Carlos Paiva

20 anos da ACDR

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Fotografia de Delfim dias

A ACDR (Associação Cultural e Desportiva da Rompecilha) está sedeada numa aldeia que, por qualquer padrão global, é bem pequenina. No entanto, as suas gentes e as que dali descendem têm, quiçá por inclinação genética, quiçá por qualquer misteriosa força que emane daquele chão, têm, dizia eu, uma alma imensa, complementada por um coração onde cabem multidões.

E foi, pelos padrões da Rompecilha, uma multidão de gente que ali esteve no passado dia 19 de Abril, a fim de celebrar o 20º aniversário da criação daquela Associação, ocorrida a 17/ 04/ 1995. Houve almoço-convívio, seguido de celebração eucarística, não faltando, por fim, o bolo de anos.

Quanto ao almoço, preparado e servido pelos da terra, compreendeu, como estrela do repasto, o prato “Bacalhau Escondido”, acepipe típico do Restaurante Escondidinho do Charquinho, em Benfica (Lisboa) – casa gerida por ilustres filhos da terra, onde, volta e meia, dou por mim a subir ao sétimo céu gastronómico… Mas isso não é para aqui chamado. Precederam o dito “bacalhau” as entradas – ovos mexidos com chouriço, queijo de cabra e compota, produtos, por sinal, todos eles feitos na região –, seguindo-se-lhes a sobremesa, a qual era composta por doces vários, confeccionados in loco por mãos que me atrevo a dizer serem de fada.

Para além do povo rompecilhense, outros convivas, dali perto, se lhe juntaram, havendo a destacar ainda a presença da Vereadora da Cultura do município, Dr.ª Teresa Sobrinho, a qual, mui gentilmente, acedeu ao convite que lhe fora endereçado para solenizar ainda mais a ocasião, juntamente com a sua assessora, Dr.ª Anabela Martins. De passagem, vieram ainda a estar o Sr. Presidente do edil, Dr. Vítor Figueiredo, assim como o da Junta de Freguesia, José Vasco Martins. A autoridade paroquial, na pessoa do Padre Adelino Ricardo, após celebrar a Eucaristia, prestou-se igualmente ao fraternal convívio (e eu, por mim, suspeito que este sacerdote já tenha uma costela da Rompecilha, ou até mais…).

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Fotografia de Carlos Paiva

Os “parabéns” foram cantados a pulmão cheio, cortando-se então o magistral bolo de aniversário, acolitado, como não podia deixar de ser, pelo fresquíssimo champanhe. Em seguida, houve ainda fôlego e espírito para se cantar o fado, a reboque de acordeão e concertina, pois que o dia ainda nem a meio ia!

E assim, dito o essencial sobre esta efeméride, caber-me-á ainda, enquanto membro directivo da ACDR, exprimir, em nome da mesma, o meu/ nosso mais profundo e grato “bem-hajam” a quantos, por um lado, fizeram questão de estar presentes, assim como àqueles que, estando também presentes, o fizeram colaborando, com o seu trabalho e empenho, de todo o seu coração, para que o sucesso fosse alcançado. Dizer-vos “obrigado” é bem pouco!

Por fim, para remate da notícia, fica ainda o texto lido no término da celebração eucarística – porque convém salientar que a nossa Associação, como qualquer outra, não pode esquecer os que, antes de nós, foram parte fundadora e integrante dela. O seu a seu dono. Até breve, com votos de vida longa à ACDR!

 

20 anos

Não é número que deixe um homem incrédulo,

Mas vinte anos são a quinta parte de um século.

Porém, o que quer que seja humano sempre pecou

Por parecer que ontem, ainda ontem começou…

E, no entanto, vinte longos anos já passaram,

E nós continuando o que outros quiseram e ousaram,

Bem ou mal (não interessa), por entre vitórias e desassossegos,

Até que outros vinte passem, num estalar de dedos…

Mas o que fica em nós, do feito ou a fazer?

O que sobrevive da nossa vontade, do nosso querer?

Seja o que for que permaneça, mesmo além de nós,

Cumpre, nesta hora, aos que agora estamos, dar plena voz

A todos aqueles e aquelas que foram e são a nossa história –

Esses cujos nomes, cujos rostos, gravados na parede da memória,

Continuam hoje a ser parte do que somos e fazemos;

Embora tendo já partido, vivos na lembrança, não os esquecemos.

E assim passarão outros tantos anos, ou mais, ou menos,

E nós, dum ou doutro modo, inevitavelmente, na nossa hora, partiremos.

Queira Deus e a fortuna que sejamos, então, também memória,

E não corpos silentes sob o peso de pedra marmórea…

Que mereçamos o que fizeram por nós os outros

E façamos também, pelos nossos, o nosso quinhão de esforço –

E então seremos Associação, Aldeia, gentes simples mas não banais,

Assim o seremos nós, não só por vinte, mas por muitos anos mais…

Carlos Paiva
Facebook: Amigos de Rompecilha

 

 

Fig. 1- Fotografia de Delfim Dias

 

 

 

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