Francisco Queirós

Populismo e Eleitoralismo

A Receita é velha, as consequências são as do costume…

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O Executivo de António Costa está a preparar as eleições autárquicas com várias medidas eleitoralistas que vão cair em cima da ida às urnas. Do aumento das pensões à promessa de novas admissões na Função Pública pela integração de precários, passando pelo subsídio de refeição dos funcionários públicos, o Governo da geringonça concentrou tudo no período eleitoral.

A estratégia não é nova. José Sócrates aumentou os funcionários públicos em 2,9 % em 2009, o que lhe permitiu nova vitória nas legislativas. Com um pouco de memória, todos se lembram que esta festa acabou em 2011 com o País a pedir um resgate para evitar a bancarrota. Mas como se diz que a memória dos povos é curta, o Executivo de Costa está a preparar as autárquicas com um conjunto de medidas simpáticas que sirvam de bandeira eleitoral à geringonça.

E se as autárquicas são eleições com calendário certo, a complexa situação mundial e europeia pode igualmente levar a que se possa regressar a uma situação de crise económica e política que obrigue a legislativas antecipadas. É um cenário que neste momento parece afastado, mas que o calendários de eleições em vários países europeus como Áustria, Alemanha, França – e que começa já em Dezembro com o referendo em Itália – pode alterar de um momento para o outro.

Recorde-se que na sequência da eleição de um novo Presidente dos EUA as taxas de juro a dez anos de Portugal galgaram até perto dos 4%, um valor manifestamente preocupante quando se vive com uma dívida pública astronómica, que passou os 133% do PIB, e numa situação de inflação especialmente baixa.

Indiferente aos riscos que pendem sobre o País, a geringonça já só pensa em eleições – e decidiu que Agosto (porque será?) era o mês mais apropriado para aumentos beneficiando os funcionários públicos e os pensionistas, as duas classes de eleitorado que o Executivo PS escolheu privilegiar.

Eu, como milhões de portugueses, vivo honrada e dignamente do meu trabalho. Sou um assalariado que cumpre 40 horas de trabalho por semana para garantir o justo salário no final de cada mês. Porque razão devem os Funcionários públicos beneficiar de um regime especial de 35 horas semanais? Porque razão beneficiam de um sistema de contratação coletiva que lhes confere uma estabilidade laboral que os demais não têm? Porque razão a ADSE se constitui como um subsistema de saúde que lhe proporciona cuidados médicos muito acima da população em geral? Nada me move contra o funcionalismo publico: são pessoas respeitáveis e, na maioria dos casos profissionais exemplares e dedicados. Mas francamente: nós os assalariados do setor privado não somos menos que ninguém, pagamos os nossos impostos e por isso e por isso exigimos um tratamento igualitário! Não há condições para que todos beneficiem dos privilégios do funcionalismo publico? Então que até tal ser possível todos sejam tratados por igual e não se privilegiem uns em desfavor dos demais meramente por caprichos co Calendário Eleitoral!

Em França o mais que provável futuro presidente François Fillon não tem medo de tornar claro que função publica terá de se sujeitar ao horário de 39 horas por semana tal como os privados, mais de 500.000 serão dispensados por se acharem excedentários. As empresas (motor da economia e da criação de emprego) pagarão menos impostos para serem mais competitivas. De resto Fillon é, tal como eu, um confesso admirador de Margaret Thatcher. Combateu nas primárias um muito mais populista Alain Juppé e ganhou a confiança da sua família politica. Como parece já ter ganho a confiança dos franceses. Um povo com uma forte e bem consolidada cultura de responsabilidade democrática que não se deixa conduzir por promessas eleitoralistas estéreis e que costumam conduzir a fins trágicos de que é exemplo maior a Ingovernável e Falida Grécia (a quem o nosso Ministro das Finanças quer perdoar parte da divida… como o meu dinheiro Sr. Dr. Mário Centeno!)

Fillon desafia ainda a “Brigada do politicamente correcto” e quer uma França de que os franceses se orgulhem pelo seu passado, presente e futuro. Uma França de matriz cristã, com uma língua e cultura universais e assente na célula nuclear chamada “família”. O Islão “tem de aceitar o que os outros aceitaram no passado” pois no país que ambiciona “não há lugar e tolerância para Radicalismos e Provocações”. De facto Portugal e França estão em planetas bem distantes no que concerne à maturidade e consciência politica dos seus povos…

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