Carlos Vieira e Castro

Viseenses não compram cobertura da praça/mercado 2 de maio!

Uma carta-aberta/petição dirigida ao presidente da Câmara Municipal de Viseu, com 41 subscriptores (quase todos arquitectos, alguns de renome nacional e internacional, historiadores, gestores culturais e do património), que deu origem a uma petição pública já assinada por mais de 1.750 pessoas, vem “exigir a revogação da decisão de executar o projecto de alteração/cobertura da Praça/Mercado 2 de Maio” por constituir um “atentado patrimonial e urbanístico”; desrespeitar a autoria dos arquitectos Álvaro Siza e António Madureira, tendo o primeiro enviado, a pedido do anterior autarca, Fernando Ruas, uma proposta de alteração ao projecto original que não chegou a ser executada, exigindo-se também a sua divulgação e discussão pública; não admitir que se gaste 4,3 milhões do erário público num projecto atentatório do património da cidade, que ainda por cima

tinha ficado em 2º lugar no concurso cujo programa pecou por ser “impositivo e determinar, a priori, a solução a adoptar”.

Espero que este movimento cívico faça suspender este atentado contra o património de Viseu, já ferido com o corte de uma das magnólias para ali instalar um carrocel parisiense que merecia ficar mais visível no Rossio, de onde foi trasladado, do que num canto do Mercado, meio encoberto pela copa das árvores.

Em Dezembro de 2015, escrevi um artigo a denunciar o debate público viciado sobre a cobertura do Mercado 2 de Maio, desde logo por ser uma aberração uma cobertura sobre uma praça cheia de magnólias que, se passarem a ser bem cuidadas e regadas,  poderão atingir os 12 metros de altura (daí o projecto agora seleccionado ter elevado a cobertura a 14 metros, fora de escala).

Alguns comerciantes, que atempadamente criticaram os espaços exíguos das lojas, viram-se obrigados a sacrificar a porta virada para a Praça para poderem colocar prateleiras e expositores, ficando apenas com porta aberta para a Rua do Comércio. E isso também não ajudou a dinamizar a Praça.

Siza Vieira (Prémio Pritzker, o equivalente, na arquitectura, ao Prémio Nobel) na ausência de indicações precisas do dono da obra, fez  uma “escultura arquitectónica”. Não há vacas sagradas, diz Almeida Henriques. Mas também não há necessidade de matar a vaca (Património)!

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