M. Guimarães da Rocha (Ed. 679)

Homenagens da Câmara S. Pedro do Sul

Homenagens da Câmara S. Pedro do Sul

“No intuito de dar relevo às homenagens que vão ser prestadas a ilustres cidadãos de S. Pedro do Sul, vamos deixar exposto os nossos conhecimentos sobre o muito que fizeram por esta nossa cidade. Serão, certamente, visões redutoras dos seus “curricula”, que se devem apenas a lacunas do meu conhecimento pessoal, e, por tal apresento já as minhas desculpas. Acreditem que corroboro inteiramente todas as merecidas homenagens e nas linhas que escrevi só pretendo realçar este meu sentimento.”

Armínio Ângelo de Lemos Quintela,

Nasceu em Lamego em 1925 e Licenciou-se em Lisboa no final da década de quarenta.

Trabalhou no Instituto Geográfico e Cadastral no Alentejo e posteriormente como Administrador Florestal na Administração Florestal de São Pedro do Sul, que englobava os Concelhos de Lafões e Tondela.

Sediado em São Pedro do Sul, promoveu uma reestruturação florestal, criando nas serras, estradas de terra batida, que ligaram os Povos e simultaneamente permitiram, duma forma mais acessível, a abordagem necessária, para a replantação e vigilância da floresta. Visitava constantemente todos os locais em contacto directo com as gentes serranas. Assim teve a oportunidade de criar empregos relacionados com a floresta, bem como com todas as necessidades diárias da mesma.

Obteve assim a maior rentabilidade da floresta, sem esquecer a pastorícia, o apoio e controlo das ribeiras, promovendo a fixação das terras e das gentes, com real aumento da rentabilidade. Com o seu fino trato e labor, granjeou o respeito da grande maioria dos habitantes, dos concelhos onde trabalhava. Foi por tal natural o seu convite para Governador Civil de Viseu em 1971, onde se manteve até ao eclodir da revolução do 25 de Abril. Regressa então ao seu posto de trabalho em São Pedro do Sul, de onde foi saneado em 1975, sem qualquer processo de culpa, como era usual nessa fase do processo revolucionário. Foi reintegrado, penso que no ano seguinte, por pressões de muitos habitantes do Concelho.

Na década de 80 é nomeado para chefe da circunscrição florestal de Viseu, Guarda e Castelo Branco, isto é, passou a ter sob a sua jurisdição a maior área florestal do País.

Foi convidado por todo o pessoal de Governo Civil de Viseu, para estar presente, aquando das festividades para a comemoração dos 170 anos desta instituição.

Em 28 de Janeiro de 1993, a convite da “Comissão de Desenvolvimento da Zona Centro”, na “Semana de Estudos de Defesa”, organizada pelo “Instituto de Defesa Nacional”, em cooperação com o “Instituto Politécnico de Viseu”, proferiu uma lição magistral sobre os “Problemas Florestais no Desenvolvimento Económico da Região”, que marcou bem a sua visão integrada dos problemas da floresta no contexto da evolução nacional. Esta notável conferência, ainda com muita actualidade, pode ser hoje consultada através da internet.

Pertenceu há “Comissão de controlo dos Fogos Florestais”, e possui a medalha de ouro da “Liga dos Bombeiros Portugueses”.

A Câmara Municipal de Lamego em 10 de Julho de 2009 atribui-lhe, em solene sessão pública, a “Medalha de Ouro do Município”.

Actualmente, faz parte do Grupo de Peritos da D.G.A.S. do Distrito Judicial de Coimbra.

Homem de fino trato e cidadão exemplar, que sempre labutou pelo Município de São Pedro do Sul, vai ser justamente homenageado pela respectiva Câmara Municipal no próximo dia 29/6/2015.

Com as minhas maiores congratulações pelo facto, vai também o meu abraço amigo de parabéns.

 

Edgard de Vasconcelos

(29 de Julho de 2015)

Edgard de Vasconcelos, exímio artista fotográfico, mercê da sua paixão pela fotografia, deixou para a posteridade, os mais lindos trechos paisagísticos desta cidade, bem como representações de figuras típicas da região.

Homem de mediana estatura, vestindo com requintado gosto, possuidor da humildade dos eleitos, dirigia a sua nave comercial com uma maestria invejável, que lhe agregava o respeito de toda a população.

Com efeito, era proprietário do café Edgard em São Pedro do Sul, local privilegiado, por se encontrar situado no coração do burgo, para o encontro e convívio dos residentes e veraneantes que ali encontravam sempre alguém com quem cavaquear.

O seu café era o coração de São Pedro do Sul, o palpitar das gentes com as suas vaidades, suas alegrias e tristezas, suas emoções diárias. Foi sempre o espaço local mais representativo, onde as gentes se misturavam em vivências constantes do seu dia-a-dia, no regresso das compras, no fim dos serviços religiosos e no final do trabalho. Ali se discutia o futebol, o ciclismo, o movimento de forasteiros, as glórias e derrotas do volfrâmio, com as suas fugas ao policiamento especial da época…e simultaneamente se jogavam as damas o xadrez, o póquer de dados e o “Negus “no escondidinho do café. Até a política, discutida em surdina e com o cuidado próprio que a “Polícia Política” impunha, (não fosse o diabo tecê-las!), era aqui escalpelizada pelos mais entendidos.

Tudo que se passava no Concelho era vivido intensamente aqui, sob a observação e condescendência do Sr. Edgard, no qual a maioria encontrava sempre uma palavra de compreensão. Pelos seus olhos passou toda a grandeza e miséria duma época de guerra e paz, onde o dinheiro em saltos acrobáticos, acompanhou o fluir das hostilidades Europeias.

Mas quem com ele mais proximamente vivia, constatava também o seu olhar perscrutador da realidade, que com a sua visão artística transmitia ao papel fotográfico, em verdadeiras obras de arte que a todos encantavam.

A reprodução do São Pedro do Sul da época, vistas hoje, deixam-nos o sabor requintado do artista, que antes de disparar sentia, via, e transpunha para o papel, a preto e branco as nuances duma arte, que se recria nos ângulos de abordagens, e nos cinzentos intermediários da luz. Tudo executava, perscrutando primeiro o local, a hora do dia, e a sua luminosidade, o seu favorável angulo de abordagem, para acabar no seu próprio laboratório com uma impressão fotográfica caldeada em saber de experiência feito.

E a obra nascia e ganhava corpo artístico que o autor ocasionalmente expunha no café para felicidade de todos os frequentadores.

Mas o que pessoalmente mais me espantou sempre, e ainda hoje me deleita, é a representatividade do nosso povo local, das aldeias à cidade (naquele tempo, Vila perdida entre as serranias). Através destes preciosos documentos, podemos hoje imaginar as verdadeiras vivências locais, das gentes de todos os extractos sociais.

Podemos ver as suas festividades e os seus trajes, adivinhando as suas vidas quer nos seus afazeres diários, quer nas festividades locais, profanas ou religiosas. Sonhamos as suas romarias as suas danças, os seus trabalhos diários e, se escutarmos bem, podemos quase ouvir o seu cancioneiro popular.

Edgard de Vasconcelos, pintou São Pedro do Sul com a sua visão, através da sua máquina fotográfica, com a mesma maestria que o pintor o executaria com o seu pincel.

“Obrigado Edgard de Vasconcelos” pelo que deixaste á tua e nossa terra.

 

David de Almeida

Nasceu em São Pedro do Sul em 1945 e faleceu em lisboa no ano de 2014.

Frequentou a Escola António Arroio e o curso de gravador e litógrafo na Cooperativa dos Gravadores Portugueses. Frequentou o “Atelier 17”, em Paris e, como bolseiro da Fundação Gulbenkian, a “Goldsmiths University of London”.

Expôs individual e colectivamente as suas obras, a partir do ano de 1970.

Participou em Feiras como a “Artexp-New York”, “LA-Los Angeles”, “Estampa” e “Arco” em Madrid, Frankfurt, entre outras, e em Bienais Internacionais como a de São Paulo, Ljubljana, Cracóvia, Paris e São Francisco.

Em 22 de Dezembro de 1977 foi eleito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, e nesse mesmo ano foi agraciado com Medalha de Ouro dos Gravadores Espanhois-Madrid.

Em 1980- Ganhou o Prémio Nacional de Gravura- Portugal.

Em 1982- Foi distinguido com o Grande Prémio de Gravura na Bienal de V. Nova da Cerveira.

Em 1986-Obteve o Prémio de Aquisição da 3ª Exposição de Artes plásticas da Fundação Calouste Gulbikian-Lisboa.

1999-Prémio Nacional de Gravura- Museu de Gravura Espanhola contemporânea.

2000- Menção Honrosa de Prémio Nacional de Grabado-Madrid.

2004-Prémio Julio Prieto Nespereira- Medalha de bronze- Ourense.

2006- Prémio Nacional de Arte Gráfico Jesús Nuñez-Espanha.

Podemos encontrar as suas obras em cerca de 16 “Intervenções” em espaços públicos como

Hotel Ritz, Açores, Metro de São Paulo, Edifícios Públicos em Macau, Metropolitano de Lisboa,

Terminal VIP no Aeroporto da Ilha do Sal, Fonte Termal nas Termas de São Pedro do Sul,

Oliveira de Frades, Escolas Oficiais de São Pedro do Sul, Vouzela, etc.

Está representado em colecções públicas e privadas dispersas por Portugal, França, Espanha, Suécia, Alemanha, Brasil, Iraque, Macedónia, Bélgica, Marrocos, Estados Unidos da América, etc.

É um artista Português de referência, orgulho de são Pedro do Sul, que agora exibe memorial na rotunda do cruzamento entre a Rua Serpa Pinto e na moderna Av. Da Liberdade.

 

David Correia Andrade

Nasceu a 25 de Maço de 1925 em Serrazes e faleceu em 7/4/1974 nas Termas de São Pedro do Sul. Foi casado com Maria Elvira Almeida, natural da Ponte.

Estou a vê-lo, nas Termas, na “loja do Domingos”, adossada á ponte. Estatura meã, escondendo atrás dos óculos, a imensa vontade de vencer, e a enorme simpatia com que no seu dia-a-dia aspergia todos que com ele conviviam. A vivência diária com a hotelaria, trouxe-lhe profundos conhecimentos duma arte, que só tardiamente ganhou foros de conhecimentos superiores pelas Universidades do País. As suas capacidades de trabalho, associadas ao seu saber, levaram-no à implantação nas Termas de São Pedro do Sul, de duas unidades hoteleiras, de prestígio, a Pensão David e a Residencial Lafões.

Durante anos foi correspondente do jornal Comércio do Porto, Notícias de Vouzela e Tribuna de Lafões.

Era um amante das Termas e em tudo que à mesma dizia respeito, a mão do David estava sempre presente. Não admira portanto que tenha sido sócio fundador do “Termas hóquei clube”(T.O.C.) do qual é considerado o sócio nº 1.

O Pavilhão da Lameira vai ter o seu nome que perpetuará a recordação de um homem que às “suas Termas” dedicou, com todo o amor, muito da sua existência.

 

Nota: Conhecimento pessoal, amigos, familiares e Wikipédia

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Redação Gazeta da Beira