LENDAS DE PORTUGAL – Lenda da Moura Morta (Castro Daire)

Fernando Morgado

Houve noutros tempos um emir que vivia no Castro de Cidadela e tinha uma criada moura ao seu serviço. Um dia, para tentar obter os favores dos cristãos que eram já muito poderosos nas redondezas, exigiu-lhe que aceitasse receber o batismo, convertendo-se, desse modo, ao cristianismo. Ela, contudo, recusou. E como castigo, o mouro encerrou-a num cativeiro, acreditando que, pela força, ela cederia aos seus planos.

Um dia a jovem conseguiu fugir e lançou-se ladeiras abaixo na direção do rio Sermanha. O mouro, mal deu por isso, foi em sua perseguição. E quando a fugitiva passou para o outro lado do rio, já no concelho de Peso da Régua e, quando já estava em terras cristãs, abandonou-a.

Entretanto, apanhada pelos cristãos, só lhe restavam duas saídas: voltar para trás e entregar-se ao mouro que a perseguia, ou ficar em terras cristãs e converter-se a esta religião. Não aceitou nenhuma delas. Lavrou assim a sua própria sentença de morte, sendo abatida pelas lanças dos cristãos. E às terras onde seu corpo foi deixado sem vida, o povo passou depois a chamar Moura Morta.

 

MOURA MORTA, situada em terras de Montemuro, entre as freguesias de Picão e Ermida, Gozende, Monteiras e Castro Daire, é constituída por um único aglomerado populacional, com uma área de 23 hectares e dista cerca de 7 Kms do centro da sede do concelho. A tradição popular gosta de fundamentar a origem do topónimo MOURA MORTA numa lenda, assim contada por um natural da terra.

Era uma moura que se dirigia ao povoado, que na altura se chamava Mazes e encontrou um grupo de rapazes que, sentados à sombra, impediram a sua passagem, pois havia lita entre cristãos e não cristãos e bateram-lhe. A moura caiu, morreu e vem daí o nome de MOURA MORTA.

O concelho de Moção foi extinto no ano de 1834 e MOURA MORTA passou para o concelho de Castro Daire.

Era o tempo em que por aquelas bandas da serra de Montemuro, como mais tarde historiadores escreveram, proliferavam por ali, Homens Ilustres em Letras e Armas. A Moura era uma pastora que, pastoreando o seu gado e vivendo na casa do Mouro, um dia apareceu-lhe uma linda e estranha Mulher, faminta, lhe pediu uma malguinha de leite das suas cabrinhas. A moura solicita, retirou da cesta da merenda em verga, onde guardava as agulhas e os novelos para fazer meias e camisolas.

 

Espremidos os tetos das cabras, encheu a malga com leite quente e espumoso, alimento que logo entregou à estranha e desconhecida personagem. Esta agradeceu-lhe a gentileza e disse à pastora (moura) para não se demorar ali enquanto ela bebia o leite e quando regressasse lá estaria a malga e que levasse para casa o que estivesse dentro da mesma. Assim foi. Quando voltou, a pastora chegada ao local encontrou dentro da malga 3 bugalhos e ficou desiludida com tanta ingratidão. Bugalhos tinha ela aos pontapés, pois é zona de carvalhos.

Deitou fora 2 bugalhos e utilizou um outro para começar um trabalho, pois uma dobadoira a aguardava à noite, em casa, com as meadas. No serão, ao pegar novamente no bugalho, foi o espanto, ele estava transformado em ouro. A desconhecida era afinal uma moura ENCANTADA. Estava criada mais uma lenda de uma “Moura Encantada“

Reza a lenda da Moura e segundo a tradição, viveu oculta nas redondezas, morreu e foi sepultada na Capela de S. Tiago, sita ao fundo da aldeia.

Mas, a lenda também diz, que a sua campa foi cavada num penedo, a cerca de 2 Kms da povoação de Moura Morta, ao lado do caminho que liga duas povoações.

Na campa cavada num penedo, todos cabem deitados, seja grande ou pequeno e… porquê??? Porque é a campa da Moura Encantada.

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