Jorge Sofia
10/04/2014 (Ed. 652)
Texto e fotos de • Jorge Sofia*
Vespa das galhas do castanheiro
Muitas são as vezes em que tenho falado do castanheiro.
Fases da vida da vespa
Durante séculos garante da despensa do interior Português, pelas castanhas, frescas e piladas e pelo reco por elas nutrido e garante das poucas proteínas que víamos. Como já anteriormente disse esse portento anda achacado: – Doenças como a tinta e o cancro dizimam-no, e agora fruto do comércio mundial e da circulação de vegetais, aproxima-se um novo perigo, desta vez para a produção. Trata-se de um inseto minúsculo, do tamanho ou inferior a uma mosca do vinagre, designado por Vespa-do-Castanheiro e mais cientificamente por Dryocosmus kuriphilus. Até ao momento e felizmente, ainda não foi assinalada em Portugal.
Sendo a dita vespinha originária da China, decidiu expandir fronteiras e foi há pouco detetada no Japão. Daí à Coreia foi um pulo e por via desta arribou aos EUA. Num lance arriscado chegou à Europa destruindo colheitas em Itália, França e Eslovénia. Dada a apetência destes países para o consumo de castanha fresca e transformada, esta praga revelou-se de certa forma uma benesse para os produtores nacionais, uma vez que os produtores daqueles países se viram obrigados a recorrer à nossa castanha para abastecer o seu mercado, cuja produção foi, nos últimos anos, destruída por esta praga. Mas se pimenta no dos outros é refresco, não nos devemos ficar a rir porque a bicha há de andar de olho nas demais castanhas do mundo e lendo os rótulos depressa cá chegará. Cabe-nos portanto a nós evitar a sua entrada e esperemos que não, dispersão.
Há muitas espécies de castanheiros no mundo e a vespa ataca todos, não sendo particularmente esquisita. No entanto algumas espécies desta árvore aparentam ser mais sensíveis: Castanea dentata, Castanea crenata, Castanea mollissima, Castanea sativa e os seus híbridos. Dizem especialistas que a variedade “Bouche de Bétizac” é bastante resistente. Mas a procissão ainda vai no adro e haverá que estudar a reação de muitas mais variedades, nomeadamente as nossas (p.ex. martaínha, judia, etc…). As fêmeas adultas colocam os seus ovos nas jovens folhas. O castanheiro reage procurando isolar esse parasita, tal como os carvalhos fazem quando geram bugalhos. Assim, a partir de meados de Abril, surge o principal sintoma que é o aparecimento de galhas, nos ramos e folhas. Inicialmente as galhas são de cor verde-clara tornando-se rosadas à medida que o tempo passa. A sua dimensão oscila entre 5 e 20 mm.
A dispersão deste insecto é processada através do voo das fêmeas adultas, e das suas posturas. Porém a circulação de material infestado com ovos é sem dúvida a forma como melhor se espalhará essa praga. Curioso é que esse insecto consiga pôr ovos por partenogénese, isto é sem a intervenção de um macho (está o mundo condenado).
Se forem encontradas galhas ainda fechadas, quer em viveiros quer nos soutos, as plantas afetadas devem ser cortadas e queimadas e a situação reportada aos serviços de sanidade vegetal da sua região. Para sua proteção adquira sempre árvores de um produtor autorizado pelos serviços oficiais e só adquira plantas de castanheiro COM PASSAPORTE FITOSSANITÁRIO – um garante da vigilância exercida durante a produção e da qualidade do material.
Para quaisquer dúvidas ou esclarecimentos, estamos disponíveis através do correio electrónico
jorge.sofia@drapc.mamaot.pt
* Engenheiro, Técnico Superior da Estação de Avisos do Dão / Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro
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