Coisas e Gente da minha Terra por Nazaré Oliveira

O Campo da Pedreira e o Futebol (2ª parte)

O Campo da Pedreira e o Futebol

Na minha crónica anterior, falei do futebol de adultos, oficializado, com assistência e claques. E para as idades juvenis? O Campo da Pedreira era também palco de renhidos desafios entre os da Ponte e os da Vila. Os da Ponte estavam sempre em vantagem: tinham o campo ao pé da porta e, desde miúdos, ou chapinhavam no Vouga ou jogavam a bola na Pedreira. O Custódio, jovem de espírito empreendedor, ”fundou” um clube juvenil, Os Leões da Ponte, de que intitulava Presidente. Assim o tratavam os jogadores. E para a rapaziada da minha geração deixou de ser o Custódio de Almeida Rodrigues e passou a ser o “Custódio Presidente”. E a alcunha nunca mais o largou. Infelizmente, já não está entre nós” Na Vila, os irmãos Carvalhas, os gémeos Gastão e Orlando, responderam com a “fundação” de um clube rival, o Vitória Juniores. Também por lá andei, mas eu era fraquito e os meus pais andavam de olho em mim e não me deixavam jogar futebol. Uma vez por outra lá me esgueirava. Mas joguei pouco. Ao fim de uma corrida, estava a bufar. O fole não dava para mais. E adeus futebol! Compreendi que se queria ser alguém tinha de puxar pela cabeça.

Mas voltemos ao futebol dos adultos: pelo Carnaval, era tradição fazer um jogo amigável entre solteiros e casados, excluindo os jogadores da equipa. Alguns, carecas e barrigudos, já não aguentavam o tempo todo. Iam sendo substituídos por outros que queriam fazer o gosto ao pé. A assistência, com predomínio dos familiares, aplaudia e ria com as fintas e falhanços dos serôdios futebolistas. Era Carnaval!

De um desses jogos cedeu-me a fotografia que integra esta crónica o meu amigo José Carlos Duque. Suponho que já não existe nenhum dos figurantes. Na legenda, além do nome, uma breve referência biográfica, para melhor identificação. Foi isto em 1946.

 

No 1º plano: João Pinto (empregado do Centro Comercial Adelino e Silva; casou com a Fifa e imigrou para o Brasil); Arlindo Marques da Silva (industrial ligado à Hidroeléctrica de Drizes); Rocha Dinis (funcionário das Finanças, casou com a Bibi, passou parte da vida em Mira e os últimos tempos nas Termas, participando na gerência do Hotel Vouga); Duarte Bulhão (funcionário das finanças, casou com a Luzinha, filha do Barão da Agulha); Dr. Arnaldo Guimarães (da Ponte, emigrou para o Brasil); João Pinheiro (da Firma Silva e Farrecas); Fernando Liz (Termas ou Vouzela?); Armando Miranda (Mandinho, comerciante na Praça); José F. Almeida (Zeca do Café); José Dionisio Vila Maior (Zé Mónica); José da Rita (motorista de praça).

No 2º plano: Fernando Pereira de Lima (Fernando Cacheta — Várzea); Orlando Lacerda (?); João de Deus Vila Maior (comerciante e músico); Manuel F. Pereira (fiscal do Desemprego, também conhecido por Manuel do Celestino); Abel Rocha (Abel Careca, comerciante); José Maria Pereira ( chefe dos CTT); João Matos Teles (João Grilo); José Dantas Coelho (tinha uma taberna na rua Baronesa de Palme; conhecido por Zeca Coelho); António Barros (Carcereiro); António Pereira de Lima (Toninho Cacheta, árbitro, montado num cavalo de madeira e papelão); Manuel Quintela (comerciante na Rua Direita); José Antunes (Termas); José Coutinho (Fiscal das Estradas, casou com a Fernanda Simões e fixou-se em Leiria); Gastão Carvalhas (liner); António Rebelo (funcionário da C. G. Depósitos); Orlando R. Pinto (Director — funcionário bancário no Porto); António Guimarães (Director- Funcionário Público e Jornalista da Tribuna de Lafões).

29/04/2021


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