Francisco Queirós

Repetição de fogos faz nascer um novo Marcelo…

Um “novo PR” em rota de colisão com o Governo… nada mais será como dantes: Costa e o Governo que se preparem!

Depois de dois anos de uma cooperação institucional tão estreita que levou parte do PSD a zangar-se com um Presidente que é da sua área política, os incêndios deste ano acabaram com o estado de graça prolongado de Costa, e fizeram Marcelo Rebelo de Sousa proferir o mais duro discurso do seu mandato. Em suma: as relações de Marcelo com Costa também arderam, e o novo ciclo que o Presidente da República previa para o pós-eleições autárquicas não demorou a chegar. O Executivo socialista ainda tentou uma acção de ‘spin’ e “plantou” no jornal ‘Público’ da passada quinta-feira a ideia de que a demissão da MAI e o pacote de medidas de apoio à floresta – que foram alvo de um Conselho de Ministros Extraordinários – estavam consensualizados com Marcelo. Se fosse verdade, o PR teria criticado o Governo e António Costa de forma injustificada. Só que o Presidente falou ao País precisamente no dia a seguir a uma comunicação do próprio António Costa que o País e Marcelo consideraram de uma frieza chocante perante a tragédia. Recorde-se que, na intervenção que marcou a viragem na relação entre os dois, Marcelo disse a Costa que estaria atento e “exerceria todos os poderes” presidenciais, exigindo ao Governo um “novo ciclo”. E que o Governo teria de “ponderar o quê, quem, como e quando serve este ciclo”. Além disso, exigia que o Governo retirasse “todas, mas mesmo todas, as consequências da tragédia de Pedrógão Grande”. Estamos em plena vida nova nas relações entre o PM e o PR, o que altera o quadro político global. Daqui para a frente, nada ficará como estava antes. Mudar de vida. Depois de mais uma violenta tragédia, o Presidente da República falou ao País para defender que é preciso “abrir um novo ciclo”, na sequência dos incêndios de Junho e de 15 de Outubro, e que isso “inevitavelmente obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo”. As palavras foram duras e interpelaram directamente António Costa, que depois de dias a fazer tudo para segurar a sua ministra da Administração Interna, teve de deixá-la cair de imediato, perante um novo tipo de magistratura de tipo executivo que Marcelo Rebelo de Sousa exerceu sem apelo nem agravo. Mal se entrou na fase de rescaldo, o Presidente fez uma declaração ao País, a partir da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, onde perante o intolerável se esfumou qualquer apoio a António Costa. Antes pelo contrário, Marcelo prometeu ao País ser um novo Presidente e deixou um pesado caderno de encargos ao Executivo da geringonça. Para além do Executivo, o Presidente da República considerou que é essencial o Parlamento clarificar o seu apoio ao Governo, face à moção de censura do CDS-PP, para “se evitar um equívoco” ou “reforçar o mandato para as reformas inadiáveis”

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