«Precisamos de todos, da sua envolvência em projetos coletivos, nas associações, na política»

Paulo Manuel Robalo da Silva Ferreira, Presidente da Câmara de Oliveira de Frades

A rubrica “Gente Que Ousa Fazer” será assente numa entrevista a alguém que tenha algo válido no seu percurso de vida. Gente que sabe o que quer e, acima de tudo, que luta por aquilo que quer. As entrevistas serão sempre encaminhadas de forma a mostrar o lado melhor que há em cada um de nós e, dentro do possível, ousar surpreender o leitor. Serão entrevistas com a marca das nossas gentes, da região Viseu Dão Lafões, de todos os quadrantes e faixas etárias. Vamos a isso!

• Paula Jorge

Ficha Biográfica

Nome: Paulo Manuel Robalo da Silva Ferreira

Idade: 48 anos

Profissão: Presidente de Câmara

Livro preferido: Não tenho nenhum preferido

Personalidade que admira: Diferentes Personalidades por diferentes motivos

 

Paula Jorge (PJ) – Muito obrigada, Senhor Presidente, por mostrar disponibilidade para esta entrevista da rubrica “Gente Que Ousa Fazer”. Comecemos pelo princípio.

Como sabe, no dia 1 de outubro de 2017 a população escolheu os seus líderes autárquicos. Ao consultar os totais das Autárquicas, damos conta que houve cerca de 32% de abstenção em Oliveira de Frades, o que parece algo significativo. Como interpreta este valor?

Paulo Manuel Robalo da Silva Ferreira (PMRSF) – A abstenção é uma opção em democracia, como tal o que me preocupa não está na abstenção por decisão, mas que possam existir constrangimentos inimputáveis ao próprio para que possa proceder ao seu direito de voto. O importante é que a tomada de decisão, da ação no dia das eleições seja consciente e aceite. No passado dia 01 de outubro, embora com 31% de abstenção tivemos menos 293 eleitores, que em 2013, mas tendo obtido mais 334 eleitores a votar. Houve um ganho com a introdução de novas sinergias, humanas, sociais e históricas.

 

PJ – Que balanço faz deste último ano à frente do executivo do município de Oliveira de Frades?

PMRSF – Na minha perspetiva, os autarcas devem estar sempre insatisfeitos, devido à constante necessidade de implementar práticas e dinâmicas que melhorem o bem-estar da população e a qualidade do Município. Existindo sempre este princípio de resiliência relativamente às múltiplas medidas a acionar, implementar, melhorar e estabilizar. Contudo, também, estou ciente que muito se tem vindo a realizar, o que me leva a “continuar a estar apaixonado pelas funções” e estou empenhado.

 

PJ – Descreva o percurso da sua função relativamente àquelas que foram as suas prioridades

PMRSF – Integrando a função defrontámos o desafio de manter os projetos previamente assumidos em orçamento pelo anterior executivo, mas depositando a nossa imagem nos mesmos e iniciando um dos nossos objetivos e uma das nossas prioridades que é proporcionar condições às freguesias, assim como valorizar o património e estimular a valorização das nossas potencialidades. No entanto, estávamos condicionados por diversos fatores, o da continuidade dos compromissos prévios e o das condicionantes históricas a que fomos sujeitos.

 

PJ – Fale-nos um pouco de alguns entraves que possam apresentar-se como fatores impeditivos daquilo que pretende fazer pelo município.

PMRSF – Os entraves existirão sempre, quando lidamos com seres humanos, e porque somos humanos, nem sempre temos disponibilidade, nem recursos para a ansiedade de resolver os problemas com a velocidade que desejamos. Num ápice, temos um ano decorrido após a tomada de posse e ficou tanto por realizar, que de entre as dificuldades poderei identificar o facto de não termos uma estrutura política de suporte.

 

PJ – Um bom líder não pode estar sozinho. Quer falar-nos da sua equipa?

PMRSF – Foi um processo complicado! Depois de abordar tanta gente para este desafio, encontrámos 97 pessoas que deram rosto. Definiu-se as melhores listas possíveis, sendo esse um fator determinante para que as pessoas confiassem nestas equipas que foram a sufrágio. Nenhuma teve um resultado menos digno! Falando da equipa que dá o rosto, é a melhor que se pode ter! A vereadora Clara Vieira, companheira desde o primeiro dia e hoje um dos rostos mais marcantes da competência, da forma de gerir os processos e de cooperar, o Vice-Presidente, Carlos Pereira, é das pessoas que cientificamente domina todos os assuntos que lhe são adstritos.

 

PJ – Quer elencar, de forma resumida, as grandes obras que estão em curso?

PMRSF – Existiam já diversas obras em carteira, que temos em execução, nomeadamente, o fecho do abastecimento de água, o Parque Urbano e as zonas de fruição de Sejães e São João da Serra, a Loja do Cidadão e a intervenção no Jardim-escola de Olheirão.

 

PJ – Muito há por fazer, quais os projetos que o executivo tem ainda para concretizar?

PMRSF – Nunca conseguiremos satisfazer as necessidades, os nossos anseios, a vontade em implementar projetos e sentir que está tudo feito. A comunidade habitou-se a grandes investimentos em grandes infraestruturas que acaba por não abranger grande parte da comunidade. Existindo, na nossa perspetiva, muitas necessidades elementares que não foram cuidadas, nomeadamente as acessibilidades em algumas freguesias, assim como o facto de sermos um concelho com baixa rede de saneamento. Este investimento será implementado paulatinamente.

Este Executivo pretende projetar a essência Oliveirense e promover o nosso território, criando conforto, valorizando o que é nosso e orgulhosamente o identificar a nossa pertença, porque este concelho tem, na devida proporção, um pedacinho de cada um de nós. Precisamos de todos, da sua envolvência em projetos coletivos, nas associações, na política, na organização de eventos, na partilha comunitária, precisamos de todos para que possamos melhorar.

 

PJ – Qual o sentimento que o domina quando está no terreno ao serviço da população que o elegeu?

PMRSF – De missão! É difícil transcrever o que nos vai no coração! Ao assumirmos este desafio, foram pessoas que saíram da sua zona de conforto para servir, para dar o conforto à comunidade.

Andamos nesta missão à procura do melhor projeto, para melhorar a qualidade de vida e promover o bem-estar dos munícipes de Oliveira de Frades.

 

 

PJ – O que é que ser Presidente de um concelho mudou em si, enquanto pessoa?

PMRSF – O tempo que tinha para mim! Estando ciente dessa perda quando assumimos este cargo, que advém do compromisso, da dedicação e da entrega à comunidade.

 

PJ – Muitas histórias terá guardadas, quer partilhar connosco aquela que mais o marcou no seu percurso de líder do executivo do município de Oliveira de Frades ao longo deste último ano?

PMRSF – Ora aí está uma grande pergunta para 100 más respostas! Destacar uma de tantas, outras emoções que não me atreveria a descrever, mas poderei identificar a primeira reunião com a Presidente da CCDR. Estávamos e estamos num processo complicado decurso do impacto dos incêndios de 15 e 16 de outubro de 2017 e a forma tranquila como a Sra. Presidente me tranquilizou para este percurso. Este marco poderá advir, quiçá, do momento em que mais o precisava. Histórias em meio educativo, com as atividades com os nossos alunos, situações vividas com os nossos seniores, partilhas que tive com a nossa população.

Apesar de ter decorrido apenas um ano já teria muitas histórias para contar, que ficarão eternamente guardadas na minha memória e no meu coração.

 

PJ – O fatídico outubro de 2017 ainda está muito presente nas nossas memórias, pois Oliveira de Frades foi um concelho muito afetado pelo incêndio que muito destruiu. Pode descrever o que aconteceu?

PMRSF – A semana mais complicada da minha vida! O episódio marcou e marcará a história, não só do nosso Concelho, mas de todo um país. Foi o incêndio de maiores proporções económicas e sociais que há memória! Toda a gente tentou o seu melhor, mas parecia sempre pouco. Foi astronómico este episódio! No rescaldo do incêndio, verificar que tínhamos grande parte do território abalado em diferentes áreas, principalmente a emocional. Pessoas sem lar, empresas destruídas, colaboradores com o seu sustento ameaçado e muito desânimo. A nossa área natural cinzenta e encoberta, receios perante o impacto que este fenómeno poderia criar nas vidas futuras. E sim, foi o maior desafio à Comunidade!

 

PJ – Atualmente, acha que os jovens acompanham a política e dão valor a este setor da sociedade?

PMRSF – Os jovens dão valor a tudo! Já não têm a forma tradicional do envolvimento, sendo que os grandes decisores deverão aproximar-se deste olhar diferenciador perante a política, sem descredibilizar nem implicar saírem da sua zona de conforto para que possa participar. Vejamos a dificuldade que existe em que se predisponham a incluir nas listas, mas depois de integrarem envolvem-se na participação. Com eles está o futuro, eles têm uma visão própria de geração e o abraço que lhes poderemos proporcionar ainda é débil. É importante não desistirmos, pois eles continuarão o legado e construirão o seu próprio. Estou encantado com os jovens que integraram as listas!

 

PJ – Fale-nos um pouco das alternativas que o seu executivo apresenta para os jovens no setor da cultura e do entretenimento.

PMRSF – Tem sido um projeto a crescer paulatinamente, sendo preciso criar hábitos. Ainda está longe do envolvimento pleno dos jovens, mas têm surgido diversas atividades. Posso identificar algumas que têm sido implementadas na Biblioteca, uma nova valência que é preciso potenciar, muito embora ainda longe da participação desejada. Têm-se criado, também, alguns eventos nas freguesias. Falta levar ainda os jovens a circular dentro do Concelho, serem eles a procurar as atividades, havendo freguesias muito dinâmicas na envolvência e na partilha. Ainda precisamos de beber mais informação e experiências perante as atratividades estimuladoras e potenciadoras dos nossos jovens, criando com eles projetos próprios.

 

PJ – Além da política, que outras paixões nutre, que o completam enquanto pessoa?

PMRSF – Sou uma pessoa de comunidade! Adoro sentir-me parte dela! Não posso dissociar a minha vertente desportiva, nas suas múltiplas modalidades, na perspetiva integral da filosofia de vida, do bem-estar, da socialização, dos princípios. Adoro estar com amigos, partilhar uma boa mesa, saborear a partilha, a amizade.

 

PJ – Apenas numa palavra, pode descrever-se?

PMRSF – Abertura/Disponível / Paulito

 

PJ – Para fechar esta entrevista, o que me diz o seu coração?

PMRSF – Cada dia mais apaixonado pela Missão e já com a ansiedade controlada! Pretendendo ser Presidente de Câmara com um cariz próprio e estar sempre próximo sem ser o político tradicional. É uma missão difícil, mas tenho o coração tão empenhado!

PJ – Quero, em meu nome pessoal e em nome da Gazeta da Beira, dizer-lhe que foi uma enorme honra, Senhor Presidente! Desejo-lhe a continuação de um excelente trabalho e MUITO OBRIGADA!

Peço-lhe que deixe uma mensagem breve a todos os nossos leitores e aos munícipes em geral.

PMRSF – Em primeiro lugar agradecer a disponibilidade e o convite para a realização destas frases, onde coloquei o meu coração! Grato! Aos leitores da Gazeta da Beira a paciência que tiveram em ler, estimulando a que continuem a colaborar com estes projetos de índole local, que são um veículo de facilitação da comunicação.

Aos munícipes, agradecer a tolerância que têm tido, cientes que nenhum executivo será perfeito. Estamos empenhados e contamos com a participação de todos.

Aproveitar a quadra, para desejar a todos um próspero 2019.

 

PJ – Em jeito de conclusão, uma manhã frutífera passada com um grande amigo de há muitos anos. Se me permitem, pude testemunhar o profissionalismo e a competência de duas excelentes pessoas, o Paulo Ferreira e a Clara Vieira, aquando da visita de nós os três ao Jardim-escola de Olheirão. A entrega e a dedicação deste homem à missão que agarrou com alma e coração está patente em cada atitude, em cada olhar, em cada decisão. Para muitos é o nosso Presidente, mas para todos será sempre o Paulito! Um homem que desafiou constrangimentos, saiu da sua zona de conforto para se entregar a uma causa: a missão de lutar pelo Concelho de Oliveira de Frades!

Aqui fica, meu amigo, um abraço muito especial!

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