróleo desde há cerca de um ano não se deve a redução do custo de extracção nem a entrada em exploração de novos poços de petróleo, mas a decisão política do rei da dinastia Saude, que governa autocraticamente o país desde que, depois que acedeu ao poder com o fim da Primeira Grande Guerra, os governos da Inglaterra e da França talharam no Médio Oriente árabe, até então submetido ao império turco, os territórios da Síria e do Líbano entregues ao controlo político da França republicana, que por isso lhes deixaram com a independência Constituição republicana, e os territórios da Jordânia, do Iraque e da Arábia entregues à Inglaterra monárquica, que lhes retirou prudentemente as bordas, onde já se sabia que havia petróleo, autonomizando-as nos chamados emiratos, para mais facilmente os controlarem militar e politicamente, tendo a todos eles deixado Constituições monárquicas. A única excepção foi a Palestina, que se manteve sob governo inglês para a entregar aos judeus, como o governo inglês se comprometeu durante a Primeira Grande Guerra pela Declaração Balfour (nome do então ministro dos negócio estrangeiros inglês), em troca dos massivos investimentos que o grande capital judaico na indústria de guerra inglesa, com relevo do de origem alemã, o que fez desequilibrar a sorte da guerra a favor da Inglaterra e da França.
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Redação Gazeta da Beira
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