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Subida da taxa de juro provoca falência de bancos nos EUA e risco de nova crise financeira

O aumento dos juros bancários estava de vento em popa quando o Mundo é confrontado com nova falência de um banco norte-americano, o Silicon Valley Bank (SVB). Com sede na Califórnia, era o 16º maior banco dos EUA até há dias.

Foi a maior falência bancária desde a crise financeira de 2008. A forte subida das taxas de juro está na origem da falência. Os levantamentos efetuados pelos clientes em grande escala deveu-se, em primeiro lugar, à necessidade de liquidez para enfrentar a inflação e o ambiente económico recessivo, mas também ao aumento dos juros que está a desincentivar negócios financeiros e, assim, a afetar atividades bancárias lucrativas. Consequentemente, deu-se a desvalorização da cotação do setor nas bolsas que, no caso do SVB, chegou a cair 60%.

Com o conhecimento público das perdas, os clientes do SVB correram a levantar os seus depósitos e deu-se a falência. Isto aconteceu na passada sexta-feira. Na segunda-feira seguinte, o governo dos EUA anunciou o encerramento também do Signature Bank, por possíveis riscos de contágio sistémico, o chamado efeito dominó de quedas consecutivas de bancos.

Vários especialistas afirmam que esse risco existe, apesar de as autoridades financeiras em todo o Mundo estarem a tentar evitá-lo. Para estancar o contágio aos grandes bancos, a autoridade monetária norte-americana deverá conter o aumento dos juros já esta semana. Também o Banco Central Europeu (BCE) deverá ponderar o pré-anunciado aumento dos juros.

Apesar dos sinais evidenciados pelas famílias com dificuldades em assegurar o pagamento das prestações dos créditos à habitação, assim como das ameaças de recessão, os bancos centrais permaneciam estoicos na sua receita neoliberal de aumentar as taxas de juro.

No entanto, a falência do Silicon Valley Bank fez soar os sinais de alarme. Todos se lembraram da falência do Lehman Brothers que desencadeou a crise financeira mundial de 2008, como há muito não se via. O aumento da taxa de juro estava a ser defendida como remédio contra a inflação, de modo a criar um contexto económico recessivo. É caso para dizer que a cura matou o doente.

16/03/2023


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