Entrevista (Ed. 658)

O “Regresso Imaginário” agora em livro

O “Regresso Imaginário” agora em livro

Guimarães da Rocha, o contador de histórias que não esquece a terra natal

• Patrícia Fernandes

Ed656_Poster-RegressoImagDurante muitas edições, Manuel Guimarães da Rocha assinou uma das crónicas mais lindas da Gazeta da Beira. “O Regresso Imaginário” que relata os anos 40 e 50 de São Pedro do Sul, fez os leitores recordar ou conhecer uma realidade distinta e compará-la à realidade atual. Agora surge o livro, uma edição Gazeta da Beira que compila esses textos. Numa linguagem típica de quem sabe contar histórias, Guimarães da Rocha relata as ações quotidianas da gente daquele tempo. Uma viagem no tempo, rica de história e tradição que promete envolver o leitor da primeira à última página. A apresentação do livro vai ser, no próximo dia 28, sábado, no Espaço Grémio, pelas 19h00 e contará com a apresentação de Manuela Ferreira Leite. A poucos dias do lançamento, Guimarães da Rocha, à conversa com a Gazeta da Beira, fala-nos do amor à terra e dos tempos que marcaram a sua juventude e que jamais vão sair do seu coração.

 

 

 

 

 

Gazeta da Beira (GB) – O seu percurso profissional é a área da medicina. Como é que ciência e literatura, percursos quase antagónicos, se cruzam na sua vida? Como é que surge esta paixão pela escrita?

Manuel Guimarães da Rocha (MGR) – A medicina e a literatura têm andado sempre de mãos dadas. No entanto, neste caso, não existe qualquer pretensão literária. Tudo não passa de uma vivência sentida, na minha juventude e adolescência, que tenho vindo a explanar nas edições da Gazeta. Com a escrita tive sempre um namoro e talvez, com o tempo, a paixão apareça. Vamos aguardar.

 

GB– Porque é que escreve sobre o passado de S. Pedro do Sul? Há quanto tempo começou a escrever estes textos?

MGR–  Numa entrevista de há cerca de dois anos, conduzida neste jornal pela Eng. Carmo Bica, fui contando a minha vida e naturalmente as fortes ligações à minha terra. Daí a sugestão para escrever na Gazeta sobre S. Pedro do Sul. Aceitei o desafio e tentei repor a minha vivência na terra onde nasci e vivi até ao fim dos anos cinquenta. Comecei a escrever sobre o assunto somente após a referida entrevista em fins de 2011. Fi-lo de forma direta sentida e vivida. Claro que alguns nomes “já voaram” e para outros tive auxílio de “andorinhas” que me avivaram a memória e resolveram as dúvidas. Agora que releio os textos recordo de quantos mais me esqueci, mas o tempo tritura o passado e talvez só avive as vivências sentidas. Foi um prazer fazer esta viagem de “Regresso Imaginário” a S. Pedro do Sul.

 

GB– Como é que surge a ideia de compilar estes textos num livro?

MGR– Começou com um convite da Câmara Municipal, por ocasião da B.T.L. (Turismo 2014), durante um almoço na Casa de Lafões de Lisboa. Aceitei a ideia, porque estas vivências já reflectidas na Gazeta, podem, de alguma maneira, ficar como um documento da época plasmadas num livro. O convite da Câmara foi, portanto, o fator desencadeador desta compilação em livro.

 

GB– Porquê o nome de “Regresso Imaginário” ?

MGR– O nome de “Regresso Imaginário” resulta do conteúdo do próprio livro. Alguém que regressa à terra que o viu nascer, sente as alterações temporais e, vê também o que existia na ocasião em que partiu, há mais de 60 anos.

 

GB – Este é um livro importante para a gente de S. Pedro do Sul? É importante que as gerações mais jovens tenham contacto com a história da sua terra?

MGR– Para alguns será mesmo importante e, para a grande maioria, será a visão escrita das “estórias” que os seus pais lhe contaram. Nele sentirão como era viver em S. Pedro, nos anos 40 e 50 do Séc. XX e, não vão resistir à comparação com a actualidade.

 

GB – Para os poucos que ainda possam não conhecer o seu trabalho, resumidamente, o que é que os leitores podem esperar do “Regresso Imaginário”?

MGR– Podem esperar ver como se vivia nesse tempo. A evolução em relação às gerações anteriores e o distanciamento em relação às gerações actuais. Talvez alguns deixem cair a sua lágrima, mas, a grande maioria, vai palpar a realidade actual como resultado de uma luta que felizmente nunca vai parar.Redação Gazeta da Beira