ATUALIDADE (Ed. 653)

Conferências que deixam saudades

Sampaio Nóvoa encerra primeiro ciclo de conferências

Conferências que deixam saudades

• Patrícia Fernandes

Ed653_palavrares_02O primeiro ciclo de conferências encerrou, no passado dia 17 de abril, no Cineteatro. Uma iniciativa em clima de festa e com a vontade e a promessa de mais. Um novo ciclo de conferências deve iniciar-se em outubro próximo. Depois de mais de um debate profícuo sobre o Estado da Nação, desta vez com a Educação no centro do debate, houve espaço para dois momentos culturais. Uma forma de encerrar em beleza, mas também de celebrar abril e as suas conquistas. Em entrevista à Gazeta da Beira, João Cerveira faz um balanço das sete conferências do “Palavrares” e abre as portas ao futuro.

Marinho Pinto, Paulo Morais, Carvalho da Silva, Avelãs Nunes, José Manuel Silva, Rui Rio, Sampaio de Nóvoa. Todos vieram a São Pedro do Sul debater o Estado da Nação.

De outubro a abril, educação, economia, saúde, justiça foram alguns dos temas em reflexão. João Cerveira, José Roque e João Carlos Gralheiro; amigos de longa data, abriram as suas inquietações e tertúlias habituais ao público em geral e o público em geral aderiu em massa.

Da necessidade de lavrar palavras, nasceu o “Palavrares” que desde logo se “entranhou” na cidade termal e criou tradição e hábito. Uma vez por mês, o “Palavrares” conseguiu ser um centro de reflexão, de conhecimento e debate de ideias; conseguiu pensar o presente e esmiuçar futuros.

Ed653_palavrares_01“Palavrares” : um ciclo, sete conferências, muitos palavradores que conseguiram iluminar um país que hoje, parafraseando Fernando Pessoa na obra “Mensagem” (poema que sempre acompanhou estas conferências) é sobretudo nevoeiro. Como refere João Cerveira em declarações à Gazeta da Beira, o balanço foi muito positivo. Como defende: “muitas vezes, nós, por razões várias, por força das nossas vidas, não paramos para pensar naquilo que fazemos, naquilo que somos, naquilo que queremos fazer, naquilo no fundo que queremos ser. Portanto, eu penso ter sido útil, ter sido proveitoso. É sempre uma pedrada no charco, um movimentar, uma troca de ideias e de saberes”.

O primeiro ciclo encerra com a sensação de que “soube a pouco”; um doce sabor de quem quer sempre mais que levou os três precursores a pensarem num segundo ciclo de conferências que deve inicia-se em outubro próximo. Como adianta João Cerveira, “se tudo correr como o previsto, conforme desejamos, conforme as pessoas nos têm feito saber, iniciar-se-á um segundo ciclo em outubro próximo”. No ar fica a possibilidade de o ciclo poder ser alargado a toda a região de Lafões. Como explica João Cerveira, “para dizer a verdade, verdadinha, neste momento, não posso dizer nem sim, nem não, talvez um “nim”, as coisas ainda não estão pensadas a esse ponto, mas eventualmente. Como digo, sem poder estar a garantir”.

No final da conferência, todos os apoiantes do projeto foram homenageados. Já no início tinha sido apresentado um resumo das sete conferências, um trabalho assinado por Paulo Quintela. Um até breve” saudoso que deixa a promessa de, como garante João Cerveira, voltar a “Lavrar, semear, para colher”, isto porque “temos que cuidar”.

Cultura e Cravos

“Palavrares”, especial por ser o último, especial por celebrar Abril. Depois da conferência houve espaço para cultura, primeiro, pela voz de Carlos Clara Gomes, com as “Canções duma Madrugada Clara” e José Rui Martins e Luísa Vieira com os “20dizer”. Quando se celebra os quarenta anos do 25 de Abril, “Palavrares” presta uma homenagem à revolução do Cravos. João Cerveira explica porquê: “Nós somos, os três, filhos de Abril, nós somos gente que temos por apanágio que o valor principal do indivíduo enquanto pessoa, enquanto coletivo é a liberdade. Abril deu-nos esse valor, o valor da liberdade, o valor da liberdade de expressão, das mais variadas expressões e isso, sem dúvida nenhuma, há que cultivar, preservar… O serão terminou com a música de José Afonso, um dos mais carismáticos músicos de intervenção do 25 de Abril. “Venham mais cinco” foi uma música cantada e partilhada entre artistas e plateia.

 

Última conferência procurou o futuro da educação

Sampaio Nóvoa defende uma escola em que todos possam aprender

Ed653_palavrares_03Mais uma vez, “Palavrares” debateu o Estado da Nação, desta vez, foi o futuro da Educação o tema em destaque e o palavrador convidado foi António Sampaio Nóvoa. Na sua intervenção, o antigo reitor da Universidade de Lisboa, defendeu a Escola Pública; a ciência e a investigação, um país qualificado e uma Escola para todos, onde todos podem aprender.

Nóvoa defendeu uma escola em que todos podem aprender. O ensino, segundo o que defendeu, deve preocupar-se em estar acessível para todos e deve ser uma instituição na qual todos podem aprender. Na atualidade, como acredita o palavrador, aceita-se com uma certa naturalidade que uma percentagem dos alunos pode não aprender. Como diz em tom de brincadeira, “ainda bem que não é a Escola que está incumbida de ensinar as pessoas a andar”; caso contrário, como acrecenta uma percentagem dos portugueses hoje não saberia andar. Neste sentido, o palavrador defende que o ensino deve ser mais diversificado.

Na sua apresentação, o ex-reitor, também defendeu a Escola Pública e mostrou-se cético a medidas como o “cheque ensino” que, segundo a sua perspetiva, contribui apenas, para aumentar as diferenças sociais.

Para Sampaio Nóvoa deve criar-se uma “cultura do ensino” em que o saber científico seja privilegiado. Como realçou, este é o único caminho “rumo ao desenvolvimento”. O ex-reitor mostrou-se contra as correntes que defendem que o “país tem licenciados a mais”. Como explica, o problema não é dos licenciados, antes do país que deve produzir e criar condições para esses licenciados.

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Redação Gazeta da Beira