Francisco Queirós

Essa estranha coisa chamada Política (parte 1)

De onde se vai falar (em dois tempos por limitações de extensão do artigo):

1) Do Elitismo de Dickens enfatizado por Pacheco Pereira e se Reflecte no Contraste Democracia/Oligarquia

2) Da Ignorância que se esconde do Saber como as Trevas da Luz e se conclui que as cores e as formas mudam, mas o aspecto nojento e o cheiro fétido são os mesmos…. (a publicar na próxima edição).

Charles Dickens tinha profundas e fundamentadas dúvidas sobre a Democracia Representativa assente no Voto Popular; “Como pode o meu Voto valer o mesmo que o do meu Criado se ele nem sequer sabe o que é a Inflação?” Era uma sua, e legítima, interrogação. Pacheco Pereira tem um pensamento, a este propósito, que vai na mesma linha: considera-se um “Elitista” e logo entende que os Seres Humanos têm limites claros na sua capacidade de alcançar os Diversos Patamares do Conhecimento e do Pensamento (cognição). Assim propõe que aqueles menos Dotados devam ser alvo da chamada “Educação do Gosto”, a que eu prefiro antes chamar “Educação para o Conhecimento”; e que consistiria em trabalhar esses sujeitos de modo a que possam Entender, Apreciar e Procurar Conhecer (dentro das Limitações de cada qual) a Ciência, as Artes a Política, etc. Trata-se de uma Visão Controversa e muito Polémica sobre a condição Humana. Como Psicólogo Entendo-a, disponho-me a Discuti-la, mas reconheço-lhe à partida alguma Veracidade e sério Mérito Analítico.

Sabemos que no exercício do Voto a grande maioria dos Cidadãos não tem capacidade de análise das várias propostas políticas a sufrágio, nem do mérito e capacidade de realização dos políticos que se lhe apresentam. O Voto é fundamentalmente o resultado de diversas condicionantes altamente subjectivas, pouco ou nada esclarecidas e amplamente manipulatórias. Alguns exemplos aqui ficam:

1) De uma simpatia política muito similar à Desportiva: votar sempre num determinado Partido de que se é “adepto” de forma similar à preferência por um Clube de Futebol.

2) Do agrado/fascínio que determinado Político, mormente os Bons Tribunos, consiga exercer;

3) Da força de determinantes tão diversas como sejam a Família & Amigos, Discursos Demagógicos e aí adiante….

Nas Democracias o Poder, por definição, é exercido pelo Povo: todos, sem excepção, podem votar e ser votados. Numa Oligarquia, assente na Meritocracia e/ou Tecnocracia, defendida por tantos e tantos Pensadores das mais variadas proveniências (ideológicas, sociais, geográficas, etc. e de que é exemplo Álvaro Cunhal que sempre viu com pouca simpatia as “Eleições Burguesas”) e nos mais variados tempos, tal privilégio é restrito a alguns: exigem-se Condições para ELEGER E SER ELEITO como seja, por exemplo, um certo Grau de Instrução. Embora tal não baste: Formei-me em Psicologia; no ano em que entrei na Faculdade (1991) a Média de entrada foi de 17,2 valores e o grau de Horizontes do Conhecimento de muitos dos meus colegas roçava o Patético/Anedótico! Não basta, mas ajuda Bastante: tenho acompanhado o percurso de amigos Emigrados e vejo com clareza que quanto mais letrados são mais facilmente apreendem novas Línguas e Costumes. Um Conjunto de Critérios Rigorosos de Avaliação dos Candidatos a Eleição são Absolutamente Necessários para por fim à Mediocridade que domina o nosso Quadro Político e impor que sejam apenas os Mais Qualificados a aceder Exercício da Gestão da Res Publica (Coisa Pública). Uma Vassourada geral nos Medíocres é Imperiosa para o bem comum!

• Francisco Queirós

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