Francisco Queirós

Portugal: o doente continua mal, mas há algumas melhoras…

A. Não há dúvida: que as boas notícias não têm, por muito boas que sejam, o potencial dispersivo das más notícias! Em particular nós Portugueses praticamos uma Espécie de Masoquismo Intelectual que nos leva sempre a relembrar e privilegiar as Más Notícias, as Más Recordações em detrimento do que é positivo… “Estranha Forma de Vida”. Talvez por isso a Canção nacional seja o Fado que os estrangeiros chamam, e muito apropriadamente, de “Nostalgia e Melancólica Canção”. E atribuímos o Bom e o Mau que experienciamos a factores externos que não Controlamos; é o “Nosso Fado ou nosso Destino”: o que acontece de Bom é devido à Sorte e o Mal devido ao Azar. E acreditamos sempre que a Sorte é pouca e o Azar é Muito! Os atributos que possuímos como o Talento, a Inteligência, o Esforço, o Discernimento, etc. parecem de nada valer perante um Universo que nos é adverso… estranho Povo, estranho modo de Pensar!
Vem isto a propósito da subida de Portugal no “ranking” de competitividade do Fórum Económico Mundial que foi devidamente noticiada, mas esteve longe de ter, na sociedade portuguesa e até nos agentes políticos, o impacto que merecia. E esse destaque merecia-o, essencialmente, por três ordens de razões:
1) Em primeira linha porque não foi uma subida qualquer ou minimalista/simbólica! Antes pelo contrário: Portugal subiu 15 lugares (Quinze, 15!). Inverteu-se, Finalmente e de forma robusta, uma tendência de queda continuada que vinha desde 2005.
2) Porque o relatório do Fórum Económico Mundial não se baseia em dados fornecidos pelos Estados, pelos governos ou até pelas instituições europeias. Assenta, em elementos fornecidos pelas empresas e pelos agentes económicos e, nesse sentido, proporciona um retrato tão claro quanto possível da chamada “economia real”. Por isso, ou também por isso, tem sido um documento decisivo para instruir estratégias de investimento um pouco por todo o mundo.
3) Finalmente porque as variáveis decisivas nesta classificação assentam em mudanças estruturais (e não meras contingências cosméticas) e no impacto das reformas empreendidas: menos burocracia associada à criação de novas empresas, um mercado laboral mais flexível (pese embora considerarem os avaliadores ainda não o suficiente; coisa que discordo!), boas infra-estruturas de transportes, mão-de-obra mais qualificada e uma boa capacidade de inovação das nossas empresas!
B. Mas há mais notas positivas nesta semana: o Desemprego desceu para 14% em Julho, o que representa um recuo de 2,3% em relação ao mesmo mês do ano passado e a maior queda entre os Estados-membros da União; os juros da dívida pública portuguesa continuam a negociar em mínimos históricos em todas as maturidades; Portugal até foi o país da União Europeia que maior crescimento registou em matéria de inovação (3,9%, em Março)! E o nosso país tornou-se num dos estados com melhor reputação na execução e no controlo de fundos europeus ao atingir maior taxa de execução da EU! Para quem se queixa continuamente de estarem a desperdiçar sistematicamente os Fundos Europeus….
Está tudo bem? Muito longe disso! Mas quando se passa anos e anos e anos a ser zurzido por notícias negras e previsões catastróficas, receber estas notícias sabe bem e alivia o espírito!Redação Gazeta da Beira

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