Francisco Queirós

Brexit: sair e quanto mais cedo melhor! (I)

“Parece-me que as notícias sobre a minha morte são manifestamente exageradas”, Mark Twain

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Por esta altura já o Reino Unido deveria estar em colapso, a Escócia prestes a separar-se de Londres, a economia em ruínas, a monarquia abolida e os 4 cavaleiros do apocalipse a passear pelas ruas da City. Isto, claro, segundo a campanha negra dos europeístas radicais. No mundo real, não só o Brexit está quase a acontecer sem grandes percalços, como agora várias agências financeiras dizem que a versão “saída imediata” sem negociações não será uma má opção para Theresa May.

O Reino Unido está de saída da União Europeia, e os federalistas europeus estão decididos a tentar travar o processo, ou pelo menos a torná-lo o mais difícil possível para os britânicos. Subiu de tom, como seria previsível, o chorrilho de ameaças e previsões catastróficas para o Reino Unido.

Nada a que os ingleses não estejam habituados. Antes mesmo do referendo, os ditos “especialistas” avisavam que a economia do país iria entrar em colapso assim que se votasse a favor da saída da UE. O voto aconteceu, o Verão passou e o desemprego no Reino Unido continua baixo, o mercado imobiliário continua forte, e o consumo aumentou. Tudo em contraciclo com a estagnação total que se vive na União Europeia, onde o desemprego continua elevadíssimo, especialmente entre os jovens, e o consumo em queda. As taxas de juro da dívida do Reino Unido continuam controladas, e o deficit foi reduzido em seis mil milhões de euros.

Para todos os efeitos, o Reino de Isabel II é um dos países mais prósperos e economicamente dinâmicos da Europa. A OCDE, cujo secretário-geral fez algumas previsões catastróficas sobre os impactos do Brexit, já veio a público admitir que não tinha acertado devido às acções rápidas e inesperadas do Banco de Inglaterra. Um comentário que acaba também por ser mais uma “bofetada sem mão” na União Europeia, pois cimenta a ideia de que o controlo da sua própria moeda permitiu ao Reino Unido manter a prosperidade.

Uma Estabilidade tão incómoda para os “façanhudos” Federalistas!

Na frente política, não só o Partido Conservador conseguiu eleger velozmente uma sucessora para o primeiro-ministro David Cameron, como derrotou de tal forma a oposição que o semanário ‘The Economist’ considera que a Grã-Bretanha vai ter essencialmente um “regime de partido único” nos próximos anos.

Com efeito, o Partido Trabalhista, principal formação oposicionista, vive em clima de guerra civil depois de o seu actual líder, Jeremy Corbyn, ter dado alento às correntes trabalhistas marxistas mais radicais, cuja posição face à UE é semelhante à do PC portugues. O maior partido britânico abertamente pró-UE, o Liberal Democrata, é geralmente aplaudido com fanfarra no Parlamento Europeu, mas conta com um total de 8 deputados em 650 na Câmara dos Comuns, sendo efectivamente o PAN em versão inglesa. Segundo as sondagens, se Theresa May convocasse eleições, conquistaria uma maioria absoluta ainda mais expressiva, quase dois terços do parlamento.

Já na “província” descontente da Escócia, que recebeu tanta atenção da imprensa (adivinhe-se porquê: afinal o desmembramento do RU parece ser um desígnio da cobardia Europeia para quem os Britânicos só são bem-vindos quando chamados a derramar o seu sangue para estancar as Guerras que a Europa, em especial a Alemanha inventam!), a opinião pública virou bruscamente contra a saída da União britânica. Segundo as novas sondagens, a maioria absoluta dos escoceses deseja permanecer no Reino Unido e nem quer ouvir falar em novo referendo! Talvez tenham ganho juízo… e algum bom senso: afinal, entre outros, há 56.000 funcionários públicos na Escócia que são pagos por Westminster. Calculem agora o número de postos de trabalho indirectos que os “colonialistas Ingleses” não garantem aos “colonos” Escoceses…

Contínua na próxima edição da GB.

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