• Carlos Alberto Paiva / Fotos Ana Rosa e Hugo Carvalhal
Edição 826 (28/04/2022)
26 de Abril, sempre!
Co’ a barriga encostada ao balcão,
Já ‘stou pronto prá tal Revolução:
Comprei cravos, só p’ra mostrar ao mundo,
E soldados, embora dos de chumbo…
Fiz discursos tão cheios de coragem,
Só p’ra mim, p’ra não ter d’ ir em viagem,
Gritei alto, bem alto, no meu duche,
Tão mais alto que um leão que ruge!
Vão chaimites pel’ avenida a mil,
Que tirei do meu jogo Playmobil ;
Os cavalos já vão no Arco Cego,
Com os tanques tirados do meu Lego.
Ides ver, tiranetes d’ algibeira,
Portugal, os Açores e a Madeira
A marchar, de encontro aos canhões,
P’ra cobrar quanto devem os burlões…
Só não vou, que sozinho é suicídio,
E não quero perder o meu subsídio.
Já não vou mais partir tod’ esta loiça,
A mulher quer que faça outra coisa…
Vou sentar-me, pensando, na retrete,
No meu sonho saindo em manchete,
‘Spoletar uma guerra sem quartel,
E chorar, só por não ter mais papel.
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