Entrevista a Maria das Dores de Figueiredo Alves Monraia

A rubrica “Gente Que Ousa Fazer “será assente numa entrevista a alguém que tenha algo válido no seu percurso de vida. Gente que sabe o que quer e, acima de tudo, que luta por aquilo que quer. As entrevistas serão sempre encaminhadas de forma a mostrar o lado melhor que há em cada um de nós e, dentro do possível, ousar surpreender o leitor. Serão entrevistas com a marca das nossas gentes, da região Viseu Dão Lafões, de todos os quadrantes e faixas etárias. Vamos a isso!

 • Paula Jorge

 

Ficha Biográfica

Nome: Maria das Dores de Figueiredo Alves Monraia

Idade: 44 anos

Profissão: Técnica da equipa CLDS

Livro preferido: Abraço – José Luís Peixoto

Destino de sonho: Não tenho

Personalidade que admira: A minha mãe

 

 

 

Muito obrigada, Maria Monraia, por mostrar disponibilidade para esta entrevista da rubrica “Gente Que Ousa Fazer”.

 

Paula Jorge (PJ) – Comecemos pelo princípio. Descreva-nos o seu percurso académico.

Maria das Dores Monraia (MDM) – Estudei em S. pedro do Sul até ao 12.º ano e prossegui os estudos na Universidade da Beira Interior na área do Desporto e Educação Física.

 

PJ – Neste seguimento, fale-nos do seu percurso profissional.

MDM – Iniciei o meu percurso profissional no Centro de Promoção Social, onde fui, inicialmente, formadora/professora do Curso de Animador Sociocultural, posteriormente de todos os cursos que foram e são lecionados na Escola Profissional de Carvalhais, Diretora de Turma e Diretora dos Cursos Animação Sociocultural, Termalismo e Massagem de Estética e Bem-Estar. Neste momento sou Técnica Superior no CLDS 4 G de São Pedro do Sul.

 

PJ – É uma mulher de grandes causas, abraça projetos que envolvem pessoas que vão muito para além do normal. Fale-nos da sua passagem pelo Centro de Promoção Social de 2002 até 2019, onde desempenhou várias funções nas diferentes valências.

MDM – A minha passagem pelo Centro de Promoção Social e mais concretamente pela Escola Profissional de Carvalhais foi uma grande aprendizagem. Para além do que referi anteriormente, desenvolvi e participei em inúmeras atividades dinamizadas pela instituição, fui voluntária em algumas valências, fui responsável, juntamente com outros colegas, pelo Projeto Escoliadas, mais precisamente pela Claque, onde ganhei alguns prémios enquanto equipa e a nível pessoal, enquanto chefe de claque. Desenvolvi muitos trabalhos, na área da animação sociocultural, juntamente com os alunos desse mesmo curso, dos quais me orgulho bastante. Desde que me lembro fazer parte desta instituição sempre tentei dar o melhor de mim e claro a dança tinha que fazer parte desta minha passagem, por isso também aqui existiram grupos de dança e o primeiro deles chamava-se “Os Pincéis da Maria” e era constituído por alunos do Curso de Animação Sociocultural/Desporto. A partir daí sempre dinamizei atividades de dança na escola e com a responsabilidade que me foi atribuída, aquando da criação do alojamento para alunos provenientes de concelhos mais distantes, esta e outras atividades ainda faziam mais sentido. Outros grupos surgiram, mas o que mais impacto teve e que me fez tantas vezes passar horas e horas no salão do Centro de Promoção Social, foram os Emotions Performance Crew. Com eles fiz coisas fantásticas e com eles cresci e aprendi a ser uma pessoa melhor. Quando fui convidada pelo Professor Manuel Martins do IPDJ para assistir a uma finalíssima do Projeto Escoliadas no CAE da Figueira da Foz, para vermos a possibilidade de o mesmo vir para o Pólo de Viseu, eu fiquei muito entusiasmada, porque imaginava os meus Emotions a ser uma daquelas claques e a dar o seu melhor! E assim foi! o Projetos Escoliadas veio e a Escola Profissional de Carvalhais sempre participou e eu tenho muito orgulho nisso. Ali eu fui feliz… comigo eles foram felizes!

 

PJ – Atualmente é Técnica Superior no Contrato Local de Desenvolvimento Social 4G de São Pedro do Sul, coordenado pela ADRIMAG. Quais são as principais áreas onde atua no desempenho das suas funções?

MDM – Sim, neste momento estou a trabalhar como técnica no CLDS $ G de São Pedro do Sul. As ações desenvolvidas pelos CLDS 4G integram 4 eixos de intervenção, onde eu juntamente com mais dois colegas, somos responsáveis pelas ações que constam no plano de ação dos eixos 3 e 4. O eixo 3 contempla a promoção do envelhecimento ativo e apoio à população idosa, e o eixo 4 centra-se no auxílio e intervenção emergencial às populações ineridas em territórios afetados por calamidades e/ou capacitação e desenvolvimento comunitários. Este é mais um desafio que me vai permitir estar mais junto da população do nosso concelho e fazer acontecer, juntamente com todo a equipa do projeto.

 

PJ – O Desporto, nas suas diversas vertentes, tem feito parte integrante da sua vida. Como tem gerido o Desporto no seu percurso?

MDM – Quando fazemos as coisas com gosto só temos é de conciliar a nossa vida, para que seja possível estarmos por inteiro nos projetos. Também assim foi nesta área. Pertenci ao grupo de Ginástica da Escola Secundária de S. Pedro do Sul enquanto ginasta e posteriormente na AEFD de São Pedro do Sul, também enquanto técnica. Aqui nesta associação para além da ginástica também fui responsável por algumas turmas de natação, bem como de ginástica aeróbica. Nesta área tive várias classes de aeróbica e ginástica de manutenção, em Queirela e Oliveira de Baixo, por quem tenho uma enorme consideração e que foram parte essencial no meu crescimento nesta área. No que diz respeito aos desportos coletivos, fui treinadora de Basquetebol dos sub10 e dos sub12 feminino do Clube Bola Basket e atualmente faço parte dos órgãos sociais do Termas Óquei Clube (TOC).

 

PJ – Tem no seu currículo experiência no Fitness, Zumba (Step, Aqua, Strong e Gold), Monitora de campos de férias, Danças Tradicionais e na área das Massagens e do Termalismo. Fale-nos destas experiências?

MDM – Adoro dançar e estar rodeada de pessoas (o que não é possível nestes novos tempos, infelizmente). Fui responsável por alguns ateliês de dança na animação termal no ano de 2018 e até junho de 2019, fui dinamizadora das primeiras caminhadas com os aquistas no âmbito da animação termal; monitora dos Campos de Férias do Centro de Promoção Social, desenvolvi funções de técnica superior no Bioparque de Carvalhais; sou coreógrafa da Mágica Marcha da União de Freguesias de Carvalhais e Candal; fui voluntária em algumas edições do Festival Andanças, enquanto este se realizou em Carvalhais, tendo em alguns anos sido responsável pela espaço criança;  e responsável por alguns espaços no Festival Tradidanças 2018 e 2019 (ELI, Pomar, Conversas de Balneário, Espaço Tradição e Cacifo de Instrumentos ).

 

PJ – É instrutora responsável das ZuMaria´s, da qual muito se orgulha e que, mesmo com altos e baixos, continua a espalhar alegria por onde atua e, acima de tudo, faz gente feliz. Como é ser responsável por este grupo que é uma referência para tantas pessoas?

MDM – É bom, aliás é muito bom. É um grupo especial, constituído por pessoas muito especiais para mim e aberto a quem nele queira entrar. Juntamos duas vezes por semana para fazer zumba. Comecei este grupo em Carvalhais, depois fomos para Santa Cruz da Trapa, Manhouce e S. Pedro do Sul. Neste momento só estamos em S. Pedro do Sul e face à pandemia fomos obrigadas a fazer uma pausa das aulas em recinto fechado. O grupo já participou em alguns eventos, nomeadamente nos desfiles de Carnaval de Santa Cruz da Trapa e Negrelos e nos intervalos de alguns jogos de hóquei em patins. Adoro este desafio e o que mais me deixa feliz é que as pessoas que comigo dançam sejam felizes e durante o tempo em que estamos a dançar, todos os seus problemas e preocupações fiquem do lado de fora da aula.

 

PJ – Em 2013 recebeu o Prémio Especial ANIM’ARTE, atribuído pelo GICAV. Como recebeu este reconhecimento pelo seu trabalho reconhecido por olhares mais distantes?

MDM – Em 2013 recebi o Prémio Especial ANIM’ARTE, atribuído pelo GICAV, prémio esse que me deixou muito surpreendida e grata, pois senti o meu trabalho reconhecido por olhares mais distantes. Foi muito especial acredite e não foi por isso que deixei de continuar o meu caminho de fazer acontecer, pelo contrário, continuei ainda com mais brilho e vontade de fazer feliz quem me rodeia.

 

PJ – Quer falar-nos de outros projetos em que esteja envolvida que não tenham sido aqui referidos?

MDM – Sim. Durante a quarentena aproveitei para fazer algumas formações, nomeadamente na área da dança, e participei num projeto de aulas de danças tradicionais online, que ainda tornou mais evidente a minha verdadeira paixão por esta área. Tenho um mundo de projetos na cabeça e quero tentar que em S. Pedro do Sul a dança seja parte da felicidade de quem cá vive e de quem nos vem cá ver.

 

PJ – A Maria Monraia é uma lutadora e uma mulher de forte caráter. Onde vai buscar essa energia e força de vontade para trabalhar e nunca baixar os braços?

MDM – Sobre isso não sei muito bem o que lhe responder, no entanto, tenho na minha mãe uma referência nessa questão. Não me recuso a trabalhar, seja em que área for, e se não sei aprendo, e se alguém precisar sou a primeira a oferecer ajuda. Esta forma de estar não é fácil e já me trouxe muitos dissabores, mas eu sou assim e acho que assim serei até ao fim.

 

PJ – Numa só palavra, pode descrever-se?

MDM – Resiliente, mas segundo o meu marido Grandiosa.

 

PJ – Para fechar esta entrevista, o que me diz o seu coração?

MDM – Diz-lhe que sou Luz.

 

PJ – Quero, em meu nome pessoal e em nome da Gazeta da Beira, dizer-lhe que foi uma enorme honra, Maria Monraia! Desejo-lhe a continuação de um excelente trabalho e MUITO OBRIGADA! Peço-lhe que deixe uma mensagem breve a todos os nossos leitores.

MDM – Cada um de nós pode sempre fazer melhor, sem nunca pisar o outro! Só assim se pode ousar fazer!

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