Cultura (Ed. 819)

• Carlos Alberto Paiva / Fotos Ana Rosa e Hugo Carvalhal

Edição 819 (13/01/2022)

Guitarra Amarga

A guitarra descompassa

Só a mim nunca me passa

A Saudade de ouvi-la

Já não sei que horas são

Tu manténs a posição

No afã de quem dedilha

 

Se eu fosse como tu

Tão capaz de pôr a nu

A beleza que há nela

Toda a noite era passada

Em valente guitarrada

Nos recantos da viela

 

Ao romper um dia novo

O silêncio é um ‘storvo

Ando até desnorteado

Tudo passa, chega a noite

E bendigo a minha sorte

D’ ir ouvir o seu trinado

 

Mas por mais que o quisesse

Não dei tempo ao seu mestre

P’ra saber como tocá-la

Toda a noite, sendo assim

Vai passando, sem ter fim

Só na arte d’ escutá-la



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