Entrevista a Carlos Alberto Correia Rodrigues Matias

FICHA BIOGRÁFICA

Nome: Carlos Alberto Correia Rodrigues Matias, filho de João Rodrigues Matias e de Fernanda Correia Matias.

Idade: Nasci no Bairro da Ponte no ano em que morreu Fernando Pessoa.

 

Profissão: Duplamente reformado. Da função pública onde percorri todos os graus de hierarquia. Comecei por ser fiscal da indústria hoteleira em regime de tarefa. Fui chefe de secção, chefe de repartição, diretor de serviços, chefe de gabinete de quatro membros do governo de partidos diferentes. Fui assessor Letra C, assessor letra B, assessor Letra A. Reformei-me cedo da função pública, pois o tempo que cumpri em Angola no serviço militar obrigatório, contou-me a dobrar para o efeito. Estou reformado da condição de advogado com autorização para exercer, o que não faço, salvo causa própria.

 

Livro Preferido: Sou um dos sócios fundadores da ordem literária de Aquilino Ribeiro, ordem criada por iniciativa de Júlio Cruz, principal impulsionador da transferência para o Panteão Nacional de Aquilino Ribeiro. Livros como “Humildade Gloriosa”, “A Casa Grande de Romarigães”, “Volfrâmio” e, especialmente, “Quando os Lobos Uivam”, marcaram-me e fizeram-me compreender parte da gente de que faço parte e, sobretudo, os “Manholas” da Beira.

Entendi melhor Salazar após ler Aquilino. José Régio e a sua peça de teatro “Salvação do Mundo” apresentada pela primeira vez pelo Grupo Cénico da faculdade de direito de Lisboa e onde desempenhei um papel menor, permitiu-me conviver um pouco com este escritor poeta, que admiro. Com o Grupo Cénico fui a um festival de teatro em Coimbra, onde tive o privilégio de conhecer e conversar com Miguel Torga. Mais recentemente, e com atraso de dezenas de anos li calmamente “Os Lusíadas” e a obra poética de Camões profusamente anotada pelo “Círculo de Leitores”. Fiquei deslumbrado. Descobri tarde este génio máximo das nossas letras. Um quase Deus.

 

Destino de Sonho:

Há pesadelos que se esquecem e que às vezes se tornam sonho. Gostava de ir a Nambuangongo, na região de Dembos, em Angola, onde o batalhão de que fiz parte combateu e onde, em razão das minhas funções, poucos riscos corria, comparado com os outros colegas. Para quebrar o isolamento, e porque já se faziam reabastecimentos na mítica “Nambuangongo”, que Manuel Alegre refere num dos seus poemas, fui como “acompanhante” numa coluna até lá. Não esquecerei nunca esse dia. Um 2º Sargento de carreira, José Paulo dos Santos, naquele dia, de manhã, lançara-se sobre uma granada atirada pelo inimigo, cobrindo-a com o seu corpo. Ficou despedaçado, mas salvou os seus homens. António Salvado, grande escritor e poeta português de Castelo Branco, com a maioria da sua obra traduzida para Francês, Inglês e Castelhano, e que na altura cumpria as suas obrigações militares em Angola, dedica-lhe um poema no seu livro “Equador Sul”. Livro que guardo, também, dentro de mim. Nambuangongo marcou-me. Sonho ter como destino esta terra numa mítica viagem a Angola.

 

Personalidade que admira:

Admiro o General Ramalho Eanes, o que parece ser contraditório em razão da minha antipatia e quase desprezo pela generalidade dos militares profissionais vivos. Obviamente, há bastantes exceções. Fiz parte do partido (P.R.D) que encabeçou e tive a oportunidade de sentir e apreciar a sua excecionalidade. Um dia, de passagem por São Pedro do Sul e porque então os democratas da Terra não quiseram recebê-lo oficialmente, parou no “meu” Bairro da Ponte onde tive o privilégio de “botar discurso” e saudá-lo. Nesse dia foi também a Manhouce, já que, com sua esposa admirava muito os “Cantares” e Isabel Silvestre. Fui deputado, na Assembleia da República, do P.R.D.. Fui chefe de gabinete de 4 membros do Governo de partidos diferentes. De há umas décadas até hoje, quase todas as personalidades públicas que observo são “tribiais”, quero dizer, triviais. Sei, contudo, que temos desportistas, cientistas, artistas, poetas, reconhecidos internacionalmente. Valha-nos isso.

 

• Paula Jorge

Muito obrigada Dr. Carlos Matias, por mostrar disponibilidade para esta entrevista da rúbrica “Gente que Ousa Fazer”. Comecemos pelo princípio:

Paula Jorge (PJ) – Pode descrever-nos o seu percurso académico?

Carlos Matias (CM) – Fiz a instrução primária na Escola da Negrosa. Ao tempo, essa escola era só para rapazes. De manhã, antes de começarem as aulas, todas as classes, em conjunto, cantavam o Hino Nacional completo, o Hino da Mocidade Portuguesa, o Hino da Maria da Fonte, a par do Hino de Lafões. Acompanhadas pela flauta do Prof. Valente.

Vivia-se mal! À hora de almoço em um caldeirão, vinha uma sopa da Santa Casa da Misericórdia. Os alunos, sobretudo os que vinham dos arredores, punham-se em bicha, com uma malga de esmalte para nela lhes botarem a sopa. Ninguém queria ficar à frente da fila, pois as primeiras sopas tinham pouca “bianda”, eram mais aguadas. Eu era dos poucos que não ia para a bicha – agora por causa dos brasileiros, dizemos fila – pois a Vitória, que vivia em minha casa e mais velha, levava-me o almoço à escola.

Um Tio que residia em Lisboa, e porque meus Pais não podiam pagar os meus estudos – em S. Pedro do Sul não havia ainda colégio nem escola pública secundária – resolveu trazer-me para Lisboa para continuar os estudos. Tinha sido aprovado com distinção na 4ª classe. Distinto, como então se dizia. Nunca mais obtive distinção em nada. Frequentei os Liceus, Camões e Pedro Nunes, liceus dos filhos da gente rica do “Regime” e dos grandes burgueses das Avenidas Novas. Coisa curiosa: nunca me senti discriminado. Pelo contrário, a minha pronúncia sampedrense, ao tempo acentuada, transformou-se até num motivo de curiosidade. Meu Tio faleceu quando cheguei ao final do liceu. Empreguei-me em uma firma de fotografia e cinema, – J.C.Álvares – situada no centro da Baixa lisboeta. Juntei algum dinheiro. Uma outra Tia, que viera também para Lisboa, ofereceu-me casa, estadia, sem custos. Como tinha notas para entrar sem exame de Admissão, matriculei-me na Faculdade de Direito. Ao tempo, só havia duas Faculdades de Direito no país, que então tinha um império: Faculdade de Direito de Lisboa e de Coimbra. Estas Faculdades rivalizavam entre si para verem qual dela reprovava mais. No meu 1º ano, só havia a época de Julho. Os exames orais eram feitos no mesmo dia. Quem chumbasse em uma cadeira reprovava em todas e não havia a época de Outubro. Que passou a existir no meu 2º ano, em exames por disciplina. Dizia-se que ali se preparavam elites. Como passei “à primeira” fiquei todo ufano, na circunstância, como ficavam sempre os que nasciam no Bairro da Ponte. A minha nota de curso não dá, porém, nas “vistas”.

Fui aluno de Marcelo Caetano, professor notável, aberto. Nunca ouvi, ao longo dos tempos ninguém de esquerda ou direita dizer mal do mestre, como tal. Na primeira grande Crise Académica, de 1962, demitiu-se de Reitor e colocou-se ao lado dos alunos. Fui também aluno do Prof. Adelino da Palma Carlos, primeiro Primeiro-ministro depois do 25 de Abril. E de Isabel Magalhães Colaço. Gostei sempre de ensinar. Em Angola, depois de chegar do mato, fui professor, em complemento da Tropa, na Escola Comercial de Luanda, em horário pós-laboral. Professor de História. Na metrópole havia separação de sexo nas escolas. Em Angola não. Nem separação de raças. O curso tinha negros, brancos e mestiços de todos os sexos. Quando lhes lia textos de Leopold Shengor, então Presidente do Senegal e admirador dos portugueses – dedicou um poema a Amália Rodrigues – ficavam surpresos. Texto da revista “Presence Africaine”, às vezes lia-os nas aulas. Como professor, não fazia qualquer consideração política pró ou anticolonialista. Quando alunos negros não tinham outras aulas vinham pedir autorização para assistir às minhas. O Diretor da Escola relevou o facto e, “preocupado”, chamou-me a atenção. O que me envaideceu.

De regresso à Metrópole e com o gosto adquirido pelo ensino, fui professor durante um ano num curso noturno da Escola Patrício Prazeres. Impressionante a diferença. As dificuldades económicas, os problemas de subsistência de muitos alunos eram chocantes comparados com os de Luanda. Desisti, pois custava-me sentir em direto os problemas extraescolares daqueles alunos.

Fui convidado para dar aulas na Escola de Hotelaria e Turismo Alexandre de Almeida, em Lisboa, da disciplina de “Organização Turística do País”. Aliás, o primeiro e único livro publicado em Portugal sobre legislação turística de Portugal Continental, Insular e Ultramarino, devidamente anotado, é de minha autoria e da distinta jurista Dra. Maria Aline da Silva. Nessa Escola dava aulas, também, da sua especialidade o cozinheiro de Calouste Gulbenkian e até de Salazar, o sampedrense Mestre João Ribeiro. Ferreira Fernandes considerava-o o maior cozinheiro português do século passado. A revista espanhola “Câmbio” prestou-lhe a devida homenagem. Em artigo nela publicado, o cronista Xavier Domingo, ao relatar o seu falecimento escreveu “Gran João, maestro de maestros, chefe indiscutible de la cocina portuguesa”. Aliás, a confraria parece ignorar o papel que outros lafonenses tiveram no lançamento e difusão da gastronomia portuguesa a nível nacional. Em tempos a Dra. Ester Vargas então Deputada terá tentado que fosse prestada a devida homenagem ao Mestre João Ribeiro.

Matriculei-me, também, em horário pós laboral no Instituto Superior de Estudos Utramarinos, no curso de “Altos Estudos Ultramarinos”, onde tive como Mestre o Prof. Dr. Adriano Moreira, homem culto, sábio, de superior inteligência. Com quem me cruzei no Parlamento onde também era deputado quando eu o fui.

Ao fim de três meses não me autorizaram a frequentar o curso, pois era funcionário público no ativo. Não vou invocar agora as possíveis causas da proibição.

Na década de 80 fui também Presidente da Associação Intercontinental de Estudos Turísticos e Culturais de que faziam parte João Soares Louro, Augusto Clara, Alfredo Magalhães Coelho, e que levou a cabo, no Rio de Janeiro e em Lisboa, encontros que tiveram algum eco.

PJ – Nesta sequência, Dr. Carlos Matias, fala-nos do seu trajeto profissional e também das suas obrigações militares, que, segundo sei, foi mobilizado para Angola.

CM – O serviço militar marcou-me muito, curiosamente sem qualquer trauma negativo. Considero que foi um “Erasmus” mais abrangente do que hoje é proporcionado aos jovens portugueses.

Terminada que foi a minha frequência do curso de Direito, como já referi, em 1961 fui para a tropa. Nesse ano, rebenta mais uma guerra “colonial “em Angola. Apurado para as fileiras fui obrigado a tirar o meu curso de oficial miliciano na Administração Militar. Deram-me a especialidade de “contabilidade e pagadoria”. Disseram-me que dada a minha especialidade as possibilidades de ser mobilizado eram mínimas. Tinha emprego garantido, por isso casei-me. Quase no fim de cumprir o serviço militar normal fui mobilizado. No meio do azar tive sorte. Fui integrado em um batalhão de caçadores. O nosso exército poderíamos considera-lo, ao tempo, um exército popular. Todos os jovens, vindos dos campos, das fábricas, das oficinas, tinham de ir para a tropa. Enquadrados por furriéis que eram cidadãos com habilitações proporcionadas pelas escolas comerciais ou industriais de então, pelas escolas das regentes agrícolas, ou que não tinham concluído o 7º ano do liceu. A seguir, na escala hierárquica, existiam os alferes. No meu batalhão à exceção de três, todos éramos licenciados. Três são hoje professores universitários, no ativo ou reforma. Caso do Prof. Dr. Malaca casteleiro, principal responsável pelo Acordo Ortográfico em vigor e pelo dicionário de Português da Academia de Ciência de Lisboa. Foi ferido em combate. Consequentemente, será com naturalidade que enfrenta os ataques “cíclicos” que o alvejam.

O Batalhão foi para a região dos Dembos. Onde ao longo dos tempos houve sempre resistência à colonização branca e onde os colonos terão cometido – Baixa do Cassenje – violências graves. Os soldados nas generalidades não sabiam o que significava fascismo ou comunismo. De África e de guerras tinham a informação dos vizinhos, ou dos pais que se bateram em África ou na Flandres na 1ª Grande Guerra.

Os professores nas escolas ensinavam que os portugueses tinham sido os primeiros europeus a chegarem à India por mar, tinham achado o Brasil, tinham-se implantado nas costas de Angola, Moçambique, Goa, Damão, Diu, Dradá, Nagar Aveli, São Tomé, Cabo Verde, Timor, São João Batista da Ajuda, etc. Sabiam do Gungunhana. Ir para Angola era o cumprimento de obrigações seculares, um destino. Tive oportunidade de lidar calmamente com muitos, com centenas! E ficar admirado e orgulhoso com a gente do meu país e, sobretudo, com aquela “gente”. Recordarei para sempre a vez em que em Luanda, onde o batalhão se fixou vindo do mato e onde a partir de 1962/63 se vivia com mais segurança do que hoje em Lisboa – e Lisboa é uma cidade segura – tive que comandar um pelotão que ia proceder ao arrear da bandeira portuguesa na fortaleza de Luanda, ao pôr-do-sol junto à baía. Há dois anos que não viam a família. A forma sentida, emotiva, como olhavam a bandeira quando era arreada, fez-me sentir o conceito de Pátria. Tem-me roubado parte dessa Pátria. Não me estou a referir a territórios…

Hoje para se justificar a descolonização bronca que foi feita, como foi feita, importa falar no nosso passado de escravocratas, de colonialistas. Tratar da independência ou autonomia das Colônias, províncias ultramarinas ou territórios de Além-mar era urgente, era necessário, era óbvio. Mas a tropa profissional é que tudo mantinha. Precisam de ser julgados “historicamente” não para serem mandados para o Tarrafal ou coisa parecida…

PJ – Muitas histórias terá guardado durante todo o seu percurso profissional. Quer partilhar connosco uma das que mais o marcou?

CM – Curiosamente há uma história relacionada com a tropa que profissionalmente me marcou. Entre outras funções tinha como atividade também, conforme fora superiormente determinado, fazer relatórios onde teria de concluir se um acidente, um ferimento, uma morte, tinha sido em combate, em serviço, ou se nada tinha a ver com a tropa. O comandante, um tenente-coronel capaz – há sempre exceções – tinha constatado, disse-me um dia, que todas as minhas conclusões era que tudo que acontecia, ou era por razões de combate ou em serviço. Se um militar tinha sido autorizado a jogar a bola no Sporting de Luanda e partia uma clavícula como jogador, eu concluía que tinha sido em serviço. Fora autorizado e era uma das maneiras de se fortalecer para enfrentar o inimigo em melhores condições.

Um dia um alferes, ao entregar uma fatura, num segundo andar num prédio no centro de Luanda onde um médico do batalhão residia, ao despedir-se da esposa do médico e ao abrir a porta do elevador, este não estava lá, por avaria. Estatelou-se e cheio de fraturas foi remetido para o hospital militar de Lisboa. O comandante entendeu que a queda não fora por razões de serviço, eu entendia o contrário. O comandante é que tinha perguntado quem poderia fazer o favor de entregar a fatura ao médico que tinha sido transferido. Aquele alferes, por cortesia, aceitara fazer a entrega. Se o militar fosse remetido para um hospital da metrópole por acidente em serviço ou em combate, estaria em Lisboa a receber os vencimentos ultramarinos e no fim de ter alta, era protegido. Caso não fosse por essas razões recebia o vencimento substancialmente menor e no fim do tratamento era “posto na rua”.

Acabada a minha mobilização regressei à vida civil e abri escritório de advocacia com mais três Colegas.

Cerca de meio ano depois apareceu-me o referido alferes a pedir apoio para arranjar emprego. Tinha o curso completo da Escola Superior Ultramarina. Naquele “estado” não era admitido a trabalhar. Casado e com dois filhos.

Resolvi encarar o assunto no plano jurídico apoiado no conhecimento prático que tinha da legislação especificamente militar. Pus uma ação e fiz uma exposição ao respetivo Ministro. A falta de cortesia na vida militar, argumentei, podia ser punida conforme Regulamento de Disciplina Militar, no mínimo, com repreensão. O que não acontece na vida civil. Uma não cortesia na vida civil é apenas punida com um mero juízo de valor.

Ao fim de uns largos meses ganhou-se a ação. Procurei o alferes para o informar e não o encontrava porque residia em Mourisca do Vouga. Apareceu-me no escritório de surpresa, pois disseram-lhe que eu o procurava. Sentou-se amparado nas muletas. Dei-lhe a notícia dos muitos contos que ia receber que lhe tinham sido cortados no vencimento e de mais apoios. Um colega e saudoso amigo assistia. Às tantas, o alferes levanta-se e esquecido das muletas andou até a parede mais próxima, onde se encostou. Ainda hoje, naquela rua, onde há outro escritório de advogados se fala em um milagre acontecido no que foi o meu escritório.

 

PJ – O Dr. Carlos Matias faz parte dos Órgãos Diretivos do Jornal Gazeta da Beira e tem as suas rubricas frequentes de opinião neste mesmo jornal. Quais os temas que mais gosta de escrever e que personalidades tem incluído nas suas rubricas?

CM – Tive sempre gosto pelo jornalismo. Ainda estudante liceal escrevia “Nótulas de Lisboa” para a Tribuna de Lafões. Mais tarde foi criada naquele jornal a secção Mirante onde escreviam, e bem, outros lafonenses, designadamente o Prof. Dr. Amadeu Carvalho Homem. Aconteceu até que, Manuel dos Santos Lima, negro angolano do Bié, meu Colega de curso e com quem convivia na Casa dos Estudantes do Império, então existente, que eu frequentava, também, não por razões políticas, mas porque era perto de minha casa e onde se podiam tomar refeições muito baratas, escreveu vários artigos por solicitação minha para o “Mirante”. Ele que havia de ser o primeiro comandante do chamado Exército de Libertação de Angola. Ainda vivo, ofereceu-me um de seus livros intitulado “As Lágrimas e o Vento” – que releio de tempos a tempos.

Um dia um cidadão de uma família prestigiada em toda a região, família que concretizou sonhos de grandeza para a sua terra, especialmente para as suas termas, desafiou-me para fazermos renascer a “Gazeta” então “parada”. Impôs condições: teria de ser um jornal com características de periódico regional, com pluralidade, isento, sem censura interna, independente, sem receio da polémica, inovador para além do possível.

Durante mais de uma década fui seu Diretor. Um dia fui acusado de violador do segredo de justiça. Julgado, fui absolvido. Oscar Mascarenhas, notável jornalista em representação do sindicato dos jornalistas, de que sou sócio, e que esteve presente no julgamento, publicou um artigo no Diário de Notícias, a propósito, relatando o meu comportamento, que muito me envaideceu, pois não cultivo a falsa modéstia. Gazeta da Beira mereceu, então, a atenção do jornalismo nacional, bem como a sentença juridicamente e intelectualmente notável.

Tive e tenho a preocupação de escrever noticiando o que me aparece ter interesse regional e sempre que possível opinando tudo que tem a ver com São Pedro do Sul e sua região, ou que, embora de interesse nacional tenha reflexo especial também em Lafões.

O tema “regionalização” ocupou-me sempre o espírito, mesmo antes do 25 de abril. A criação de autarquias intermédias entre os municípios e o poder central, as chamadas Regiões Administrativas, previstas na Constituição, formataram sempre o meu espírito. Tive o privilégio de percorrer o país e ter concretizado a criação das Regiões Turísticas, inspiradas no que a Constituição expressa sobre Regiões Administrativas, como já referi.

A criação da Região de Turismo Dão-Lafões, assentou no associativismo voluntarista dos municípios com órgãos eleitos e receitas próprias. Certo poder Central desfez o serviço que promovia estas instituições.

A concentração e centralização do poder, quando cai nas mãos de uns tantos, provoca-lhes desconhecidas doçuras, bem diversas dos martírios que certos utopistas supõem esse poder rodeado.

PJ – Como caracteriza este jornal Gazeta da Beira e quais as suas particularidades?

CM – Como já disse, Gazeta da Beira foi sempre um jornal independente. Criticando o poder que nos rodeia e quem o exerce. Repito, é um jornal inequivocamente independente, autónomo, dando abrigo nas suas colunas a pontos de vista diferenciados. Nunca dei por ele ao serviço de quem quer que fosse para alcançar, ou promover, cidadãos para exercer poderes locais, regionais ou nacionais. Quiçá europeus. Apontou sempre o dedo ao que está mal e não festeja por sistema o que está bem. É certo que procurou e procura sempre fazer uma vigilância dos poderes e de quem os exerce buscando a prática do jornalismo de soluções.

Gazeta da Beira tem um título de glória que é nossa convicção nenhum jornal português ou europeu tem.

Com os seus leitores, especialmente com a colaboração do Dr. António Bica, preparou e publicou um texto articulado, uma proposta de projeto-lei sobre prevenção de incêndio nas florestas que enviado para a assembleia da república, ali foi recebido e sem alterações, subiu a plenário.

Largamente discutido, conforme Diário da Assembleia, nº 39, de 06 de fevereiro, pags. 1966, de 1991. Foi rejeitado com votos contra do PSD, e votos a favor do PS, PCP, PRD, CDS e dos Deputados independentes Herculano Pombo, João Corregedor da Fonseca, Jorge Lemos e José de Magalhães.

Os “instalados”, nas suas controvérsias e nas considerações que fazem de tempos a tempos sobre incêndios nas florestas não referem o proposto.

 

PJ – Quais os sentimentos que o dominam quando escreve? (Como se revê nesta faceta de escritor?)

CM – Escritor em princípio é pessoa que compõe obras literárias. Eu não posso orgulhar-me deste título. Se bem que há anos tenho em mãos a feitura de um livro que tem como pano de fundo África e a última guerra colonial. Escrever na Gazeta foi sempre algo que compensou um pouco o não me sentir realizado como tal. Crítico da realidade envolvente e passado recente, concluo que estive sempre aquém do que devia, e perdoe-me mais uma vez a presunção, do que podia.

 

PJ – Por falar em livros e em leitura, acredita que a sociedade em geral dá a devida importância ao setor da cultura?

CM – Penso que há muitas culturas. A origem de classe marca muito a vivência de certas culturas. Quando se nasce nas Serras da Beira, é-se influenciado por um certo meio físico e humano, pelo trabalho que se realiza, pela vida que se leva.

Estar na Igreja da Candelária no Rio de Janeiro, ouvir uma missa dita pelo Padre de Manhouce e solos de Isabel Silvestre é sentir algo que nos transcende naquele enquadramento. Ler escritores portugueses do passado. Escutar recolhas e arranjos e criações de Lopes Graça, Sasseti, é captar que o ser humano se ultrapassa muitas vezes. Penso que a sociedade em geral dá importância ao setor da cultura. Não significa que os que detém o poder o entendam e atuem em conformidade. Algumas vezes, passe contradição, por falta de cultura própria.

Em Portugal a Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, o Instituto de Cinema e Audiovisual, a Direção Geral do Patrimônio Cultural, a Direção Geral das Artes, a Cinemateca, o Centro Cultural de Belém, os Teatros Nacionais, a Biblioteca Nacional, etc. atuarão em conformidade, centralizadas que estão? A despesa do Estado com Cultura lemos, recentemente, é de 0,28% da despesa total prevista.

Mas a sociedade em geral dá importância, a nosso ver, ao setor da cultura. Os poderes às vezes utilizam a cultura como veículo para manipularem pessoas para fins impróprios. Entre nós chegou a haver uma cultura habilmente importada de Moscovo e de Washington e apoiada e propagandeada quase em exclusivo pelos respetivos interessados.

 

PJ – Ao longo da sua vida, o Dr. Carlos Matias tem abraçado inúmeros projetos. Quer falar-nos de algum projeto já realizado que não tenha sido aqui lembrado ou de outros que estejam para acontecer a curto ou médio prazo?

CM – Como já escrevi, “Menino e Moço me levaram da casa dos meus pais para longes terras”. Aprendi a distância, naqueles tempos, a recordar todos os dias São Pedro do Sul. Lisboa, capital do Império que já não há, é uma cidade que reflete história por todos os lados. Banhada pelo Tejo, é linda. Mas nunca me afeiçoei a Lisboa. Casei em São Pedro do Sul. Registei os meus filhos em São Pedro do Sul e quis sempre adquirir um estatuto próprio em relação a São Pedro do Sul. Ser o natural desta terra, que não residindo nela, mais participasse na sua vida. Se não vejamos: fui Secretário-geral do I Colóquio Regional de Turismo e Termalismo de Lafões em 1969, colóquio que graças à ação do Dr. João José Casimiro de Almeida Dias (da Ponte) teria consequências fulcrais no desenvolvimento do Termalismo.

Importa recordar a construção do balneário Afonso Henriques, que se lhe seguiu, subsidiado ao tempo, em 80%, pela Administração Central, quando ainda não existiam as “esmolas” da U.E.. A minha falta de modéstia nem sempre me permite calar como foram arranjados os tais 80% e quem centralizou toda a ação… aliás, numa determinada altura, construído o Balneário era importante equipa-lo. O Município maugrado ter recebido os tais 80% de subsídio, não reembolsável, não concluiu a obra. Deputado que era na altura na Assembleia da República, juntamente com outro sampedrense, Dr. Carlos Carvalhas, de partidos diferentes, interviemos nessa qualidade junto do respetivo Ministério. Pressionada a Câmara, resolveu o assunto, embora se tivessem passado coisas estranhas ao nível local por causa disso.

Fui Presidente da Assembleia Geral da Caixa de Crédito Agrícola de São Pedro do Sul, que se ampliou para C.C.A. de Lafões. Ao tempo, Saarfield Cabral e Carlos Carvalhas pronunciaram notáveis conferências por convite desta instituição financeira. Juntamente com o António Teles da Ponte legalizamos a Filarmônica Harmonia, quase secular, mas que não possuía nem tinha estatutos. Fui Presidente durante uns anos da sua Assembleia Geral. Fui cofundador da Rádio Lafões, com Alberto Teles da Ponte, entre outros. Fui Presidente durante anos da sua Assembleia Geral. Procedi a legalização dos Cantares de Manhouce. Acompanhei o grupo ao Brasil, Espanha e França. Jornadas de cultura inigualáveis, designadamente na Igreja da Candelária do Rio de Janeiro, na Embaixada de Portugal em Madrid e em Paris, etc. Fui presidente da Assembleia Geral destes “Cantares” que foram oficialmente convidados para uma sessão na Assembleia da República, que foram oficialmente visitados na sua Aldeia pelo Presidente da República de então e cuja Presidente foi condecorada com a Ordem do Infante pelo Presidente da República Jorge Sampaio. Fui Presidente da Casa dos Lafões em Lisboa, onde fui promovido, então, uma vinda do grupo cénico do Dr. Gralheiro à capital, bem como outros grupos e bandas da Região que desfilaram em hora de ponta desde a Marquês de Pombal até ao Terreiro do Paço. Igualmente procedi a uma aproximação da Casa de Lafões do Rio de Janeiro com a Casa de Lafões de Lisboa. A Casa de Lafões do Rio de Janeiro perdeu autonomia, integrada que está na Casa das Beiras naquele país, que se costuma dizer irmão, mas que é filho. Sou sócio honorário com diploma, o que me dá grande satisfação.

Enquanto deputado na Assembleia da República não estive lá só para fazer exercícios de levantar e sentar à ordem da Direção Partidária. Tive larga intervenção sobre Termas. Referindo as de São Pedro de Sul e Folclore, entre outras intervenções. Membro que fui da F.I.T.E.C. – Federação Internacional do Termalismo e Climatismo – nas reuniões que tive em França, Polónia, Tunísia, Itália, a minha terra esteve sempre presente e foi referenciada.

Tive, ao longo do tempo, uma ideia. Restaurar o Concelho de Lafões, com território e identidade geográfica própria, como o grande lafonense que foi o prof. universitário de Coimbra, o geógrafo Amorim Girão, de Vouzela, salientou cientificamente. Com identidade folclórica como se concluiu no I Encontro de Folclore da Região de Lafões, promovido pelo Grupo de Cantares de Manhouce e de que fui Secretário-geral, em 1984, com participação da Federação Portuguesa de Folclore e técnicos dos respetivos departamentos de Estado.

Admitindo que “restaurar” o Concelho de Lafões tenha de ter meditação profunda, prolongada e abrangente, com a colaboração de cidadãos dos três Concelhos, estão preparados e prontos os Estatutos do Conselho de Lafões – Associação para a Cidadania, como entidade dinamizadora das iniciativas da sociedade civil, que se enquadrem no conceito da democracia participativa de forma a suscitar o desenvolvimento dos Municípios São Pedro do Sul, Vouzela e Oliveira de Frades. – E, sabe-se lá, a longo prazo, se evitem por imposição democrática centralista, caso se queiram diminuir o número de Concelhos existentes (como já aconteceu com as Freguesias) a fusão com outras redondezas. Há Conselho de Estado. Passará a haver, também, Conselho de Lafões.

 

PJ – Que outras paixões nutre que o completam como pessoa?

CM – Gostava de ver a CPLP – Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa – reforçada e operosa. Não sou contra a União Europeia. Mas nunca votei nas eleições respetivas. Não me identifico com um alemão, ou um inglês, por exemplo. Claro que pertencemos todos à espécie humana. Identifico-me mais com negro bailundo que fala a minha língua com influências culturais recíprocas, embora com muitas identidades próprias, do que com qualquer dos povos da Europa Central, do Norte ou Leste. Sou mais brasileiro do que francês. Sinto-me como português e pessoa um componente da comunidade dos povos de língua portuguesa. E, numa perspetiva de futuro, penso que só nos afirmaremos no mundo com ligações sociais, económicas e até políticas dentro da CPLP. Independentes, mas ligações sociais intensas. Prefiro estar próximo de Luanda ou do Rio de Janeiro do que de Berlim, Bruxelas ou Paris.

 

PJ – Imagine a sua vida sem o Direito e a escrita, como seria?

CM – No presente, não tenho futuro. Tenho só passado. Mas o presente vivo-o, emboras às vezes me sinta “orgulhosamente só”. Agora deu-me para ler. Antes tinha receio de ler certos escritores, certos pensadores, certos políticos. É que de tempos a tempos concluía, face as experiências vividas, olhadas em direto, que a lógica dos livros nos agarra, nos apaga, por vezes, a realidade. Fala-se sobre racismo, colonialismo. Viver no interior de Angola naqueles tempos colhiam-se vivências que nos ajudaram a compreender o colonialismo nos dias de hoje. Ir ao Brasil, um território 94 vezes maior que Portugal Continental, ir à Moçambique, ir à Macau, sem prévios preconceitos ensinou-me a conhecer o que terão sido os nossos antepassados, o que foi a primeira globalização construída por menos de 2 milhões de portugueses. Todos os dias fala contra o colonialismo português, para assim se justificar a descolonização “bronca” que foi feita.

 

PJ – Apenas numa palavra, pode descrever-se?

CM – Ninguém é bom juiz em causa própria, não pedi a ninguém para nascer. Nem sei, por isso, qual a razão por que existo. Não serei uma coisa indefinida. Sinto que sou o misto de alguma coisa com outra coisa parecida, retificando o Poeta.

 

PJ – Para fechar esta entrevista, o que me diz o seu coração?

CM – O meu coração não fala. E se falasse explicar-me-ia a razão por que estou vivo ainda. É que votando em São Pedro do Sul desde sempre para as legislativas, presidenciais e autárquicas quando das antepenúltimas eleições legislativas, resolvi abster-me. Por isso fiquei em Lisboa. Nesse dia, de manhã, deu-me uma súbita dor no peito. Fui de urgência para o Hospital Curry Cabral, e na urgência desentupiram-me uma artéria. Se tenho ido a São Pedro do Sul, como foi sempre regra votar, não estaria hoje a dizer isto. Posso referir que às vezes a abstenção salva a vida das pessoas. Mas o meu coração diz-me que em fim de festa, como jornalista da Gazeta queria, dentro do possível, informar os lafonenses, especialmente os sampedrenses acerca dos naturais da região que se firmaram além Concelhos, ou além Lafões. Claro, a título de exemplo, terei de começar pela Ponte. Isto é, Bairro da Ponte. Quando era aluno da escola da Negrosa, diziam-me que o Bairro da Ponte era um bairro de judeus ou de espanhóis. Ponte era Espanha.

Mas a Ponte foi berço de várias gerações da família Almeida, que em meados do séc. XIX deu ao país uma geração notável. De entre os irmãos, os mais famosos foram o Padre António de Óbidos, que foi retratado por Bordalo Pinheiro, o Dr. José de Almeida, Médico Fundador do Sanatório Marítimo de Carcavelos, que ainda hoje dá o nome ao Hospital de Cascais, o Dr. Fernando de Almeida, político na Golegã, e pai da cantora lírica Fernanda Cortes Real. O cavaleiro tauromáquico Manuel Casimiro de Almeida, personagem popularíssimo no fim do século e protagonista do Movimento Monarquia do Norte, que deu origem às duas gerações de cavaleiros e foi avô da atriz Mirita Casemiro. Mais recentemente o Dr. João de Almeida Dias que, na tradição Médica da família, que o liga ao Dr. José de Almeida Carvalho e Silva, cofundador de Singapura, onde existe ainda hoje a D´Almeida Street – foi durante 46 anos Diretor Clínico das Termas de São Pedro do Sul. Sentindo o passado familiar, o Prof. Dr. Francisco de Almeida Dias, depois de 18 anos em Itália, onde foi professor da Universidade de Viterbo, tem-se radicado em São Pedro do Sul, escrevendo até artigos para a Gazeta.

Na Ponte nasceram, ainda, o Comandante da Marinha, Venâncio Guimarães Sobrinho, que foi o último Presidente do Conselho Legislativo de Angola. “Dono” de sociedades que detinham barcos em Porto Alexandre, hotéis, moagens, etc. E que foi dos últimos a regressar no seu bimotor pessoal. Tinha ido para Angola, ainda não estava na metrópole Salazar. Foi também Presidente da Câmara de Sá da Bandeira o Eng. José Guimarães, da Ponte, que tive o prazer de visitar em 1963, em Angola. O sobrinho, Dr. Manuel Guimarães da Rocha, que foi diretor do Hospital de São José, em Lisboa, nasceu na Ponte.

Importa que os sampedrenses tenham conhecimento da gente da sua terra ou região, como António Luiz Dias, que tendo saído, deram-no nas vistas. Conhecer o passado ajuda a fortalecer o futuro. Claro que a “Vila” também gerou cidadãos e cidadãs que botaram figura. Maria Augusta da Silva Simões, residente na Vila, foi Deputada a Assembleia Constituinte. Foi uma das fundadoras do M.S.D., Movimento Social Democrata, associação que obrigou o P.P.D. a acrescentar P.S.D. à sua denominação. Só Santana Lopes o refere hoje.

O poeta António Correia de Oliveira terá nascido na Vila, embora familiares seus tenham vivido na Casa Velha da Ponte, conforme é referido no livro que transcreve e comenta a correspondência trocada entre Trindade Coelho e António Correia de Oliveira. David de Almeida nasceu na Vila. Coisa curiosa, foi homenageado pelos seus conterrâneos em vida! Outros cidadãos, à exceção de Carlos Carvalhas que nasceu na Vila, firmaram-se também nela, caso do Dr. Jaime Gralheiro, mas vieram das Freguesias Circundantes.

Importa recordar Napoleão Viegas de Carvalho, nascido na Ponte, alfaiate, costureiro artista que foi de Amália Rodrigues, descendente direto de Viegas de Carvalho, que montava os célebres “Caifazes” na Capela de São Bartolomeu, da Ponte, na altura da Páscoa. Importa também difundir os trabalhos, estudos, obras poéticas, da Prof. Dra. Rosa de Oliveira e da Prof. Maria Antónia de Oliveira que, quer no Ensino Superior Politécnico de Coimbra, quer na Universidade Nova de Lisboa, alcançaram marcante prestígio. Sem esquecer, outra descendente de sampedrense, a Prof. Dra. Nazaré Saldanha da Costa Cabral, Presidente do Conselho Superior do Conselho das Finanças Públicas e Catedrática de Direito, da Universidade Clássica de Lisboa.

“Mostrar” sampedrenses não residentes, repito, será preocupação minha no futuro, sem esquecer outros lafonenses.

 

PJ – Quero, em meu nome pessoal e em nome da Gazeta da Beira, dizer-lhe que foi uma enorme honra, Dr. Carlos Matias! Desejo-lhe a continuação de um excelente trabalho e MUITO OBRIGADA! Peço-lhe que deixe uma mensagem a todos os nossos leitores.

CM – Enorme honra para mim foi ter sido entrevistado e por quem eu fui.

O Dr. Telmo Teixeira de Vouzela procurou várias vezes “ouvir-me”. Não aceitei nunca por privilegiar em primeira mão a comunicação social sampedrense. Fui sempre rejeitado por esta. Peço desculpa, Dra. Paula Jorge, pelo meu alongamento nas respostas. O Presidente do Grupo Parlamentar do P.R.D. dizia que tudo pode ser dito no máximo de 2 folhas. Mas para tal, também dizia, era preciso ser-se inteligente. Aos leitores da Gazeta, desejo que continuem seus críticos, seus colaboradores. E que tenham a certeza que não há no mundo um lugar assim como Lafões, com a sua “Gazeta”.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *