• Carlos Alberto Paiva / Fotos Ana Rosa e Hugo Carvalhal
Edição 818 (30/12/2021)
Foto de Hugo Carvalhal
No meio do milhão da multidão
Sou apenas um tostão
Caído no chão
Pisado, repisado
Sem compaixão
Outros tantos passarão
E ninguém me ‘stende a mão
E há tanta ocasião
Quantos mais enfim serão
A passar mata-borrão
No papel da solidão
Desprezado sem razão
Valho pouco pois então
Por não ser mais que um tostão
No milhão da multidão
Meus amigos, onde ‘stão
Outros olhos me verão
Com amor ou aversão
Neste piso abandonado
Cada dia traz o pão
Mais amargo da visão
De ser nada, só um grão
Grão de pó no turbilhão
Tanta gente em procissão
Acidentes que se dão
Uns que já, outros que não
Outros ainda que hão
Hão de ser a salvação
P’ra não ser mais o tostão
No milhão da multidão
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