Francisco Queirós

O crescimento económico... ou a falta dele!

A Dívida Publica ultrapassa os 130% do PIB, os juros a 10 anos ultrapassam os 4% e mesmo em maturidades crustas começam a aumentar perigosamente; o investimento Público é limitado face aos constrangimentos da disciplina Orçamental imposta por Bruxelas mas também pelo rigor que frágeis finanças publicas e escassa capacidade de endividamento recomendam; o Investimento estrangeiro é e vai continuar a ser escasso e o aumento do consumo (publico, privado e das empresas) não é a alavanca da economia que muito acreditavam poder ser (família e empresas estão sem recursos e sobre endividadas; a banca de rastos!). O Festival de Boas Notícias anunciado de forma mais ou menos histriónica pelo governo é tudo menos produto de um cenário cor de rosa! E sem crescimento acima de 2.5% a queda do desemprego será sempre lenta, circunstancial ou meramente sazonal…

 

As causas da estagnação económica de quase duas décadas têm a ver com erros estratégicos cometidos por sucessivos governos desde há mais de 40 anos. Há 14 anos que o nosso PIB não cresce! Para superar esses erros e promover o crescimento económico, é essencial fazer o contrário do que tem sido feito por sucessivos governos e, desde logo, fazer das exportações o principal objectivo da política económica portuguesa, fixando objectivos que devem ser debatidos com os diversos sectores da economia. Por exemplo, grandes empresas como a EDP, que têm a maioria dos seus lucros resultantes de bens não transaccionáveis vendidos no mercado interno e fazem os seus investimentos no estrangeiro, deverão perder os apoios do Estado se não cumprirem determinados objectivos de exportação, calculados em função das suas vendas totais.

Outros sectores que já são exportadores, como os componentes para automóveis, calçado, confecção, moldes, material eléctrico, agricultura, pescas, etc., deverão ter uma redução no IRC em função do crescimento das exportações de cada empresa, ou em função do crescimento do valor acrescentado, o que será uma questão a estudar. Sectores ou empresas que ainda não exportam devem ter um departamento especializado para estudar vias de formação dos empresários e de apoio à sua decisão de exportarem. Outros apoios do Estado, como os dirigidos ao empreendedorismo, à inovação e ao investimento, deverão ser concedidos apenas em função dos valores a exportar, isto é, a estratégia de concentrar a economia portuguesa nas exportações não se pode ficar por afirmações vagas e sem conteúdo prático, para se tornarem num desígnio nacional diariamente presente no discurso oficial e na comunicação social, o que deve envolver as associações empresariais.

Neste contexto, o objectivo não deve ser apenas o do crescimento quantitativo das exportações, mas também o seu valor, com decisões e apoios concretos destinados a melhorar uma maior integração e valorização dos produtos e dos serviços. Por exemplo, temos de acabar com a trágica tradição de demasiados investigadores nacionais viverem do Estado e, por isso, devem ser reforçados os apoios concedidos aos investigadores que trabalhem nas empresas, terminando com todos os outros apoios, para além do número de investigadores absolutamente necessário nas instituições de investigação existentes no Estado, mas com uma avaliação periódica do cumprimento dos objectivos fixados pelos próprios. Deverá ainda ser criada nas universidades e institutos a figura do divulgador científico, cujo trabalho será vender às empresas os serviços e os produtos em investigação.

Nas actuais circunstâncias de falta de capitais na economia portuguesa é essencial promover o investimento estrangeiro de empresas integradoras, como já referido, empresas atraídas pela existência de uma logística barata de importação de componentes e de exportação de produtos, aproveitando o crescente tráfego do porto de Sines, onde é essencial ter cada vez mais navios que ali aportem para fazer o seu ‘transhipment’ de e para outros navios. A atracção do investimento estrangeiro deve ter uma ‘task force’ altamente especializada, com quadros muito bem pagos em função dos resultados.

Outro aspeto absolutamento decisivo para o nosso futuro passa por uma sábia e potenciadora Gestão do Hotencial Humano. Actualmente ainda temos a maioria das decisões neste sector nevrálgico entregue a “aprendizes de feiticeiro” e fracos: gente que ou nem tem formação na área ou então nuns “administrativos de RH” que compraram as suas Licenciaturas em GRH numa qualquer pseudo Universidade privadas que antes nasciam como cogumelos mas hoje, felizemente, desaparecem en catadupta. Mais não fizeram que vender “licenciaturas”, frabricaram Doutores e Engenheiros absolutamente impreparados e medíocres. A mal da Nação, uma praga autêntica. Ao mesmo voltarei em próximo escrito.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *