António Eloy

Sobre o pensamento único

“Repudio a ideia que uma maioria possa ser uma força dirigida para o bem. (…) A massa aniquila sempre a individualidade, a livre iniciativa, a originalidade. (…) As massas que calamidade são as massas. Não quero nada das massas somente homens honestos, somente mulheres realizadas”

“o mais perigoso inimigo da verdade e da justiça é uma maioria compacta, essa maldita maioria compacta”

Emma Goldman

“é evidente que pouca esperança se pode depositar num governo de maiorias; a democracia, propriamente dita, é logicamente descomprometida com esta posição que, historicamente, tem apresentado falhas na sua protecção”

“o nacionalismo (…) é a mais forte e perigosa força que anda actualmente por aí”

Isaiah Berlin

 

1 -Vou adiando as estórias de vitórias ambientais, muitas estão nos livros, os meus podem encontrar-se aqui: https://www.wook.pt/autor/antonio-eloy/20873 , (cerca de metade dos que consagrei às lutas ambientais, ecologistas e pelos direitos civis, ou tão só a situações e problemas no interface economia e ambiente, outros andam por outros lados….).

E vou adiando essas por a situação estar por fios, e embora as aranhas os reconstruam não é certo que tenhamos a capacidades desses interessantes insectos. Passou despercebido, por cá, um acidente nuclear na Ucrânia, ligado à concentração de armas de urânio enriquecido (mais perfurante e também disseminador de elementos radioactivos, responsáveis pelo menos pela morte de um militar português na Bósnia) que levou a evacuações e restrições de deslocação, em meados de Maio. Pois ninguém está interessado porque o discurso único de “mais armas, mais armas, mais” poderia ser posto em causa….

2 – Hoje, como sempre, a guerra, as guerras são o principal factor de destruição humana e ambiental, e é para mim incompreensível a mudança de comportamento de partidos verdes que hoje apoiam a guerra (recordo a saudosa Petra Kelly, em processo de afastamento desses quando foi morta pelo seu parceiro, um general!) e bem assim o silêncio sepulcral dos movimentos e associações ecologistas. A guerra os seus incentivadores estão ligados, sempre o estiveram (ex: Krupp! Entre outros, todas as grandes empresas alemães! fizeram-se com o nazismo Ler este: https://www.actes-sud.fr/catalogue/pochebabel/lordre-du-jour ) aos capitais financeiros e especulativos, que destróiem para depois reconstruirem, vendem as armas e depois vendem o betão, num ciclo perfeito e obviamente são os principais contribuintes para as alterações climáticas. Mas dos grupos ambientalistas de Prudêncio o infeliz silêncio.

3 – Claro que há o risco de a não violência poder ser associada ao imperialismo russo e ser vista como apoio a Putin. Pois tenho que dizer que é o contrário, quem apoia Putin é quem quer continuar a guerra, quem quer mais armas, quer, de facto, uma guerra para sempre, como é a actual, que só o reforça e aniquila toda a oposição (esmagada tanto na Rússia como na Ucrânia). Vejo muitos que eram (ou são!) adeptos das piores, piores facínorias de sempre, o regime soviético, o maoismo, o fascismo, o islamismo, a apontar o dedo a quem sempre se opôs a todas as ditaduras, quem sempre defendeu os direitos todos, apontar o dedo e acusar-nos de “putinistas”, eles os tais.

4 – É uma acusação de quem não tem argumentos e que se vira para os próprios, eles sim apoiantes da estrutura que mantêm os poderes existentes e a continuação da guerra e dos regimes que a equilibram. O crime pela deserção, pela recusa de combater, pela objecção de consciência é também, é mesmo, igual na Rússia e na Ucrânia. Dois dos países mais corruptos do mundo! Onde as oligarquias são donas de todo o aparelho produtivo e encaixam todas as mais valias (e sugiro uma investigação aos dinheirinhos paralelos no ganhócio das armas, das mais armas…)

Ia já lançado para articular os tópicos acima com o nacionalismo, interligado intimamente com isto e as mentiras da história…. mas dada a simpatia de que beneficiei em artigo anterior deixo para próximo.

15/06/2023


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