Entrevista a Vitor Manuel de Almeida Figueiredo

"Gente Que Ousa Fazer" - texto de Paula Jorge

A rubrica “Gente Que Ousa Fazer”será assente numa entrevista a alguém que tenha algo válido no seu percurso de vida. Gente que sabe o que quer e, acima de tudo, que luta por aquilo que quer. As entrevistas serão sempre encaminhadas de forma a mostrar o lado melhor que há em cada um de nós e, dentro do possível, ousar surpreender o leitor. Serão entrevistas com a marca das nossas gentes, da região Viseu Dão Lafões, de todos os quadrantes e faixas etárias. Vamos a isso!

 

Ficha Biográfica

Nome: Vitor Manuel de Almeida Figueiredo

Idade: 58 anos

Profissão: Funcionário Público

Livro preferido: Todos os de José Rodrigues dos Santos, tenho mais de uma dúzia.

Personalidade que admira: Todos os que contribuem para a paz no mundo e para a eliminação da pobreza.

 

Paula Jorge (PJ) – Muito obrigada, Senhor Presidente, por mostrar disponibilidade para esta entrevista da rubrica “Gente Que Ousa Fazer”. Comecemos pelo princípio.

Como sabe, no dia 1 de outubro de 2017 a população escolheu os seus líderes autárquicos. Ao consultar os totais das Autárquicas, damos conta que houve cerca de 35% de abstenção em S. Pedro do Sul, o que parece algo significativo. Como interpreta este valor?

Vitor Manuel de Almeida Figueiredo (VMAF) – Significativo é, mas não preocupante se considerarmos que as percentagens nos concelhos de Vouzela e Oliveira de Frades são idênticas e muito inferior a Tondela, Castro Daire e Viseu. Viseu que é um núcleo urbano tem quase 50% de abstenção. Se considerarmos que temos muitos emigrantes, pessoas deslocadas, doentes e ficheiros incorretos, não se torna preocupante.

 

PJ – Que balanço faz deste último ano à frente do executivo do município de S. Pedro do Sul?

VMAF – Foi mais um ano de muito trabalho em que conseguimos uma série de projetos importantes e com financiamento para o concelho, onde destaco:

– 1,1 milhão de euros para requalificar parte da escola do 3.º ciclo e Secundária, com 92,5% de financiamento e onde não existia qualquer investimento há 36 anos;

– Candidatura aprovada para a construção de uma represa nas Termas, com um investimento de 1,3 milhões de euros e com a comparticipação de 75% e que irá revolucionar a estância termal, ao mesmo tempo que iremos ter o primeiro reservatório de água com grande capacidade para todo o concelho;

– Estas foram certamente as maiores vitórias deste primeiro ano. No entanto, se a estas juntarmos as adjudicações do Parque da Cidade (1,3 milhões de euros), o Parque Empresarial (1 milhão de euros), o percurso lúdico das Termas (600 mil euros), saneamento e repavimentação em Bordonhos (323 mil euros), saneamento e abastecimento de água em Fermontelos e água em Figueiredo de Alva (881 mil euros), saneamento e abastecimento de água em Serrazes (819 mil euros), Centro Escolar de Vila Maior (329 mil euros), não terei nenhuma dúvida em afirmar que terá sido o melhor ano de investimento público no concelho.

 

PJ – Descreva o percurso da sua função relativamente àquelas que foram as suas prioridades.

VMAF – As prioridades foram tendo algumas interrupções e isto porque, em função das diversas candidaturas que fomos fazendo aprovar, fomos adaptando a estratégia. Numa altura em que existem fundos comunitários temos que ter projetos para candidatar e fazer aprovar e é por isso que os próximos anos vão ser de glória para S. Pedro do Sul, pois estamos a conseguir muito mais do que aquilo que inicialmente pensámos. Ora, se temos fundos comunitários para algumas áreas, temos que os tentar aproveitar todos.

 

PJ – Fale-nos um pouco de alguns entraves que possam apresentar-se como fatores impeditivos daquilo que pretende fazer pelo município.

VMAF – Os entraves são essencialmente de ordem financeira, pois tendo recebido uma dívida grande, como é do conhecimento público, isso condiciona a nossa atuação. Além disso temos problemas muito graves com uma taxa de saneamento muito baixa, assim como no abastecimento de água no concelho.

 

PJ – Um bom líder não pode estar sozinho. Quer falar-nos da sua equipa?

VMAF – Foi a equipa que eu escolhi, que faz o seu melhor. É uma equipa unida em que puxamos todos para o mesmo lado que é o do desenvolvimento do concelho, ao contrário daquilo que aconteceu no passado.

PJ – Quer elencar, de forma resumida, as grandes obras que estão em curso?

VMAF – Balneário romano – 1,6 milhões de euros;

– Parque da cidade – 1,3 milhões de euros;

– Parque empresarial de Pindelo dos Milagres – 1 milhão de euros;

– Percurso lúdico das Termas – 600 mil euros;

– Etar Valgode e afluentes – 3,8 milhões de euros;

– Pólo escolar de Vila Maior – 330 mil euros;

– Saneamento e abastecimento de água de Serrrazes – 819 mil euros;

– Saneamento e abastecimento de água de Figueiredo de Alva – 881 mil euros;

– Vários projetos florestais – 300 mil euros;

– Edifício da Câmara – 150 mil euros;

– Quartel de Bombeiros de Santa Cruz da Trapa – 160 mil euros;

– Escola Secundária – 1,2 milhões de euros;

– Represa nas Termas – 1,3 milhões de euros

Neste momento encontram-se obras em andamento com um montante superior a 15 milhões de euros.

 

PJ – Muito há por fazer, quais os projetos que o executivo tem ainda para concretizar?

VMAF – Central rodoviária;

– Mercado municipal;

– Infra estruturas turísticas na aldeia da Pena e Covas do Monte;

– Requalificação da piscina e pavilhão municipal;

– Requalificação do pavilhão da Lameira;

– Colocação de mais 8 ilhas ecológicas;

– Requalificação de dezenas de estradas por todo o concelho;

– Novos reservatórios de água em Bordonhos e Cotos para abastecimento de água à cidade.

 

PJ – Qual o sentimento que o domina quando está no terreno ao serviço da população que o elegeu?

VMAF – Acima de tudo é tentar melhorar a vida das pessoas, o seu bem estar e isso nós temos conseguido, olhando para o geral e deixando o particular, sempre em benefício de todos.

 

PJ – O que é que ser Presidente de um concelho mudou em si, enquanto pessoa?

VMAF – Fiquei muito mais rabugento, porque as coisas nem sempre andam como quero, pois tento a perfeição e, a maior parte das vezes, não se consegue. Mas, olhe, também estou a trabalhar para o município a 100%. Deixei de fazer as minhas coisas pessoais para me dedicar de alma e coração ao município e aos sampedrenses.

 

PJ – Muitas histórias terá guardadas, quer partilhar connosco aquela que mais o marcou no seu percurso de líder do executivo do munícipio de S. Pedro do Sul ao longo deste último ano?

VMAF – As histórias serão muitas, como diz, mas quero lembrar uma que, embora não fosse no último ano, foi aquando da assinatura do contrato do programa com a ADAFA de Figueiredo de Alva e o Secretário de Estado, Carlos Miguel, em que as lágrimas me vieram aos olhos por diversas vezes ao ver a satisfação daquelas pessoas que viam um sonho de muitos anos se tornar realidade.

 

PJ – Acha que os jovens acompanham a política e dão valor a este setor da sociedade?

VMAF – Infelizmente não. Lembro-me que após o 25 de Abril de 1974 a juventude estava mais interessada e consciente da atividade política e envolvia-se sem interesses pessoais. Uns defendendo ideais de esquerda, outros de direita. A verdade é que se interessavam. Hoje, os jovens têm outros interesses que não passam pela atividade política, o que lamento. Mas, também é verdade que hoje em dia existem alguns que se envolvem, mas sempre com interesses pessoais, nomeadamente o emprego.

 

PJ – Fale-nos um pouco das alternativas que o seu executivo apresenta para os jovens no setor da cultura e do entretenimento.

VMAF – Às vezes oiço dizer que a Câmara não faz nada pelos jovens. A verdade é que faz muito e que alguns parecem esquecer.

A nível da educação, veja-se as bolsas escolares para os estudantes universitários; a construção de um novo Pólo escolar em Vila Maior; a grande requalificação que vamos fazer na antiga Escola secundária que não via obras há 36 anos.

A nível desportivo, veja-se a construção de um novo pavilhão municipal de raíz em Santa Cruz da Trapa; a requalificação do pavilhão da Lameira que mete água; a requalificação do edifício da piscina e pavilhão municipal; as requalificações dos campos de futebol da Pedreira, de Carvalhais, do Santa Cruzense e agora do Vilamaiorense.

Além do apoio financeiro anual a todas as equipas desportivas.

A nível cultural nunca se fez tanto, com atividades de cinema, teatro, inclusive espalhados pelas freguesias, apoio a todas as coletividades culturais, apoio às escolas de música do concelho e às bandas filarmónicas. Chegámos ao ponto, e pela primeira vez, de termos duas grandes orquestras filarmónicas nacionais no nosso concelho.

 

PJ – Além da política, que outras paixões nutre, que o completam enquanto pessoa?

VMAF – A política é uma atividade que vem por acréscimo. Sempre fui um homem de causas e de trabalho. Desde muito novo que estive envolvido em associações e coletividades, cheguei a fundar algumas, de entre as quais a que mais me orgulha é o Centro Social de Vila Maior que dá apoio a centenas de idosos e dá emprego a largas dezenas de pessoas. O que mais me orgulha é que estando envolvido há mais de 40 anos, a verdade é que nunca ninguém me chamou de ladrão ou corrupto.

 

PJ – Apenas numa palavra, pode descrever-se?

VMAF – LUTADOR.

 

PJ – Para fechar esta entrevista, o que me diz o seu coração?

VMAF – Olhe, é um coração que se preocupa muito com os outros e que, acima de tudo, luta com todas as suas forças, prejudicando a vida pessoal para que o concelho seja muito melhor do que aquele que recebi quando entrei para a frente do município.

 

PJ – Quero, em meu nome pessoal e em nome da Gazeta da Beira, dizer-lhe que foi uma enorme honra, Senhor Presidente! Desejo-lhe a continuação de um excelente trabalho e MUITO OBRIGADA!

Peço-lhe que deixe uma mensagem breve a todos os nossos leitores e aos munícipes em geral.

VMAF – Queria dizer aos munícipes que conheço os problemas do concelho. Estamos a resolver muitos, tendo a perfeita consciência que não os conseguiremos resolver todos.

Queria deixar uma palavra de confiança, dizendo que todos os dias temos pequenas vitórias que se vão somando e que no final dará uma grande vitória.

Queria também aproveitar para desejar um bom Natal a todos os que contribuem para a manutenção deste jornal, a todos os leitores e sampedrenses em geral.

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