Mário Almeida

A BÍBLIA

Ed675_desgovernacaoCarlos Cesar, presidente do Partido Socialista e ex-presidente do Governo Regional dos Açores, num debate na televisão descaiu-se e mostrou de que fibra é feita o PS e o que nos espera se voltarem ao poder. Questionado pelo jornalista sobre o que fará o PS, acerca dos clientes do caso BES, ganhe as eleições, não hesitou e disse que o governo pagaria integralmente as obrigações que ele entende dever ser o estado a respeitar.

Isto, claro, como o próprio disse, se o estado ainda tiver os cofres cheios.

Neste caso, dizem alguns analistas que estão envolvidos cerca de 500 Milhões de Euros.

Portanto, para Carlos Cesar, logo que haja dinheiro nos cofres ele deve ser distribuído pelos lesados do BES. Claro que, de seguida, abre um precedente para tudo o resto. Até para Ricardo Salgado que, naturalmente, colocará de imediato a funcionar um batalhão de advogados para recuperar o seu dinheiro “perdido”.

Depois, se sobrar alguma coisa, distribui-se por quem mais precisa, os mais velhos e os desempregados!

No dia seguinte, percebendo a argolada que tinha metido, apressou-se a “esclarecer” que não tinha sido exatamente aquilo que tinha dito. Houve uma interpretação abusiva das suas palavras.

Ferro Rodrigues, na mesma linha também, disse à televisão, que o governo pode injetar dinheiro na TAP impedindo a sua privatização sem recurso ao dinheiro do Estado. Como? Perguntou o jornalista. Recorrendo à Caixa Geral de Depósitos! Mas como a CGD não tem dinheiro para isso, diz o jornalista, então como poderá fazer? Vai buscar ao Estado! Disse Ferro Rodrigues.

Brilhante!

O PS apresentou agora um conjunto de propostas que, confirmando que a austeridade é um caminho a continuar, no entanto, antecipa em relação ao governo a eliminação dos cortes nas pensões e salários. Tudo isso tendo por base dados económicos ainda mais otimistas que os do governo.

Fica claro, das posições assumidas ultimamente pelo Partido Socialista, nomeadamente o documento produzido por um grupo de sábios socialistas, que os portugueses não têm razões para acreditar que a austeridade é para acabar.

Tanto da parte do PSD e CDS, como da parte do PS os cortes continuam. No caso dos primeiros são repostos dois anos mais tarde do que os socialistas.

A diferença entre os dois resulta do facto de PSD e CDS não serem tão otimistas quanto ao crescimento da economia.

É claro que o documento produzido pelos tais sábios não é uma Bíblia, como diz António Costa. A razão, de grande nobreza, é de que a política tem de estar no centro das decisões e não pode estar submetida à economia ou até, como dizem os mais radicais da esquerda “os portugueses e as portuguesas é que devem estar no centro das decisões e não a economia!”

O meu primo Abílio, apesar de não apreciar poesia, gosta de citar Florbela Espanca a este propósito quando diz que palavras leva-as o vento! Se hoje a política está refém da economia é porque os políticos do passado foram irresponsáveis e permitiram que isso acontecesse.

Acrescento eu, a política só voltará ao centro das decisões quando for capaz de se resgatar à economia!

Fiquem bem!Redação Gazeta da Beira

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