João Gralheiro

Asfixia e Democracia

Temos vindo a ser assoberbados pela catadupa imparável de notícias de mortes e mais mortes de refugiados (eufemisticamente chamados de migrantes) por afogamento no Mar Mediterrâneo ou por asfixia nas estradas da Europa.

São pessoas, habitantes desta terra que, como nós, partilhamos, que fogem da guerra, das perseguições e da fome que graça nos seus países, apenas procurando um espaço onde possam viver em paz, sentimento matricial da condição humana que a todos nos une.

Diz o ditado que quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão. Neste caso o mar é o poder do grande capital, que dominando as potências ocidentais armou e treinou a barbárie, através do exército islâmico ou dos talibãs, levando a guerra a países da Ásia e da África. Os mexilhões são os povos dessas regiões e agora os da Europa.

Tenhamos a consciência de que o que está a acontecer não é fruto do acaso ou do azar. Não. Tudo resulta de um plano prévia e meticulosamente estudado e elaborado.

Com as guerras impostas pelos EUA/NATO/UE, com o patrocínio de Bush, Blair, Aznar, Barroso e quejandos, baseadas na maior mentira da história mundial, e com as “primaveras árabes”, visou-se a desagregação de estados e promoção do êxodo de milhões de refugiados.

Com a desagregação dos países do norte de África, mais fácil se tornou o controlo da poderosíssima indústria do petróleo.

Com a chegada dos refugiados, designadamente à Europa, visa-se o apelo aos primários e populistas sentimentos de xenofobia e racismo.

No séc. XX esses sentimentos foram usados pelos nazis e sabe-se bem no que deu.

A Europa já começou a trilhar um caminho perigoso: até muros já se levantam.

A arma que a democracia nos dá é o voto. Se amamos a democracia e o nosso desejo for o da paz, então poderemos, já a 4 de outubro, dar o nosso contributo, votando em quem não tem as mãos manchadas de sangue.Redação Gazeta da Beira

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