Graça Barão

José Cardoso Pires - Balada da praia dos cães

Natural da Beira Baixa, será, contudo, em Lisboa que José Cardoso Pires cresce e se forma vindo a desempenhar uma multiplicidade de ofícios, de entre os quais, agente de vendas, copywriter numa agência publicitária, tradutor, diretor literário, chefe de redação, fundador e diretor da revida Almanaque, diretor-adjunto do Diário de Lisboa. A sua obra literária abraçou vários géneros, tais como o ensaio, o teatro, a crónica, a ficção (fábula, contos, novela, romance).  Algumas das suas obras foram apreendidas pela censura; outras, ainda, foram imortalizadas na tela por cineastas de renome. Eleito membro da Sociedade Portuguesa de Escritores em 1961, foi galardoado com vários prémios, nacionais e internacionais, de entre os quais se destaca:  Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, Prémio Vida Literária da APE, Prémio Pessoa, Prémio Camilo Castelo Branco.

Romance de 1982, de género policial, “Balada da Praia dos cães” baseia-se num caso verídico de um homicídio ocorrido em 1960, na Praia do Guincho, e em que o autor traça um quadro de Portugal sujeito a uma política totalitária que se manifesta no modo como a investigação progride. As personagens centrais da história, o chefe da brigada da Polícia Judiciária,  Elias Santana (“fraca compleição física, palidez acentuada, … cor de pele e outros sinais de perturbações digestivas, … a unha do dedo mindinho que é crescida e envernizada, unha de guitarrista  ou de mágico vidente”), o Major assassinado, assim como os parceiros da vítima, são magistralmente compostos num estilo conciso, cirúrgico mesmo, mas não menos cativante, pois a sua construção ultrapassa a dimensão do individual, para nos presentear com a edificação de tipos sociais que preenchem, magnificamente, todo o relato.

 

 

 

 

 

 

 

 

15/06/2023


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