Victor Leal

Presidente do Conselho de Administração da Termalistur (Termas de S. Pedro do Sul)

“Eu costumo dizer que não sou Presidente do Conselho de Administração, eu estou como Presidente do Conselho de Administração da Termalistur. Com isto explico um pouco a minha forma de estar nas coisas: com empenho, dedicação absoluta, espírito de missão, máximo respeito por todos, procurando sempre a justiça possível e um total desapego às funções exercidas.”

• Paula Jorge

Ficha Biográfica

Nome: Victor Jorge Paiva Leal

Idade: 49

Profissão: Jurista e Gestor

Livro preferido: Uma Terra Prometida – Barack Obama (… se calhar por ter sido o último…)

Destino de sonho: Itália

Personalidade que admira: Jorge Sampaio

 

Muito obrigada, Victor Leal, por mostrar disponibilidade para esta entrevista da rubrica “Gente Que Ousa Fazer”.

Paula Jorge (PJ): Comecemos pelo princípio.

Pode descrever o seu percurso académico e o profissional?

Victor Leal (VL) – Concluí o 12º ano na Escola Secundária de S. Pedro do Sul e depois fui um ano emigrante na Suíça, percurso de que me orgulho imenso e me fez crescer muito, regressei a Portugal e ingressei na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Fui sempre fazendo o percurso académico com diversas atividades profissionais. de modo a ter recursos financeiros para os estudos – empregado de balcão de farmácia; funcionário administrativo da Câmara Municipal e mais tarde elemento do Gabinete de Apoio do Presidente da Câmara e dos Vereadores. Em 2004 passo a exercer as funções de Administrador executivo da Termalistur até janeiro de 2011. E em novembro de 2013 passo a exercer as funções de Presidente do Conselho de Administração da Termalistur até `a data. Entretanto regressei à Faculdade de Direito de Coimbra para ingressar no Mestrado em Administração Pública Empresarial.

 

PJ – Fale-nos da experiência de ser Presidente do Conselho de Administração da Termalistur.

VL – É uma experiência extremamente enriquecedora. Como referi, eu já tinha tido uma experiência de Administrador das Termas de S. Pedro do Sul, que me permitiu conhecer profundamente a atividade e todo o setor. Porventura, foram os anos mais enriquecedores da minha vida e que me permitiram crescer muito enquanto profissional e enquanto homem. Às centenas de trabalhadores das Termas de S. Pedro do Sul com quem trabalhei, devo certamente isto mesmo, sem eles nunca tínhamos alcançado o que alcançamos. Eu costumo dizer que não sou Presidente do Conselho de Administração, eu estou como Presidente de Conselho de Administração da Termalistur. E com isto explico um pouco a minha forma de estar nas coisas: com empenho, dedicação absoluta, às vezes mesmo extrema, espírito de missão, máximo respeito por todos, procurando sempre a justiça possível, e um total desapego às funções exercidas, que são em determinado momento exercidas por nós, mas nunca são nossas!

 

PJ – Quais são as principais valências das Termas de São Pedro do Sul?

VL –– As Termas de S. Pedro do Sul são um caso exemplar a nível nacional e mesmo europeu na panóplia de serviços e valências que oferecem aos nossos clientes. Vocacionadas para duas grandes patologias: as músculo-esqueléticas e as do foro respiratório, oferecem uma carteira de serviços que vai desde os tradicionais tratamentos termais terapêuticos, até aos tratamentos de promoção e prevenção da saúde, ao bem-estar-termal e também tratamentos da área de reabilitação e fisioterapia, aliando aqui as técnicas de MFR com a água termal, com resultados sobejamente reconhecidos.

PJ – Fale-nos da remodelação do Balneário Rainha D. Amélia que irá nascer em breve.

VL –– O projeto que apresentamos recentemente é em nossa opinião extremamente inovador e coloca as Termas de S. Pedro do Sul no Top europeu de destinos termais. É um projecto que alia a água termal e os tratamentos termais à Dermocosmética, daí o nome Rainha D. Amélia Balneário & Instituto Aqva. Terá as valências terapêutica, mas acima de tudo a parte de bem-estar termal num conceito de prevenção e promoção da saúde. O projeto prevê a remodelação total do espaço existente, adaptando-o a este conceito, pois sabemos que está totalmente desatualizado 20 anos depois das últimas obras, e comtempla a construção de piscinas exteriores e toda a requalificação do espaço exterior e envolvente do balneário, conferindo-lhe uma identidade e marca sublime. Estamos crentes que este será o projeto marcante e totalmente diferenciador do nosso destino.

 

PJ – Explique-nos o que significa ter o selo “Clean & Safe” como é o caso das Termas de São Pedro do Sul.

VL –– Com o surgimento da pandemia, os clientes colocaram no centro do seu pensamento e no momento de fazer as suas opções a segurança e todos os protocolos de higiene e limpeza, que lhes permita viajar, fazer férias ou saúde na máxima segurança. Daí a necessidade de nós adaptarmos os protocolos que possuíamos, já de si muito exigentes, pois não esquecer que somos estabelecimentos de saúde, às novas exigências e desafios da COVID-19. Então o selo Clean & Safe, que o Turismo de Portugal desenvolveu em parceria com a Associação das Termas de Portugal, insere-se nesta filosofia de dar a máxima segurança ao cliente. As Termas de S. Pedro do Sul estando sempre na vanguarda foram desde logo um dos primeiros estabelecimentos a obter este selo, que como disse confere segurança aos nossos clientes e é um forte meio de comunicação.

 

PJ – A dermocosmética é uma aposta ganha nas Termas de São Pedro do Sul?

VL – Sem dúvida! Convém recordar que este processo foi iniciado por mim em 2007 e, portanto, foi preciso um longo caminho de trabalho, investigação e desenvolvimento para conseguirmos alcançar esta linha dermocosmética. Isto porque tudo foi concebido e realizado com a máxima segurança e trabalhando sempre com a ciência (leia-se Universidades) ao nosso lado.

Hoje temos de duas linhas com cerca de 10 referências e iremos lançar durante este ano mais 4 a 6 referências. A dermocosmética em termos de volume de negócios hoje já representa mais de 200 mil euros para a Termalistur. E lançamo-nos num outro projecto de desenvolvimento de outra linha, esta na área dermatológica de tratamento da dermatite atópica. Projeto extremamente inovador e importante para a credibilização da marca e do próprio destino, e que esperamos em 2023 ter os primeiros produtos nesta área. O futuro sem dúvida passará muito por aqui, criando valor em novas ofertas, englobando a dermocosmética e alargando a sua distribuição.

 

PJ – A parte cultural/animação a par com a saúde e bem-estar é muito importante. Quais são as principais preocupações na dinamização desta área?

VL – Um destino termal cada vez é menos visto e entendido como um balneário termal. Além do público, ainda maioritário, que vem fazer tratamentos terapêuticos, há um novo público, cada vez mais jovem e urbano, que procura os destinos termais por meras questões de prevenção e/ ou promoção da saúde ou mesmo por puro turismo e lazer. Para tal é importante termos uma oferta integrada. Oferta que comporta as atividades outdoor (ginástica, caminhadas, etc.), a nutrição/ gastronomia, cultura e animação. A perspetiva é cada vez mais uma perspetiva global, integradora e holística dos destinos. Temos procurado dinamizar ao máximo estes conceitos aqui nas Termas de S. Pedro do Sul e a animação cultural é fundamental neste caminho. Infelizmente pelas condições pandémicas este caminho foi interrompido, mas logo que as condições o permitam iremos retomar esta aposta que em muito nos diferencia de outros destinos.

 

PJ – Como viveram/impacto e continuam a viver com a epidemia covid-19?

VL –– Os impactos da pandemia no sector foram avassaladores, as Termas Portuguesas em 2020 perderam cerca de 70% dos seus clientes e faturação. Fomos um dos sectores mais atingidos pelos efeitos da COVID-19. Depois houve impactos enormes ao nível do funcionamento interno, das condições de prestação do serviço, de organização do trabalho… Mas, felizmente, gradualmente estamos a recuperar clientes, sentimos um regresso às termas em crescendo, em virtude do abrandamento da pandemia, da vacinação, das condições de segurança que os clientes encontram nos balneários e acima de tudo na vontade de fazer termas, pois consideram que é de extrema importância para a sua saúde. E com isto também nos permite voltar a contratar mais colaboradores e voltar a reunir as equipas que fazem dos balneários aquilo que eles são.

 

PJ – Quer partilhar connosco outro projeto em que esteja envolvido e ainda não tenhamos falado?

VL –– Um projeto em que estamos todos muito envolvidos, Termalistur, Município de S. Pedro do Sul e outros parceiros, é a criação do Instituto do Termalismo. Acreditamos que tal irá alavancar em definitivo o termalismo a nível nacional. Será uma aposta muito forte na formação e qualificação de profissionais na área do termalismo, saúde e bem-estar e turismo. Iremos procurar reafirmar a centralidade de S. Pedro do Sul neste tema e lançar as bases de um ensino de extrema qualidade e superior em S. Pedro do Sul. Temos vindo a firmar protocolos de entendimento e bases de trabalhos muito sólidas com diversas Escolas, Institutos e Universidades, querendo que este Pólo seja também aqui inovador e revolucionário na agregação de escolas, de saberes e conhecimento e partilha. Estou certo que será um dos grandes projetos estruturantes para o futuro de S. Pedro do Sul. Depois, além deste, há sempre os projetos ligados à IPSS (Centro Social de Vila Maior) de que sou dirigente, a Associação das Termas de Portugal que presido, ao Provere Termas Centro.

 

PJ – Para além das suas ocupações profissionais, que outras paixões nutre, que o completam enquanto pessoa?

VL –– Estar e conviver com os amigos, pilar fundamental a par da família, e viajar. As viagens fazem de nós homens melhores.

 

PJ – Apenas numa palavra, pode descrever-se?

VL – Dizem-me workaholic, considero-me talvez apenas dedicado e procurando sempre um grau máximo de justiça nas minhas ações, sendo que a justiça plena nunca é alcançável.

 

PJ – Para fechar esta entrevista, o que me diz o seu coração?

VL – Que com estes projetos para finalizar estou com a mesma força e empenho de quando entrei pela primeira vez no balneário e que me sinto totalmente em paz.

 

PJ – Quero, em meu nome pessoal e em nome da Gazeta da Beira, dizer-lhe que foi uma enorme honra, Victor Leal. Desejo-lhe a continuação de um excelente trabalho e MUITO OBRIGADA! Peço-lhe que deixe uma mensagem breve a todos os nossos leitores.

VL – Procurarmos todos, todos os dias, a amizade, a fraternidade e o respeito por todos, juntos a construir um futuro melhor.


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