A violência contra as mulheres é um atentado aos direitos humanos

- Manuela Tavares

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No dia 25 de novembro surgem por todo o mundo iniciativas que procuram sensibilizar as comunidades para o fenómeno da violência contra as mulheres. Este dia foi proclamado pelas Nações Unidas como o dia internacional para a eliminação da violência contra as mulheres.

Também em Portugal surgem por iniciativa de associações de mulheres e de outras associações actividades que alertam para este flagelo que assume proporções preocupantes.

Numa década foram assassinadas cerca de 400 mulheres pelas mãos de maridos, companheiros, ex-companheiros ou namorados.

O Observatório das Mulheres Assassinadas da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) regista todos os anos os nomes, a idade, o local de residência, a forma como dezenas de mulheres são vítimas deste fenómeno que se passou a designar por femicídio.

A luta contra esta situação é um dever de todas e todos nós, mulheres e homens que sentem que esta violência contra as mulheres é um atentado aos direitos humanos.

Este ano, a Secretária de Estado para a Igualdade e Cidadania aposta no desenvolvimento de uma campanha onde o lema é uma comunidade ativa contra a violência doméstica sobre as mulheres e está a ser lançada também uma campanha de proximidade em que associações, autarquias e outras entidades locais desenvolvem nas suas regiões ações de sensibilização.

É um facto que o combate à violência doméstica tem de passar também por todos e todas nós.

O velho ditado “entre marido e mulher não metas a colher” não faz mais sentido!

Não podemos ficar indiferentes quando sabemos de relações violentas nas nossas redes de amigos/as ou nas relações de vizinhança.

Como podemos dormir sossegados quando os gritos de uma mulher ou de crianças ecoam no nosso prédio? Como podemos ficar indiferentes se aquela colega de trabalho aparece com marcas de violência mal disfarçadas na cara?

O prolongamento destas situações de violência, descambam nos homicídios que surgem nos jornais e que depois lamentamos.

Desde 2000 que a violência nas relações de intimidade é um “crime público”, ou seja pode ser denunciado por qualquer cidadão ou cidadã. Se dentro de uma casa se pode assassinar, agredir, infligir maus-tratos físicos ou psicológicos, temos como obrigação agir.

Embora ainda não espalhados por todo o país existem já serviços de apoio a mulheres vítimas de violência. Este fenómeno precisa de ser mais desocultado nas regiões do interior, nas aldeias, onde ainda existe vergonha em expor situações delicadas. As mulheres precisam de se sentir seguras, que se decidirem pedir apoio esse apoio surge mesmo, no momento certo e de uma forma eficaz.

Temos de acreditar que é possível viver sem violência nas famílias.

E a violência não é sempre física! Ela surge de forma subtil apoiando-se em séculos de história onde as mulheres têm sido submetidas a um poder patriarcal que as subalterniza e inferioriza.

Para lutar contra esta cultura de uma masculinidade que anula as capacidades de mais de metade da humanidade que são as mulheres é preciso que estas ganhem consciência da sua força e do seu poder. É preciso que outros homens se aliem neste combate pelos direitos humanos das mulheres.

No distrito de Viseu vão realizar-se, nos dias 25 e 26 de novembro, ações de sensibilização contra a violência sobre as mulheres.

No Fórum de Viseu, no dia 25 de novembro, a partir das 18h a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) em parceria com outras associações e autarquias locais promove a exibição da peça de teatro “Sem medo, Maria” de Fernanda de Freitas pelo grupo de Teatro “Molho de Grelos”. No dia seguinte, sábado 26, no Mercado Tradicional de S.Pedro do Sul, vai atuar o mesmo grupo de teatro e será feita uma instalação artística de sensibilização sobre as mulheres vítimas de femicído no distrito de Viseu. Esta iniciativa é promovida pela Associação Fragas Aveloso em colaboração com a Câmara Municipal de S. Pedro do Sul.

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