DESTAQUE (Ed. 651)

Vitela certificada, uma aposta na qualidade

• Patrícia Fernandes

Ed651_vtelaA gastronomia e o turismo são os baluartes da região de Lafões, são muitos os produtos endógenos que levam o nome da região mais longe. Um dos produtos mais popular é a Vitela de Lafões, uma carne certificada, cujo nome é conhecido em todos os cantos do país. Um produto de qualidade que, cada vez mais, chama turistas às terras lafonenes, uma realidade não ignorada pelas autarquias de São Pedro do Sul e Vouzela que avançam, este ano, com dois festivais distintos que querem promover o mesmo produto. As especificidades da vitela certificada, as potencialidades dos produtos e o futuro da vitela de Lafões, em destaque na Gazeta da Beira.

Uma cor rósea clara, uma textura macia, uma apresentação distinta e um sabor inconfundível. Lafões tem um carne certificada com uma qualidade que não passa despercebida aos paladares de quem prova. Uma qualidade garantida em cada pormenor, como explica Rui Machado da Cooperativa 3 Serras de Lafões, “a vitela certificada tem que ter raça Arouquesa, raça Mirandesa, ou então, o cruzamento destas e tem que ser proveniente de uma área geográfica protegida que engloba Oliveira de Frades, Vouzela e São Pedro do Sul, as freguesias de Cedrim e Couto de Esteves no concelho de Sever do Vouga, as freguesias de Bodiosa e Ribafeita do concelho de Viseu e as freguesias de Alva e Gafanhão do concelho de Castro Daire”.

Para além das características de origem, há ainda um rigoroso caderno de especificações a cumprir. Como refere o comerciante Manuel Madeiras, “a Vitela de Lafões, para ser certificada, tem que ser abatida até aos 7 meses e,  para além do leite materno, só pode comer ração de milho”. O transporte e o abate também têm um cuidado especial, o objetivo é não causar stress aos animais. Como acrescenta Manuel Madeiras, “o transporte tem que ser feito com muito cuidado, para evitar pisaduras. Por norma, estes animais são, também, os primeiros a ser abatidos, uma vez que o cheiro do sangue lhes provoca stress, o que pode alterar a qualidade do produto final”.

 A importância de certificar

Para Rui Machado a certificação é essencial, uma vez que “dá credibilidade ao produto e confiança aos consumidores “Grosso modo”, em Lafões há cerca de 50 produtores de vitela certificada de Lafões fixos, um número que tem aumentado nos últimos anos. Como explica Manuel Madeiras, o selo de certificação é uma mais-valia para qualquer produtor. “O processo de certificação tem um custo médio por animal de cerca de 20 euros, o que, francamente, compensa. A Vitela certificada tem um preço muito mais elevado do que no mercado normal. Afinal, estamos a falar de um produto reconhecido em todo o país”.

A Vitela de Lafões tem sido determinante para afirmar a região e atrair turistas e riqueza para a região. Factos que tornam urgente que a Vitela de Lafões certificada seja a rainha dos restaurantes, o que, muitas vezes, não acontece. Como lamenta Manuel Madeiras, “há muito gato que passa por lebre, a Vitela de Lafões certificada está em quase todos os menus, porque dá lucro, mas não é verdade”. O comerciante defende que deveriam ser feitas algumas campanhas de sensibilização; caso não resultasse, deveriam ser tomadas medidas mais duras.

Como adianta Manuel Madeiras, em Lafões, há apenas dois restaurantes com vitela certificada, o “Manjar no Pau”, em Vouzela e o “Restaurante Santiago”, da Escola Profissional de Carvalhais, São Pedro do Sul.

 

Uma aposta nos produtos endógenos

Para Patrícia Soares, gerente do “Manjar no Pau”, os produtos de Lafões têm qualidade e é importante apostar no que a Terra tem de melhor. Como referiu em declarações à Gazeta da Beira, “A região de Lafões é a única que tem esta carne; ao apostarmos na carne certificada, estamos a dar credibilidade ao produto, o cliente sabe que lhe é servida uma carne da região, uma carne com qualidade”. Patrícia Soares lamenta que a maioria dos restaurantes não apostem nos produtos endógenos, como acrescenta, “as pessoas preferem, em tudo, produtos de outras terras”.

O mesmo motivo leva Valentim Tavares, gerente do “Restaurante Santiago”, a apostar na Vitela de Lafões: a qualidade. Como referiu, em convera com a Gazeta da Beira, com a vitela certificada temos a garantia de satisfação do cliente; na vitela normal, há muita flutuação da qualidade”. Para o gerente, seria importante se se conseguisse baixar os preços, por forma a atingir outros públicos. Como defendeu, “este produto é extremante importante para a promoção da região e era importante criar condições para que se conseguisse baixar o preço, sem, claro, diminuir a qualidade”.

—————————————————————————————————————————-

Mais artigos

Pastel de Vouzela – Vouzelenses querem salvaguardar as origens dos seus produtos
Cantigas com alma
Bolsa de terras um exemplo de sucesso
Um retrato de Sever do Vouga
Centro de Emprego Dão Lafões têm novo director adjunto
Concerto de Natal memorável, muito aplaudido pela população

Redação Gazeta da Beira