• Carlos Alberto Paiva / Fotos Ana Rosa e Hugo Carvalhal
Edição 821 (10/02/2022)
Tempus Fugit
Se é verdade que se morre
Quando o relógio da torre
D’ um segundo passa ao outro,
Não quero viver tão pouco.
Quero que o tempo me sobre,
Que acorde de estar morto.
Se há maneira de fugir
À morte que há-de vir,
Quero ser um fugitivo,
Quero estar p’ra sempre vivo,
Ainda que eu mal respire,
Ande à toa e aturdido.
Não me digam que horas são,
Só por consideração
De mandar à fava o tempo.
Quero ver se aproveito:
É só mais uma canção,
Para não perder o jeito.
O tempo passa a correr,
Tanta verso p’ra ‘screver
Até ser um “Aqui jaz”.
Mas se o tempo é fugaz,
Quem o pare, se puder,
É um favor que me faz.
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