Manuel Silva

A ÉTICA DO JORNAL "EXPRESSO"

Ed659_EXPRESSOlogoQuando foi descoberta muita aldrabice no chamado Banco de Deus, o BCP, controlado pelo Opus Dei e presidido por um dos seus membros, Jardim Gonçalves, o governo de então, chefiado por José Sócrates, aproveitou para entregar aquele a uma gestão próxima do PS e da maçonaria. Além do controlo do poder político de então, verificou-se também a vitória de uma sobre outra das sociedades secretas mais poderosas de Portugal no BCP.

Aproveitando idêntica, mas pior situação verificada presentemente no BES, após o afastamento do seu presidente Ricardo Salgado, o qual se encontra indiciado da prática de vários crimes, o actual poder aproveitou para colocar na direcção daquele banco pessoas afectas ou próximas do PSD, chefiadas por Vitor Bento.

Quando a nova equipa dirigente do BES foi conhecida, em artigo publicado no “Expresso”, o seu director-executivo Pedro Santos Guerreiro destacou aquele aproveitamento governamental, embora afirmasse ser Vitor Bento uma pessoa muito competente, ainda que nunca tenha trabalhado na banca comercial.

Em editorial não assinado inserido no mesmo número do “Expresso”, era afirmado ser Vitor Bento uma pessoa de enorme ética.

Vitor Bento defendeu as alterações desfavoráveis  aos trabalhadores que Passos Coelho procurou levar a efeito, no âmbito da TSU, em Setembro de 2012, o que não conseguiu devido à forte contestação  então verificada. Mostrou-se favorável à baixa de salários dos trabalhadores para “aumentar a competitividade” (leia-se: fazer a competitividade assentar na mão de obra barata e no aumento sem entraves do lucro do patronato, agravando as desigualdades sociais). É esta a ética do Dr. Vitor Bento. É este o conceito de ética do jornal de Pinto Balsemão!

Há muito que o “Expresso” perdeu a independência registada antes e depois do 25 de Abril. A sua primeira página é uma autêntica caixa de recados do poder executivo para a opinião pública. A informação veiculada por tal jornal é claramente manipuladora a favor do governo Passos-Portas.

Se é de lamentar um jornal com os pergaminhos do “Expresso” tornar-se um órgão de informação governamental, mais lamentável é ver o único fundador e militante nº 1 do PSD, Pinto Balsemão, que parecia um social-democrata indefectível, pactuar com tal situação, o que não deve espantar ninguém, pois nas últimas eleições para o Parlamento Europeu apareceu a fazer campanha  por aqueles que tornaram o partido fundado, além de si, por Sá Carneiro e Magalhães Mota, num partido bem à direita e ultra-conservador, uma espécie de Tea Party à portuguesa, como afirmou recentemente o liberal  Pedro Marques Lopes.Redação Gazeta da Beira

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