Francisco Queirós

A Sacralização do Voto Popular; ou o “Dogma Infantil” do Mundo Ocidental… (parte 2)

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O Referendo Escocês – Conclusão

Finalizando esta análise temos:

6) A Divida Publica do RU ronda os 1.450 Biliões de Libras. Uma Escócia Independente teria de assumir a sua parcela neste deficit. Com um acesso marginal e muito oneroso aos Mercados Financeiros, como poderia gerir a sua parcela deste deficit? Ninguém sabe: os Independentistas do SNP nunca disseram como o iriam fazer. Parece que uma larga percentagem do Povo Escocês não percebeu o enorme “garrote” que iria minar as suas vidas…

7) A Falta de Recursos Naturais. E voltamos à Questão do Petróleo do Mar do Norte: em 2009 o Petróleo valia cerca de 21% do PIB Escocês; nos dias de hoje menos de 10%. Ora isto é dramático: nem com todo o Petróleo do Mar do Norte a Escócia seria um país sustentável! Salmond e seus acólitos entendem que 90% desse Petróleo e Gás pertencem à Escócia: Mentira! O Petróleo do Mar do Norte teria de ser dividido pela Escócia, Inglaterra, Noruega e Holanda! Sobre então o quê? A Industria do Whisky que vale 3 Biliões de Libras/Ano… uma ninharia em que teria de assentar o novo Estado. Os Independentistas falavam das extraordinárias condições de geração de Energia Eólica no Território Escocês… mas a generalidade desses campos de “Moinhos de Vento” é explorada por Empresas Inglesas (Centrica, BG, National Grid, etc.) e o demais território da Grã Bretanha e Irlanda do Norte são também bafejadas por idênticas condições Eólicas! Sabemos que os solos aráveis permitem boa agricultura, o mar fornece abundante pesca e o turismo é importante fonte de receita. Mas isto chega para sustentar um estado Independente? Claro que não! Acreditam nessa Falácia os Parvos e Ignorantes!

8) Diminuta Capacidade de Atracão de Investimento Estrangeiro. Investir na Escócia porquê (?), se ao lado mora um Gigante dotado das mais avançadas Tecnologias, de um dos mais Poderosos Sistemas Financeiros Globais e de uma Estabilidade/Consistência Económica & Financeira forte (em contraponto com a total Confusão e Incerteza que reinaria numa Escócia independente). O RU como membro da União Europeia coloca os seus produtos livremente no espaço Europeu. Exportar a partir da Escócia para a EU seria caro devido às inevitáveis taxas aduaneiras a que as suas exportações seriam sujeitas.

O Nível de Produtividade da Inglaterra é mais elevado que na Escócia. Quatro factores vitais na atracção de investimento Estrangeiro, como bem sabem e colocaria uma Escócia independente numa posição de grande desvantagem em termos de competitividade em termos económicos no contexto das nações.

9) A Interdependência com a Economia do Reino Unido. O que a Escócia produz destina-se maioritariamente segue para outras regiões do RU, o seu grande Cliente e Fornecedor. Por isso o Sector Publico (Administração, Saúde, Educação, Militar, etc.) representa mais de 23% do emprego na Escócia. Fala-se da Construção Naval e Militar: ambas controladas maioritariamente à British Aerospace e Rolls Royce plc que deslocariam a produção para fora de uma Escócia Independente.

10) A Escócia é Financiada e não Financiadora de Westminster! Envia cerca de 58 biliões de Libras de impostos para o Erário Publico, mas recebe de volta mais de 65 Biliões! Sem este intercâmbio como Sobreviveria? Responda Alex Salmond e seus pares! Se souberem, claro… é que cada escocês custa ao Estado mais de 10.000 Libras/ano, um Inglês cerca de 8.500 Libras/ano! Portanto o Povo Escocês ficaria a perder imenso se deixa-se de contar com o Sistema Público Britânico: Saúde, Educação, Administração, Defesa, etc.

Considerando que o Povo Escocês (como o do demais RU) dispõe de elevada literacia e não se opõe esmagadoramente a este Cenário de Catástrofe e mais de 40% embarca em Nacionalismos Demagógicos fica a questão fundamental: como pode o Voto Popular Universal, no seu atual formato, ser a base fundamental do Exercício de Soberania por parte dos Povos? Responda quem Souber!Redação Gazeta da Beira

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