Crónica do Olheirão por Mário Pereira

Desconfinando

A política interna, depois de um período de confinamento que trouxe alguma acalmia às ideias, começa a regressar ao seus velhos hábitos.

Mário Centeno, que alguns dizem ter um ego muito grande, o que é uma forma moderna de lhe chamar vaidoso, por muito vaidoso que seja, nunca teria pensado que todos os partidos, que não estão governo, se juntassem para fazer uma lei que só se aplicaria à sua pessoa.

Isto sim, deve ser o cúmulo da vaidade.

Rui Rio gosta de aparecer com ar sério, o problema é que ,como é habitual no seu partido e no PS quando na oposição, vemo-lo propor coisas que não proporia se fosse governo ou que sabe que não cumprirá se um dia ganhar as eleições.

Alguém precisa de lhe explicar que ser sério não é apenas não se rir.

Quanto ao PAN, já começou a ter divisões internas. Ao que parece o partido é ainda demasiado pequeno  para nele caberem duas pessoas com egos de dimensões razoáveis.

Segundo creio, a sigla quer dizer: pessoas, animais e natureza. Contudo, pelo que podemos ver a secção dos animais parece ter tomado o poder.

A última ideia foi a proibição das corridas de cães.    Não percebo porque não incluíram também a proibição das corridas de cavalos. Será porque entre os animais os cães e gatos dominam o comité central do partido ou porque acham melhor não dizer mal de um desporto das classes média e alta.

Suponho que a próxima a proposta seja a proibição das corridas de atletismo, de todos os desportos de combate e já agora também do futebol, em que andam 22 jogadores ou jogadoras andam a correr atrás de uma bola para gáudio de espetadores que os insultam.

O COVID trouxe à discussão o problema da responsabilidade individual pelo bem da comunidade, mas também a questão da responsabilidade moral, quando as coisas correm mal.

Há tempos uma jornalista perguntava à Ministra da Saúde de quem seria a responsabilidade moral pela morte de pessoas se não houvessem ventiladores suficientes nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

A ministra deu uma resposta politicamente correta, mas a verdadeira resposta  seria: todos.

Desde logo todos os políticos, economistas e especialistas de saúde que há mais de 30 anos tentam reduzir o Serviço Nacional de Saúde a um serviço de segunda para pobres e fizeram todos os possíveis para criar negócios privados com a saúde, mas também dos muitos jornalistas e da maioria dos eleitores que apoiou essas medidas.

Uma das formas de lidar com a responsabilidade moral nos tempos do COVID, muito usada pelos serviços públicos, foi fazer normas para os outros cumprirem.

Por razões, que não interessam ao caso, acontece-me ter conhecimento de muitas orientações sobre o COVID que chegam a diversas entidades do setor social, incluindo aos lares de idosos, muitas das quais parecem feitas para limpar as consciências dos responsáveis dos serviços, pois não são  acompanhadas do mínimo de meios necessários ao seu cumprimento.

Contudo, fica sempre bem poder dizer: eu avisei. Se não cumprirem a responsabilidade é vossa.

Agora, que já podemos andar um pouco mais na rua, vamos encontrando cada vez mais carros com as novas matrículas.

Em alguns países que têm combinações de 4 letras com 2 algarismos, não usaram as vogais para evitar combinações embaraçosas, mas em Portugal não foi essa a opção. Um amigo, com ligações aos automóveis, explicou-me que o sistema foi preparado para bloquear as “asneiras”.

São tantas as combinações que não sendo “asneira” ou ofensa podem ter segundos sentidos que um dia destes, certamente, vamos ouvir o Quim Barreiros, que já uma canção sobre a garagem da vizinha, cantar também sobre a matrícula da vizinha.

Junho de 2020

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