Manuel Silva

Eleições para o Parlamento Europeu

No próximo dia 25 decorrerão as eleições de deputados para o Parlamento Europeu.

Nestas eleições, é normal, cá e no estrangeiro, haver uma grande abstenção por dois motivos: o parlamento pouca importância tem tido na construção europeia e, por outro lado, também confirmando a forma pouco democrática como cada vez mais se caminha para uma união federal ao serviço dos países grandes e ricos, a Europra é construida nas costas e sem ter em conta a opinião dos cidadãos.

No entanto, este acto eleitoral é bastante importante. Os cidadãos portugueses têm uma oportunidade de dizer ao governo e aos partidos que o compõem se estamos no bom caminho, ou de lhes mostrar um cartão vermelho e apostar na mudança.

Diz o governo que trilhou o caminho certo, caso contrário não haveria uma “saída limpa” da troika. Vejamos as consequências de tal caminho: aumento da dívida pública (mais em 3 anos que nos 6 anos anteriores), baixa do défice, mas muito menos do que o previsto no memorando, crescimento da emigração e do desemprego, especialmente entre os jovens, aumento de falências, cortes de salários e pensões, baixando, consequentemente o poder de compra da população, destruição de parte considerável da classe média, enquanto é cada vez maior a aquisição de carros de topo de gama, porque quem sempre teve acesso aos mesmos não foi afectado pela crise.

Na chegada à actual situação tiveram culpa o PSD, o PS e o CDS, mas o primeiro dos culpados é Cavaco Silva, o qual, quando era primeiro-ministro, consentiu a destruição de parte da agricultura, das pescas e da indústria pesada, o que levou à compra de tais produtos aos países mais ricos da UE, assim se inciando o endividamento que hoje suportamos.

Se o PSD e o CDS, hoje, no poder, eurocalmo, são responsáveis pelos sacrifícios actuais (para os mesmos de sempre), o PS não o é menos, pois também sempre defendeu e defende o federalismo e os tratados economicistas, na prática.

Se Paulo Rangel é um ultra do federalismo, Francisco Assis, apesar de mais progressista e defensor de políticas mais sociais, é também um entusiasta daqueles tratados e acordos que ajudaram a conduzir esta Europa não a  duas, mas mais velocidades, contrariamente às intenções iniciais da UE que não passaram do papel.

Se a coligação PSD-CDS merece ser claramente derrotada, o PS não mostra que políticas concretas poria em prática na Europa e no nosso país, caso venha a alcançar o governo, pelo que não dá garantias de não imitar os seus camaradas franceses após chegarem ao poder.

Porque, infelizmente, são estas as posições dos partidos moderados. Porque em consequência do ponto a que a Europa chegou, devido a essas mesmas posições, a extrema-direita está avançar, é importante reforçar nestas eleições os partidos e organizações à esquerda dos partidos socialistas, assim levando os mesmos a sentirem a vontade popular e, caso vençam, a não constituirem uma imitação da nova direita anti-social, oposta à direita tradicional europeia que ajudou a construir o estado de bem estar.

É por isso que eu, que não me identifico ideologicamente com o Bloco de Esquerda ou qualquer uma das suas correntes, vou votar neste partido, que dá garantias de se bater por uma Europa dos povos e da solidariedade.

 

ADEUS, CAMARADA LEONEL

Orlando Alves (camarada Leonel), soube pelo site do PCTP/MRPP, a cujo Comité Central pertencias, tendo também sido director do “Luta Popular”, que faleceste recentemente, vítima de cancro, com apenas 58 anos de idade.

Quando eu era colaborador daquele jornal e tu seu chefe de redacção, falámos muita vez. Há quase 30 anos, saí do partido nas condições que soubeste. Posteriormente, vi-te uma única vez em Lisboa, há quase 20 anos, numa manifestação contra a ida da NATO para a Bósnia. Não me aproximei, nem te cumprimentei, porque o meu gesto não seria apreciado por ti e por quem te acompanhava.

Apesar de ter seguido um caminho diferente, nunca deixei de ter uma grande consideração por ti, pois sempre pensei que querias o melhor para o povo português, especialmente para os “condenados da terra”, cantados na Internacional.

Foi com consternação que soube ter partido ” o Leonel do Luta Popular”. Eras ateu. No entanto,  tenho fé que, quando escrevo, já saberás que rezei por ti.

Adeus, camarada Leonel, até ao próximo encontro.Redação Gazeta da Beira

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *