Em Foco 846

Abate de mais de 300 sobreiros na zona da linha do Vouga – população indignada pendurou bandeiras nacionais nas árvores

Uma empresa ao serviço da Infraestruturas de Portugal está, desde o dia 21 de março, paradoxalmente no dia em que se assinala o Dia Internacional da Floresta e Dia da Árvore, a executar o abate de sobreiros na zona envolvente à linha do Vouga, mais de 300 árvores, constando existir autorização do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

Segundo um comunicado da associação ambientalista Quercus, os sobreiros na sua maioria não representam perigo de queda e nem todos estão na faixa de gestão de combustível dos 10 metros, pois alguns estão em zona urbana ou agrícola.

Na localidade de Jafafe, Macinhata do Vouga, a população indignada colocou bandeiras nacionais nos sobreiros, para tentar evitar o seu abate.

A Quercus afirma desconhecer qual a avaliação que a Infraestruturas de Portugal efetuou, tendo remetido na passada sexta-feira, dia 24 de março, um novo pedido de esclarecimento sobre o assunto, apelando à suspensão do abate de sobreiros, até cabal esclarecimento deste processo.

Os sobreiros mais próximos da linha podiam ter sido podados, cortando apenas alguns ramos e evitando o seu abate. No local, ativistas da Quercus constataram que alguns dos sobreiros já cortados, para além de saudáveis, não estavam a causar problemas à circulação dos comboios.

Por outro lado, para além de cumprirem uma função de proteção e estabilização dos taludes nas zonas com declive, debaixo destes não cresciam acácias como na zona envolvente. Sem estes, não só vai existir mais erosão, como irá proliferar o acacial já instalado.

Continuamos a assistir a situações deste género, promovidas por entidades públicas, que deveriam fazer muito melhor gestão e proteção do património natural da região e do país. Encontramo-nos perante políticas do território de cariz marcadamente “urbanocêntricas” em que só são levados em conta pressupostos burocrático-administrativos, sem medir as suas consequências e implicações na boa gestão do território, do ambiente e dos sistemas ecológicos.

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