EDITORIAL 842

Marcelo garante estabilidade do Governo

Se alguém tinha dúvidas sobre a viabilidade do Governo e alimentava esperanças num possível afastamento do Presidente da República relativamente ao Primeiro-Ministro, que se desengane. Marcelo Rebelo de Sousa, perante a crise governamental determinada pelos casos e casinhos, foi perentório: não demitirá o Primeiro-Ministro nem dissolverá a Assembleia da República.

A estratégia do “tiro ao ministro” promovida pela extrema-direita para desgastar a maioria absoluta e provocar eleições antecipadas pensando numa aliança governamental com o PSD, como ficou bem explícito nas declarações de um dirigente do Chega no final do recente Congresso do Iniciativa Liberal, tem um obstáculo de monta: a maioria da população não está interessada em eleições antecipadas, como o PR já compreendeu, mas está interessada e manifesta-se em vários setores pela defesa dos seus direitos e condições de vida, por aumentos salariais e das pensões que, no mínimo, compensem a inflação galopante.

É nisto que está o paradoxo do momento político atual. Afinal, uns e outros parecem concordar em discordar para que o essencial continue na mesma. Até os casos de alegada corrupção estão a salpicar dirigentes de uns e de outros. A oposição à maioria absoluta parece ter sido transferida do debate sobre as condições de vida da população em geral para os ataques ad hominem que ainda estamos para ver se têm fundamento real. A promessa de garantia de estabilidade feita pelo PR contrasta com a instabilidade das vidas de cada família que cada vez contam com menos rendimento real.

De facto, o essencial está espelhado no anúncio de que Portugal registou o segundo maior excedente nas contas públicas (3,6% do PIB) na União Europeia e a maior subida face ao período anterior (6,4 pontos). Ou seja, as receitas estão a crescer e muito acima em relação às despesas e a tendência é para subirem ainda mais, o que torna incompreensível que se esteja a favorecer a perda real nos salários e pensões e o empobrecimento de largas camadas da população.

Faz lembrar, com as devidas distâncias, os tempos do salazarismo em que o regime propagandeava que os cofres do Banco de Portugal estavam cheios de ouro, mas a maioria da população vivia miseravelmente.

 

A nossa homenagem a António Nazaré Oliveira

Foi com grande tristeza que recebemos a notícia do falecimento de António Nazaré Oliveira, um dos mais antigos e assíduos colaboradores da Gazeta da Beira e uma personalidade de grande cultura e prestígio em São Pedro do Sul e na região de Lafões. Professor e diretor de várias instituições de ensino ao longo da sua vida ativa, o Dr. Nazaré Oliveira tinha uma forma de escrita das suas memórias e da vida social da sua terra que juntava elevado conhecimento histórico, sensibilidade cativante e profunda ligação a este nosso território, expressa nos pormenores que valorizava. As suas crónicas, recheadas de episódios deliciosos, de muito humor e até de alguma ironia, eram sempre muito esperadas, lidas com interesse e comentadas. A região e todos nós perdemos um homem bom, amigo e de notável perfil intelectual. Vamos sentir muito a sua falta. A toda a família enlutada, a Gazeta da Beira apresenta sentidas condolências e inclina-se perante a grande figura que foi o Dr. António Nazaré Oliveira.

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