29/01/2015 (Ed. 669)
Texto e fotos de • Jorge Sofia*
Os vírus vegetais
Tenho-me esquecido de vos falar das viroses vegetais. Pois as plantas também sofrem de viroses, que felizmente não afectam o ser humano. Felizmente não espirram, porque seria chato, mas da infecção por vírus resultam deformações nas diversas partes da planta, folhas com manchas amareladas e perda parcial ou total de produção.
A palavra vírus é originária do latim e significa algo tóxico. O vírus é um organismo biológico com grande capacidade de multiplicação, utilizando para isso a estrutura de uma célula hospedeira. No entanto, ao contrário de outros organismos, a sua multiplicação (reprodução) é fruto do acaso, pois os vírus não têm uma estratégia própria de reprodução, necessitando do acaso para serem introduzidos noutro organismo e aí sim, utilizarem o material genético do hospedeiro para se multiplicarem. O seu enquadramento enquanto coisa viva sempre levantou dúvidas aos biólogos, pois não se alimentam e não reagem a estímulos, porém multiplicam-se através de mecanismos biológicos, valendo-se do conteúdo das células hospedeiras e conseguem transmitir as suas características aos descendentes.
Os vírus de plantas (Esses acidentes de percurso, uma vez que nada fazem para existir) distribuem-se sistemicamente no sistema vascular (espalham-se por toda a planta)e são transmitidos em alta frequência de uma planta a outra pela enxertia , por contacto entre folhas e raízes de plantas infectadas e sãs (Alguns vírus da batata e do tabaco), através da enxertia de plantas doentes em sãs ou vice-versa (viroses da vinha), transportados por fungos que causam doenças nos vegetais (potra da couve), transportados por nemátodes (do solo (Vírus do nó curto da vinha) e transmitidos por picadas de insectos. Em menor escala alguns vírus vegetais são transmitidos no pólen e nas sementes.
Não há luta química possível para combater os vírus vegetais. A única luta possível é o controlo do material de propagação (sementes, bolbos, estolhos, estacaria diversa, etc…) nos locais onde é produzido e comercializado (quintas de produção de semente, viveiros, lojas de jardinagem, feiras). Esse controlo é realizado pelos inspectores fitossanitários devidamente preparados e pela ASAE através da observância rigorosa de uma série de normas legais, feitas de modo a enquadrar essa actividade económica. Destas normas legais a mais perceptível para o consumidor final é a aposição de um passaporte fitossanitário nas plantas, identificando o produtor (responsabilizando-o), dando indicação de que as mesmas foram acompanhadas em viveiro por pessoal especializado, garantindo assim o cumprimento das normas fitossanitárias de produção.
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