Editorial (Ed. 640)

10/10/2013

1 – Nova Diretora

A Gazeta da Beira tem, a partir desta edição, uma nova Diretora. A jornalista Patrícia Fernandes aceitou esse desafio. É natural de Lafões, licenciada e mestre em Comunicação e Jornalismo pela Universidade de Coimbra e colaboradora da Gazeta da Beira. Este jornal e os seus leitores terão muito a ganhar com a juventude, perspicácia jornalística e competência da nova Diretora.

Alexandrino Matos deixou marcas indeléveis na direção deste jornal, que valorizamos e com elas pretendemos aprender. Reforçámos a convicção da importância de um jornal plural, independente e aberto à participação de todos. Aprendemos que a inovação também se faz com a participação de nova gente, com novas ideias.

A Gazeta da Beira agradece publicamente a preciosa e dedicada colaboração de Alexandrino Matos que aceitou por tempo determinado dirigir o jornal. A sua participação prestigiou o jornal. Garantiu-nos que irá continuar a colaborar, sobretudo a nível de temas ligados à literatura, mas que a paixão da sua vida é a música que lhe absorve o tempo todo. Compreendemos e valorizamos, muito especialmente o trabalho que está a fazer em Manhouce e, só por isso, abraçámos os seus argumentos. Um bem-haja e um abraço amigo de toda a equipa de redacção da Gazeta da Beira para o doutor Alexandrino.

2 – Morrer em busca de uma vida melhor

O naufrágio de Lampedusa deixa o mundo indignado. No passado domingo 143 pessoas morreram ao largo dessa pequena ilha do Mediterrâneo, muitas mais estão desaparecidas, a poucos quilómetros da Itália, por não terem sido socorridas a tempo. Não foram socorridas porque a legislação italiana considera “delito de cumplicidade” com imigrantes ilegais quem ajude os barcos que os transportam. Foi por causa desta lei que as autoridades italianas assistiram, impávida e serenamente, à morte de mais de uma centena pessoas.

Como se isto não bastasse para indignar o mundo, o governo italiano vem agora atribuir a nacionalidade italiana aos mortos e acusar os sobreviventes por imigração ilegal, com penas até 5000 euros e a sua expulsão. “Só os mortos podem ficar” é o título de notícia publicada no El País.

Que Europa é esta que se diz civilizada, que permite a livre circulação de capitais, que liberaliza a economia, que globaliza as trocas comercias, mas que, ao mesmo tempo, fecha as fronteiras às pessoas a ponto de morrerem às portas de entrada?

3 – O governo anunciou corte nas pensões de sobrevivência

O Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social veio, no passado domingo, anunciar o corte nas pensões de sobrevivência. Esquece-se o Ministro que o dinheiro que paga as pensões de sobrevivência resulta dos descontos que todas as pessoas que trabalham fazem ao longo da vida, não é do Governo. É como que um grande mealheiro colectivo onde todos vamos colocando o nosso contributo ao longo da vida para ser usado de forma solidária por todas as pessoas quando por idade ou doença deixam de poder trabalhar. No caso das pensões de sobrevivência destina-se a garantir condições de vida do agregado familiar no caso de morte de um dos cônjuges. É crime retirar este dinheiro às pessoas, é contra a Constituição, como tem sido dito por diversos constitucionalistas.

Mota Soares parece querer ficar conhecido como o ministro da caridade, do desemprego e da insegurança social.